11. just give me something, anything to live by, i've forgotten why i try.

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Lisa não sabia como suas amigas conseguiam ser cara de pau perfeitamente bem, até a hora do almoço.

O grande elefante na sala parecia ser ignorado por completo. Estavam as três comendo as porções de asinhas de frango frito com molho apimentado, sentadas com a base das costas apoiada no palanque dos instrumentos enquanto conversavam normalmente, com dedos melados e risadas sincronizadas pelo diálogo engraçado e as piadas e palhaçadas corriqueiras de Jisoo. Como sempre era e sempre deveria ser.

Lalisa estava em sua mesma rotina das últimas semanas fingindo não saber de absolutamente nada, e Jennie agia como se não houvesse dúvidas que tudo estava bem com Jisoo, e que não planejava segui-la mais tarde.

Jisoo estava genuinamente feliz. Aqueles momentos na sala de ensaio na hora do almoço eram os únicos em que ela não sentia a pressão pesando nos ombros, soltando piadas implicantes e rindo da camisa suja de molho de Lisa e em como ela se assustou ao notar e espalhou mais ainda a mancha marrom pelo tecido ao tentar limpar.

Queria estar ali para sempre.

— Que inferno — Jennie praguejou ao ver o celular vibrando novamente em cima de sua coxa. — Nayeon não para de me mandar mensagem desde anteontem.

Ligou o aparelho, raivosamente o colocando no modo silencioso com os dedos gordurosos para os apitos cessarem, o deixando de volta no espaço entre as pernas cruzadas no chão.

— Não sabia que vocês ainda eram amigas, unnie — disse Lisa surpresa, com um bico frustrado nos lábios enquanto ainda esfregava a grande mancha da camisa branca logo abaixo da costela esquerda.

— Não somos. Ela quer que eu ajude na trilha sonora da nova peça do clube idiota de teatro dela e não aceita um "não" como resposta. O que ela está pensando? Eu não sou uma Judas, não vou trair minha banda.

Jisoo revirou os olhos. Jennie era a pessoa mais apaixonada por Jazz que ela conhecia, então tinha um apreço enorme por vários exemplos reis do trompete que amava, como Chet Baker, Clifford Brown, Donald Byrd e o clássico Louis Armstrong. — Jisoo costumava brincar dizendo que seu único ídolo que tocava clarinete era o Lula Molusco — Por isso entrou para a banda marcial do colégio no segundo ano e logo conseguiu a vaga como trompetista principal. E, obviamente, arrastou a melhor amiga consigo, alegando que elas precisavam de atividades extracurriculares para a admissão da faculdade.

Jennie amava tocar e se devotava à isso, então levava bem a sério a rivalidade que existia entre a banda e o clube de teatro, devido a brigas territoriais e o quanto de verba o colégio gastava injustamente a mais com a banda por causa dos jogos de futebol em que tocava. E Jisoo apenas estava ali.

— Vocês não namoraram ou algo do tipo? — Lisa perguntou.

Jennie mastigou um pedaço da asinha separado do osso, lambendo os lábios em seguida.

— Sim, por duas semanas no sexto ano — riu divertida ao se lembrar de como sua versão criança achou que elas iriam se casar, ter filhos, dois cães e um pinguim de estimação. — Nós ficávamos de mãos dadas no recreio e demos um beijinho quando a professora não estava olhando na aula. Foi lindo.

— Olha só, já estavam mais avançadas que Lisa e Chaeyoung — Jisoo zombou, recebendo uma careta e um resmungo de Lisa em resposta.

Jennie riu e lhe deu um high five.

— Pois é. Mas depois ela me largou pela Yoo Jeongyeon, foi minha primeira desilusão amorosa. Porém pelo menos elas estão juntas até hoje, então acho que era para ser.

— É, lembro bem — disse Jisoo com desdém, cruzando os braços — Eu te chamava para jogar batalha naval e você não podia porque estava com Nayeon, aí quando ela te abandonou eu é quem tive que aguentar uma semana de depressão e lágrimas.

Polaroids & Stereos | ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora