5. at least you've got your nest egg, so live it up.

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Os olhos de Chaeyoung se abriam automaticamente todos os dias às seis da manhã.

Não era algo programado, muito menos o despertador era tocado. Era apenas a rotina, a velha e inquebrável rotina.

Era assim desde que era bem nova, sempre gostava de acordar cedo para ver os pássaros cantando melodias conjuntas e indo a visitar na janela, e gostava de saudar o carinha que entregava o jornal todas as manhãs na porta de sua casa, que já deixava a página das tirinhas separadas para ela antes de entregar, pois eram suas favoritas. Ás vezes tinha permissão de dar a ele um dos biscoitos que ficavam em cima da geladeira e eram liberados apenas depois do jantar. E, em dias bem raros, podia ajudá-lo nas entregas, desde que sua irmã estivesse junto e não saísse dos limites da vizinhança.

Isso, claro, antes de tudo acontecer.

— Roseanne? — ouviu a voz do pai, o que a pescou de volta para o ambiente. — Não me ouviu?

Ela balançou a cabeça e o olhou. Ao menos lembrava que estava na mesa da sala de jantar. Seus pensamentos conseguiam ir longe assim.

— Ah, me desculpe, eu estava só devaneando. — forçou um sorriso. Isso fazia parte da inquebrável rotina também.

Mazon a olhou suspeito por trás da xícara de café quente que segurava com as duas mãos, mas não comentou nada. Apenas pegou outra garfada e mastigou suas palavras junto com a comida.

— Eu disse que as panquecas estão deliciosas. Muito obrigado, filha.

Chaeyoung lhe lançou outro sorriso, esse um pouco mais verdadeiro.

Depois do banho matinal ao acordar, desceu até a cozinha e olhou para a tabela de horários grudada na porta da geladeira. Seu pai teria um plantão naquele domingo, o quinto apenas naquela semana, então decidiu reforçar no café da manhã para ajudá-lo, já que seria a única refeição que ele faria em casa. Panquecas com geleia de uva sempre eram suas favoritas, Chaeyoung as preferia com calda de morango.

— Acho que podemos recompensar a noite do filme amanhã. — comentou, puxando mais uma panqueca para o seu prato. Era a terceira. — Ou eu posso pedir para alguém cobrir meu horário pra mim, se você quiser.

Domingo era a noite do filme, uma tradição que era seguida na família desde que Chaeyoung se entendia por gente, eles sempre se sentavam no sofá da sala com cobertores e pipoca com manteiga derretida e assistiam clássicos de comédia antigos, ou desenhos animados repetidos.

Antes, era um momento em família, e agora, bem... o que sobrou dela.

Chaeyoung engoliu um pedaço mínimo com a garganta arranhando e olhou para todas as cadeiras vazias da mesa, se perguntando pela milésima vez quando que iria superar aquele sentimento que a invadia inteira por dentro.

Nunca.

Era inevitável pensar nessas coisas o tempo inteiro. Inclusive assim que acordava, mesmo que, quando abria os olhos e a primeira coisa que via era apenas o velho e usual teto branco de seu quarto. Tudo tendia a ser um lembrete, exatamente tudo.

Quando acordou e levantou da cama, os dedos dos pés ainda um pouco dormentes repuxando o tapete eram um lembrete. Quando saiu do banho ainda com a toalha enrolada no corpo, os cabelos secos presos em um coque, e se olhou no espelho embaçado pelo vapor quente, a escova de dente vermelha que colocou na boca também era um lembrete.

Mas principalmente, olhar para si mesma era um lembrete. Era o pior de todos.

O pai ainda esperava uma resposta, os cabelos negros penteados de forma desleixada e os olhos com bolsas um pouco escuras embaixo alternando entre ela e o café da manhã. Chaeyoung sabia que ele amava trabalhar, por isso se disponibilizava para todos os turnos e plantões disponíveis. O hospital era a rota de fuga dele; também tinha que lidar com os lembretes.

Polaroids & Stereos | ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora