Trapaça

Capítulo 2 - De dia é anjo, de noite é?

Aquela foi a ultima vez que vi Joe Bouvier, ele saiu de casa aquela noite e no outro dia peguei o avião para Paris, aquele mês na cidade da luz foi ótimo, mais a semana que se seguiu ao fim do festival, foi minha entrada para o inferno.
Olhei-me no espelho quebrado e percebi o quanto estava diferente, velha diria ate, deixei que a agua gelada caísse sobre os meus ombros tentando de uma forma inútil apagar esses três anos de sofrimento.
Meu celular tocou, provavelmente era meu chefe, eu trabalhava em uma loja de vinil velhos onde quase nunca entrava ninguém.
— Anjo pode tomar conta da loja sozinha hoje? — a voz de veludo do meu chefe entrou nos meus ouvidos.
— Claro Sr. Philips — Philips já era senhor de idade. 
As ruas de Paris já tinham se tornado familiares pra mim, entrei na loja e meu chefe já estava saindo — pode fechar a loja hoje na hora do almoço Cristal.
Estava lendo meu livro quieta, quando escuto a sininho da porta — deseja alguma coisa senhor?
Ele tinha os cabelos da cor do fogo como os meus, quando sorria aparecia uma covinha, cara de bebe, completamente inocente — hum, desculpe, é estou procurando a coleção dos Beatles, eu sou colecionador e bem... — ele deu um sorriso fofo, fiz que sim com a cabeça, tentando ignorar os elefantes fazendo cambalhotas no meu estomago.
— Por sorte sua ainda tem uma coleção aqui — peguei a pequena caixa.
— Quanto é? 
— 100 dólares — ele coçou a cabeça — quanto você tem? — perguntei meio sem graça.
— 90 — tentei esconder o meu sorriso.
— Pode levar — ele sorriu como um menino de dez anos.
— Mais o dono da loja não vai se importar? — fiz que não com a cabeça. — bom então ate mais.
Ele se virou e foi saindo — hum, me chamo Ângelo qual é o seu nome? 
Eu poderia mentir, mais isso passou longe da minha cabe — Cristal — falei mal humorada, eu não podia me envolver com ninguém, nunca mais confiaria em ninguém, principalmente em homens com "boas intenções"

Esse era o dia da minha nova vida, como um anjo, quieta no meu canto talvez tão inocente quanto a Cristal de três anos atrás, que vivia em bailes acompanhada do "noivo perfeito". Sai da loja e fui direto para o lugar que agora eu chamava de lar, tentei colocar alguma coisa no estomago, esperando que as horas passassem, acabei cochilando, quando acordei já era 7 horas, tomei um banho demorado e fui me arrumar, coloquei a peruca loira, a lingerie preta e o sobretudo preto, fiz um maquiagem forte e sai, o carro do Andrew já estava a minha espera.
— Hoje você esta deslumbrante Anjo — como eu tinha nojo desse homem — pronta pra ser mais uma vez a estrela da noite? Hoje a boate esta cheia, vários homens pagando só para ver você — um sorriso sacana brincava nos lábios dele.
Bom deixa eu explicar, a três anos atrás depois que o festival acabou, eu conheci Andrew Willians um francês lindo de morrer, ele me disse que era amigo da família Bouvier e que tinha crescido com o Joe, me convidou para jantar e bom não vi nada de mais nisso, foi ai que minha vida virou um inferno, Andrew entrou comigo na pousada velha, lá ele me dopou, pegou meus documentos e depois disso eu nunca mais soube do antigo mundo em que eu vivia.
Chegamos a boate — termine de se arrumar querida e você já é a próxima.

— Andrew eu sei que já te perguntei isso um monte de vezes, mais como você nunca me respondeu, o Joe tem alguma coisa a ver com tudo isso? — Andrew soltou uma gargalhada.
— Ah anjo como você é inocente querida, só me responde uma coisa, quem pagou pra você ir naquele festival? — fiz que sim com a cabeça, tentando segurar ao máximo as lagrimas, coloquei a roupa que faltava e suspirei.
Entrei no palco e os gritos já começaram, dancei da forma mais sensual que podia, ate ficar só com a lingerie, tinha um grupo de garotos com provavelmente 18 anos, estavam comemorando o aniversario de um dele, me chamaram e me pagaram para dançar, e foi ai que meus olhos encontram os olhos mais inocentes que eu já tinha visto, era o garoto de hoje cedo, ele estava meio perdido, me olhava como se pedisse desculpas por aquilo, fechei os olhos implorando mentalmente para que ele não me reconhecesse.
— Sem colocar a mão garoto — sentei no colo dele e disse sem emoção alguma e mesmo sem querer fiz a melhor dança para ele, ele estava paralisado, olhando fixamente para mim, os amigos dele batiam palmas, um chegou em mim e disse.
— Hoje é o aniversario de 18 anos dele, quantos você cobra para ele pegar nos seus seios? — eu juro que queria dar um soco na cara daquele pirralho, Ângelo respondeu. 
— Não seja idiota Elliot — suspirei.
— 200 dólares — o tal de Elliot arregalou os olhos.
— Bom deve valer a pena, todos falam que você é a melhor daqui — dei um sorrisinho enquanto ele me pagava.
— Eu pego a sua mão pirralho — ele fez que sim de uma forma quase patética.
Peguei a mão dele e comecei pela barriga, ele tentava ver os meus olhos, mais graças as lentes azuis não dava pra reconhecer, quando cheguei nos meus seios ele me olhou como se pedisse permissão, peguei as duas mãos dele e deixei que ele apertasse como bem intender. Mesmo sem querer soltei um gemido baixo, os amigos dele aplaudiram, Ângelo engolia em seco, podia sentir uma pequena ereção se formar embaixo de mim.
— O seu amiguinho ai acordou querido — sorri irônica — vão querer mais alguma coisa? Pois já terminei aqui.
O tal de Elliot disse — eu dou mais duzentos pra você tirar esse sutiã e deixar o Ângelo fazer o que quiser. — Esse moleque estava me dando nos nervos, tirei meu sutiã e segurei as lagrimas — vamos lá Ângelo caia de boca — vi alguns outros empurrando a cabeça dele para os meus seios, foda-se a boa moral eu estava gostando. Eu já estava toda ferrada mesmo, seria tão errado me divertir um pouco? "sim Cristal, seria totalmente errado" meu subconsciente respondeu.