Capítulo V

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   O Senhor odeia os lábios mentirosos, mas se deleita com os que falam a verdade. Provérbios 12:22.

Gerard estava em pânico por dentro, sabia o que tinha que responder mas não tinha idéia do conceito de ciúmes, afinal nunca sentira antes. Travou assim que o outro sorriu, não sabia o que fazer e então se afastou:

— Vou arrumar algumas coisas, desculpe, Frank. — Não podia mentir e dizer que não sentiu ciúmes, não estava entendendo aquele sentimento.

Seguiu às pressas para seu quarto e entrou, deu dois passos e escutou a porta atrás de si abrir e virou-se. Frank entrou em seguida e parecia estar decidido à obter uma resposta, Gerard observou estático, o que deveria fazer?

— Não respondeu minha pergunta.

— Frank, eu não sou obrigado a responder aquilo. — Disse se virando e indo procurar algo em sua gaveta.

— É tão difícil admitir?

— Para, Frank. — Pediu procurando algo inexistente.

— Olha, eu sei admitir as coisas, eu sinto vontade de te beijar também, mas esse lance de paróquia não colabora. — Disse Frank diretamente.

— Por favor, Frank...

— Não é só te beijar, Gee, eu quero fazer tantas coisas, quero que sinta o mesmo que eu e...

— Para! — Gritou desistindo da gaveta e sentando na cama com as mãos no rosto. — Por favor. — Sussurrou.

Gerard chorou em silêncio, não aguentava mais aquela pressão, talvez fosse um mero pecador e não herdaria o reino dos céus, o que mais podia fazer?

Frank suspirou indo até Gerard e sentando-se ao seu lado. Encostou em seus cabelos enquanto tentava enxergar seu rosto:

— Desculpa, Gerard. Eu não queria te deixar nessa posição. — Disse e o acólito afastou sua mão.

— Você queria, Frank. — Limpou as lágrimas. — Eu preciso ficar sozinho, pode me dar licença?

Frank queria rebater mas nem de longe seria útil, só faria o outro chorar mais e isso não era o que ele queria. Se levantou e saiu, seguiu para seu próprio quarto, chutou sua bolsa assim que chegou ali. Iero estava mais perdido que cego em tiroteio em relação aos seus sentimentos, o que sentia ao certo pelo acólito? Pensamentos martelavam a sua cabeça e ele queria beber até cair, pensou se daria certo a próxima tentativa para o mundo dos mortos.

Frank precisava de algo para se manter no mundo, ele queria isso, queria ajuda. Um momento ele sorria, no outro escrevia uma carta de despedida. Sentou na cama querendo estar nos braços de seus pais, queria voltar a ser uma criança dependente deles, Frank se deixou ser fraco já que estava sozinho.

De uma lágrima para diversas outras, o que ele estava fazendo da vida dele? Estava sóbrio e isso o-matava, sentia seu corpo pedir por heroína, cocaína, maconha ou qualquer outra coisa que mantesse sua mente longe. Era tarde, abstinência.

Levou os olhos para todo canto do quarto à procura de uma distração e encontrou algo, a bíblia que Gerard havia dado-lhe. Levantou-se e então pegou ela, suspirou e fechou os olhos.

Iria ler, poderia demorar, mas pelo menos terminaria um livro em sua vida.

◇◇◇

Mais uma catequese, dessa vez o acólito pôde ajudar a professora com as crianças. Gerard mantia longe o pensamento em Frank, apenas fazia seu trabalho sorrindo alegre.

Ao finalizar, a orientadora avisou sobre uma pequena festa que a igreja daria na última sexta-feira do próximo mês. Respectivo aniversário de Santa Catarina de Sena, haveria uma comemoração ao nascimenta da Santa.

Sanctificetur || FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora