Capítulo VII

150 20 32
                                    

   Assim que Frank chegou à igreja, encontrou o padre e aproveitou para falar com ele e despedir-se corretamente. Acenou de longe e o padre fez o mesmo, ao se aproximar, cumprimentou Peter:

— Frank, que surpresa é ter você. — Disse o padre sorridente.

— Obrigado, eu vim aqui pra te agradecer por isso tudo. Vocês foram minha família por um tempo e eu vou sentir saudades. — Levou as mãos aos bolsos.

— Nós também sentiremos saudades, garoto. Mas então vai nos abandonar? Nem ao menos nos visitar? — Riu.

— Claro que virei, tenho muito à agradecer ao... nosso pai. — Frank estava entrando em ação. — Graças aos nosso Deus, eu aprendi muita coisa aqui.

— Isso é ótimo, eu estou orgulhoso de Gerard por ter te ajudado com as coisas.

— Ah, sim, onde ele está? — Lembrou que teria de se desculpar pela noite passada.

— Acho que está na igreja.

— Obrigado. — Assentiu agradecendo e foi à procura do acólito.

Sentia algo em seu peito que nunca havia sentido antes, gostou de muitas pessoas, mas nenhuma como Gerard. O mais novo era o seu objetivo, e passaria por cima do catolicismo se precisasse, afinal, a única parte que ele gostava era o pecado e o vinho. Não era apenas por si mesmo, pois sabia que era minimamente recíproco.

Ao entrar na igreja discretamente, parou franzindo o cenho. Gerard estava da mesma cor que papel sulfite, tinha a expressão assustada e estava travado como uma estátua, à sua frente um homem que usava uma batina preta com detalhes rosa. Ele estava com o rosto próximo ao pescoço de Gerard e dizia algo inaudível por conta da distância, Frank então tratou de apressar o passo e chamar atenção:

— Hey, Gerard, estava te procurando. — Disse chegando perto e Gerard quase que correu para o abraçar.

De início, Frank se assustou, mas ao sentir seu ombro molhar por conta das lágrimas e o sentir seu coração quase explodir próximo ao seu, viu que o acólito estava com medo, por causa daquele homem.

— Frankie... — Sussurrou enquanto limpava discretamente as lágrimas que acabara de caírem.

— E quem é você, jovem? — Perguntou Rafael, foi direto e sem vergonha alguma.

— Frank, e você? — Olhou a roupa do outro enquanto Gerard desfazia o abraço. — Uma torre? — Lembrou do jogo de xadrez.

— Bispo. — Respondeu direto e sério. — Depois conversamos, Gerard. Até mais, garotos.

O bispo saiu e Gerard sentiu então seu corpo mais leve, conseguia respirar tranquilamente e a presença de Iero o deixava mais seguro de todo jeito. Já havia o perdoado mentalmente pela noite passada, ainda porque se sentia culpado.

— O que foi isso? — Frank perguntou sério e baixo o suficiente para o bispo não escutar.

— Isso o quê? Não foi nada. — Tentou enganar o outro.

— Você não mente pra mim. — Cruzou os braços. — Ele te fez alguma coisa? Pode me dizer e eu coloco ele na linha.

— Não, ele não fez nada... Eu que tenho a imaginação fértil. — Disse tentando fingir um sorriso.

— É? — Teve uma idéia. — Certo, então eu já vou indo pra casa. — Deu as costas.

Gerard então lembrou que o quarto onde o Bispo estaria, era o mesmo que Frank ficava e era bem próximo ao seu. Entrou em desespero:

— N-não vai! — Puxou o braço do outro. — Por que não dorme aqui hoje? E-eu juro nunca mais fazer aquilo, me desculpa, por favor. — Frank olhou seus olhos e sorriu internamente, conseguiu o que queria.

Sanctificetur || FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora