Capítulo 12 - Recomeço

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Quando Joe chegou a policia já estava lá e o coitado do Caleb já estava detido. Joe veio ate mim e disse.— O que aconteceu querida? — ele perguntou, seus olhos estreitavam o corpo caído no chão — esse é o Andrew? Como ele veio parar aqui?
— Oh Joe — ele me abraçou.
— Ele fez alguma coisa com você? — Joe me olhava como se procurasse alguma coisa — me conte o que aconteceu.
Eu não poderia contar a ele, não por um motivo especifico, mais é só que é uma coisa que ficaria no passado — não deu tempo de acontecer nada querido, o importante é que você esta aqui.***Uma semana depois, Londres, como era bom pisar em solo conhecido, fiquei praticamente quatro anos longe dali, e só agora percebi como sentia falta do frio cortante que Londres tem, quando o avião pousou e o Joe e eu descemos, foi como voltar a anos atrás, Annie veio correndo em minha direção.— Oh Deus, obrigada, obrigada, obrigada — meus olhos encheram de lagrimas e eu tive a impressão de estar flutuando — como você esta anjo? — ela me olhava e logo em seguida me abraçava como era bom ver a minha amiga de infância.— Eu estou aqui, eu estou aqui — não sabia se falava aquilo só pra ela ou para mim mesma.— Você esta aqui — ela disse — Deus obrigada — sorri, minha amiga sempre tão metida a ateu, agora agradecendo, isso era bom, e agora olhando-a, a barriga estava grande.— Você esta linda gravida — me abaixei ate a barriga  — é menina ou menino?— é uma mini Cristal ai dentro, decidimos colocar o seu nome nela — e eu voltei a chorar, coloquei a mão na barriga dela e falei.— Ei pequena, a madrinha esta aqui, eu estou aqui — o Derick se aproximou.— É bom te-la aqui de novo Cris, eu senti saudades — e ele me abraçou, logo estávamos nos quatro abraçados.— Você também esta linda gravida, o Joe aqui me manteve atualizada. — ela sorriu me abraçando mais uma vez.

— Esse é o quarto da pequena Cristal — Annie disse assim que chegamos na nova casa dela, ela estava me mostrando a casa enquanto o Derick e o Joe conversavam lá fora.
— E o meu pai An? — perguntei por que ate agora ninguém tinha comentado no nome dele. Vi seu rosto perder a cor e ela me puxar para conversar.
— Depois que você sumiu ele virou alcoólico Anjo — ela esperou um momento — ele estava bebendo em um bar e entrou em uma briga, ele esta na CTI Anjo, o medico disse que não tem muito tempo, o Joe tem cuidado dele.
Não é que meu pai fosse o maior exemplo na minha vida, mais era o meu pai, o único que Deus colocou na minha vida, senti como que meu corpo entrasse em coma  — Deixe os meninos ai, vou te levar ate ele.***Meu pai sempre um homem tão bonito e forte, agora aparentava bem mais velho.— Quem é você? — meus olhos encheram de lagrimas, a Annie deixou nos dois sozinhos — eu tive uma filha que se parecia muito com você, mais ela já se foi, sabe moça, nenhum pai por mais cretino que seja, merece ver os filhos morrerem — a essa altura eu já estava em planto, oh pai.— Sou eu pai, sua filha. — ele abriu um sorriso, como que se lhe oferecerem o seu maior tesouro.— Cristal? — ele ainda tinha cautela quando falava — Deus obrigado — então me joguei nos braços do meu pai — calma querida o seu velho pai, já não esta mais tão novo assim — era como se eu tivesse oito anos de novo, como se minha mãe ainda não tivesse morrido e ele ainda era o homem em que eu mais confiava. Eu me vi sendo embalada pelo meu pai, ouvi o barulho do aparelho ao lado e quando olhei o coração dele estava parando.— NÃO pai — coloquei minhas mãos nos meus olhos  — pai por favor, fica comigo mais um tempo, o senhor tem que conhecer seu neto, pai.— Cristal, me perdoe, perdoe o seu velho.— Pai se proiba de morrer.— Me perdoe por tudo que fiz você passar deis que sua mãe morreu — então meu choro cessou.— Eu perdoa pai — e seus olhos fecharam,

Nunca acreditei em Destino, que tudo na vida tem um proposito, mais pensando por um lado, o destino de todos é a morte, a morte sem sombra de duvida é a unica verdade no mundo, então por que ainda não nos acostumamos com a ideia? Com a perda? Nunca pensei que sofreria pela morte do meu Pai, o fato é que esta doendo mais do que a morte da minha mãe, talvez por que ainda tínhamos muito a aprender um com o outro, a se perdoar. Naquela manha meu pai foi enterrado no cemitério Santa Luzia, ao lado do tumulo de minha mãe, como uma autentica cena de um filme, esta chovendo e todos estão de preto, outra coisa que nunca entendi, por que as pessoas assimilam o preto com o luto? Todos já se foram, mais eu fiquei ali, olhando para o tumulo de meus pais, Joe esta me esperando em silencio, meu pai esta sorrindo como a muito tempo não sorria e o tempo ainda não desgastou a foto, olhei para a foto da minha mãe e vi o que o tempo fez com ela, o tempo tende a ter um efeito catastrófico nas pessoas, e agora o luto finalmente me encontrou.— Anjo, vamos querida — Joe me abraçou.— São cinco estágios — minha voz saiu sem minha autorização.— O que você esta falando querida? — ele perguntou preocupado.— Do luto, quando minha mãe morreu eu passei pelos cinco, mais agora acho que pulei direto para aceitação, isso é bem melhor do que a negação e a revolta. — então eu chorei, finalmente.— Estou aqui, eu estou aqui — olhei para ele e sorri.— Vamos embora.

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