Capítulo VI

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  Era manhã de domingo e a missa estava prestes a começar, o acólito que deveria estar arrumado, estava levantando da cama com certa dificuldade por conta da dor de cabeça proporcionada pela bebida. Fez sua higiene matinal e tomou um rápido banho, saiu do banheiro e arrumou-se com sua túnica de costume. O acólito saiu de seu quarto e apressou o passo, pois os coroinhas já estavam em suas posições. Gerard pensava o quanto foi descuidado, deve ter bebido muito na noite passada e não se lembra de como foi parar em casa, sentia-se corroído e infiel ao senhor por sua "noitada".

Chegou então próximo ao grupo e se alinhou, o padre chegou no mesmo instante, ajoelharam-se para genuflectir e levantaram já caminhando para o altar da igreja. Way estava uma pilha de nervos, principalmente quando colocou os olhos em Frank que estava ali firme e forte dentre os bancos, não estava com a aparência ruim como a sua.

Chegou ao altar e junto ao padre, fez a genuflexão e reverência com a cabeça. Gerard fazia como todo santo domingo, mas dessa vez sentia algo diferente, era como se tivesse mudado desde a última missa de domingo.

Frank se manteve atento à Gerard, pensava na noite passada e imaginou que o outro estaria com muita raiva dele, afinal, fez algo muito grave contra sua religião. Não queria pensar naquilo, iria se desculpar com Gerard assim que aquela missa terminasse.

Gerard tentava prestar atenção na respectiva saudação de sempre, logo o ato penitencial, onde louvaria e se arrependeria por todos os seus pecados. Estava cantando de frente para todos aqueles devotos e ficou imaginando, será que conheciam tão bem o pecado quanto ele? Sentia-se impuro apenas por saber de coisas que não deveria saber, os devotos também eram como ele?

Levou os olhos para Frank e o outro já estava com os olhos atentos para o acólito, Frank não cantava como os outros, apenas o encarava sério. A presença do menor era um tanto intimidadora as vezes, Gerard não queria enfrentar aquilo, desviou o olhar e prosseguiu com a missa. Depois do hino de Louvor, liturgia, canto de aclamação, homilia e todo o resto, o padre finalizou a missa e as pessoas começaram à sair. Queria falar com o padre mas havia muitas outras pessoas querendo falar com o mesmo, ficou ali parado esperando e sentiu alguém tocar seu ombro, o assustando:

— Gee? — Frank chamou ao encostar no outro. — Desculpa, você tá bem?

— Ah, Frank... Estou bem, obrigado por se preocupar. — Sorriu ameno. — E você?

— Eu também tô bem. — Estava feliz que o outro não estava bravo. — O padre não me disse o que fazer por hoje, preciso falar com ele. — Sorriu.

— Precisa? — Perguntou e então achou melhor deixar para falar com Peter pela tarde. — Eu devo buscar algumas coisas para o padre hoje, nos vemos mais tarde. — Saiu apressado, não podia ficar mais tempo perto do outro.

Frank não entendeu o motivo do outro sair tão depressa, mas estava feliz por não ser odiado pelo acólito.

◇◇◇

Gerard havia esquecido-se da parte mais importante, o que havia acontecido depois que bebeu aquelas margaritas? Jesus era misericordioso, mas Way tinha feito algo muito ruim, estava se sentindo mal em relação à Igreja.

Ajudava a madre na cozinha, enquanto ela preparava os ingredientes, pensava em como iria se confessar já que o padre era praticamente seu pai.

Após ajudar a mulher, seguiu para o confessionário. Estava planejando treinar ou algo do tipo, mas para seu azar, o padre já estava do outro lado. Lembrou-se então que não havia conferido o horário e deve ter chegado bem na hora das confissões, realizou o sinal da cruz em seu corpo, limpou a garganta e suspirou levemente:

Sanctificetur || FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora