Capítulo 11

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- Ei, acorda! – O garoto resmungou abrindo os olhos.

- Lola?

- A única. – Ela deu um sorrisinho – Você está péssimo! – Ela continuou fazendo cara de nojo.

- Eu sei. – Ele apertou os olhos quando a claridade invadiu seus olhos. – Como que você me achou?

- Não é todo dia que você vem para Ipswich em pelo outono e encontra alguém dormindo. – O tom de brincadeira era notável na voz de Lola quando ela se juntou com ele no píer balançando as penas no ar, já que era alguns bons centímetros menor que ele.

- É...

- Está tudo bem? – Ela questionou o olhando preocupada.

- Tudo, você sempre vem aqui?

- Foi clichê essa pergunta – O sorriso da garota foi contagiante tirando Erick de seus pensamentos perdidos. -, mas respondendo, venho. E você?

- É um dos melhores lugares para pensar.

- Eu também gosto, aqui meus pensamentos fluem e na maioria das vezes eu me ouço. – Seu olhar ficou perdido na imensidão do mar. – Sabe, aqui foi um dos primeiros lugares que vim, quando me mudei para Boston.

- Aqui é incrível.

- É sim!

- Obrigado...

- Pelo o quê? – Lola perguntou sem entender

- Não sei, você... caramba. – O som do mar havia cessado, tudo estava em câmera lenta quando seus lábios se tocaram, Erick beijou suavemente os lábios de Lola fazendo-a levar a mão ao rosto do garoto tocando-lhe, explorando docemente com os dedos, ele inclinou-se aprofundando o beijo doce e terno, e ela retribuiu sentindo o vento soprar frio trazendo arrepios nunca sentidos. – Desculpa.

- Não... – Ela balançou a cabeça. – Obrigada, Erick.

- Eu tenho que ir, é... tchau.

- Tudo bem, tchau.

Ela ainda com o gosto do beijo, ficou parada olhando as fracas ondas se quebrarem no imenso mar com um sorriso estampado em seu rosto.

- Posso me sentar aqui? – O rapaz quebrou o silêncio sentando ao lado de Lola.

- Você já sentou. – Sua resposta foi seca e fria quando ela viu quem estava lá.

- Ei calma. Só vim te avisar, o chefe quer que você ande logo.

- Josh, Josh, o cavalinho mandado. – Ela disse com a voz calma. – Lola, o chefe mandou fazer isso, Lola, anda logo, Lola faz isso, Lola faz aquilo. – Ela afinou a voz. – Você não cansa não?

- Só faço meu trabalho.

- Só faço meu trabalho. – Imitando-o ela afinou a voz novamente.

- Você sabe o que fazer. – Josh disse levantando do lugar e saindo.

- Ótimo garoto.

- Você está com seu carro?

- Não, vim voando.

- Tchau Lola.

Lola fez tchau com mão e deixou Josh ir embora, seus pensamentos pela primeira vez em décadas estava conturbado, ordem com certeza não existia como antes.

Ipswich não seria a mesma a partir daquele dia, as ondas e o mar estavam de prova que nada depois disso seria igual. Por mais que ela lutasse em não deixar ninguém saber das suas fraquezas, as barreiras que ela levantou a anos foi derrubada e nada a partir daquele dia seria igual, nunca mais.

Ela saiu do píer deixando o local, antes de entrar em seu carro preto ela deu uma última olhada por cima do ombro, então entrou deixando as lembranças para trás.

...

Ela fez toda a viagem até sua casa em silêncio, mas foi quebrado quando o som do portão foi ouvido quando ela se aproximou do local, ela desceu do carro entregando a chave para o homem que estava formalmente parado na porta. Ao entrar em sua casa ela era observada por todos os olhos que estavam lá.

- Senhora Wright, seu pai está no seu escritório. – Uma mulher que aparentava ter meia idade avisou sobre sua visita.

Lola subiu as escadas até seu escritório, a porta já se encontrava entreaberta, só precisou ser empurrada para mostrar o interior do cômodo. As janelas iam do teto ao chão como de toda a casa, dando vista para o pequeno lago, tudo era em cores escuras, as paredes pintadas de cinza davam um ar sério ao local, os móveis eram todos em cor mogno. Em sua mesa havia uma poltrona de couro confortável e em frete outras duas pequenas poltronas se encontravam junto com o restante.

- Eu não sabia que você é meu pai. – Soou mais com uma pergunta do que uma fala qualquer, o homem que estava parado em frente as grandes janelas se virou observando Lola com um olhar que estava encostada na porta.

- E você está atrasada. – Ele disse em tom ríspido e frio.

- Vamos aos fatos. Você não é meu pai e eu chego na hora que eu quiser na minha casa.

- Sua educação ficou onde?

- Ah é, ela não quis sair da cama hoje. – Seu deboche estava na cara.

- Você querendo ou não eu sou seu pai.

- Não, você é apenas o pai do Robert, e afinal o que você veio fazer aqui?

- Vim resolver os problemas que vocês andam causando na cidade. Lola se for você que está matando por diversão, eu não vou pensar duas vezes em te tirar daqui por diversão. Eu não vou tolerar isso.

- Não tolere. Se você veio para me dar lição de moral, pode sair. Estou farta disso.

- Lola.

- CHEGA. Vai ser sempre assim? Você não me criou, apenas ficou com dó da morte e a livrou do trabalho chato, então pare de se gabar, você não fez nada pensando em mim, apenas em seus caprichos. SAÍ

- Eu só vim te alertar.

- Não, você não veio. Por favor saí.

- Eu vou sair, saiba que seu arrependimento vai doer, e muito. Até filha.

Do inferno ao ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora