Agosto, 1994 Apenas olhe para frente

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As aulas recomeçaram. Tudo recomeçaria, e em poucos meses terminaria mais um ano no colégio.

Sophia estava animada e feliz por reencontrar seus amigos. Mas, o sol se escondeu quando ela viu que Matt estava na fila da turma da 7ªA. Seu coração se entristeceu e ela não entendia o que estava sentindo.

No seu olhar, a tristeza começou a gritar. Evy e Ingred perceberam, mas não sabiam o que fazer. De longe, na fila da 7ªA, elas apenas observavam a tristeza da amiga. Na fila dos garotos, Matt olhava para frente para Irmã Rosa Maria que estava no alto da escada. Em seu coração, ele desejava explicar à Sophia o porquê de tudo, ele desejava estar na fila ao lado, perto dela.

Thaise ficou preocupada com a amiga. Pessoas como Sophia não sabem esconder o que sentem. São tão transparentes que não precisam chorar para mostrar que estão tristes.

A primeira aula seria com Irmã Magnólia e ela falaria sobre perdão. E assim foi. Naquele dia, Sophia precisara aprender muito sobre perdão.

As turmas foram chamadas, e Sophia viu Mathieu subir as escadas. Em seguida, a turma da 7ªB foi chamada, e ao chegar ao corredor, viu, através do vidro na porta, Matt sentado na última cadeira da segunda fileira, pegando os cadernos na mochila.

Sophia entrou na sala de aula, e sentiu um vazio. Sam entrou pela porta e sentou no lugar dele.

No decorrer da aula, apesar de toda a concentração e de todo empenho, a tristeza não saía do olhar de Sophia. Irmã Magnólia percebeu que ela estava diferente, percebeu que a tristeza em seu olhar persistia. A freira a chamou; e em passos tímidos e constantes, ela foi até a mesa.

— Tudo bem Sophia? Você está com dificuldades para escrever sobre o tema? — a freira desconfiava do motivo, e tinha apenas uma certeza: o Sr. Vasseur estava envolvido.

Todos na sala estavam curiosos. Os boatos de Laura pareciam fazer sentido, ou qual seria o motivo para Matt ser transferido para outra turma?

— Um pouco, Irmã Magnólia... — a timidez e o constrangimento de ser chamada a frente estavam incomodando a moça.

— Posso ajudá-la indicando alguns textos de apoio para que você consiga escrever. Vamos fazer assim: Você me encontra depois do almoço, lá na sala da Conselheira e eu entrego para você os textos. Tudo bem? — a freira precisava ter uma conversa particular com a moça e encontrou um jeito.

Vendo que a turma estava atenta à conversa, Irmã Magnólia se dirigiu a todos na Sala:

— Mais alguém quer leitura suplementar para ajudar na produção da redação? Tenho muitos, muitos textos para entregar. Alguém estaria interessado?

Todos disseram que estava tudo bem e que não precisavam dos textos. Era o primeiro dia de aula, depois das férias, quem iria querer mais leitura? O semestre estava só começando.

Sophia voltou para sua cadeira e não sabia qual a verdadeira intenção da Irmã Magnólia.

Thaise sentia que precisava conversar com Sophia e pensava como poderia fazer isso.

Sophia saiu para ir ao banheiro. Thaise esperou alguns minutos e pediu permissão à Irmã Magnólia para ir até o bebedouro porque estava com "muita sede", e a freira permitiu.

Thaise foi até o bebedouro e, em seguida, foi ao banheiro das meninas. Encontrou Sophia molhando o rosto, de frente para um grande espelho; o banheiro estava vazio, mas a qualquer momento alguém poderia entrar.

— Sophia, você está bem? Você estava chorando? — Thaise estava realmente preocupada.

— Não sei. Tem algo estranho... — a menina lutava consigo e com os próprios sentimentos.

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