CAPÍTULO 31

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Os duzentos metros que percorreram, ladeados pelas fileiras de tochas, davam uma ideia do que encontrariam logo a frente, mas foi ainda mais impressionante.

As diversas tendas e o tamanho do palco —montado a beira do lago — revelavam a grandiosidade do evento. E a quantidade de pessoas que ocupavam o local indicavam que a festa iria ser um sucesso.

Talvez o fato de saberem que aquilo era fruto do trabalho e criatividade de uma meia dúzia de universitários deixava tudo ainda mais fascinante.

— Até que esse bando de desocupados conseguiram fazer um negócio interessante. — Ernani comentou, observando as inúmeras luminárias espalhadas sobre o lago.

— Interessante? Isso é um elogio? — Vick retrucou.

— Não, só posso fazer algum elogio depois de entrarmos nessa festa. Por enquanto só posso dizer que despertou meu interesse.

Ter seu interesse já era algo incrível. Quando Ernani foi busca-la no trabalho, a única coisa em que conseguia pensar era em como seria o almoço de domingo. Mas a camisa branca florida que ele usava dizia que ainda teriam muito o que fazer, antes que esse fatídico momento chegasse.

Vick já nem se lembrava que a festa da faculdade de Luana seria naquele dia, e muito menos desconfiava que Ernani tinha alguma intenção de ir. Mas a roupa que ele usava —apesar da estampa ser em preto e branco —deixava claro qual seria o programa para aquela noite. A surpresa foi tanta que ela nem conseguiu dizer o quanto ficou animada com a notícia.

— Por que você não me falou que queria ir nessa festa? — foi a primeira coisa que saiu de sua boca.

— Você é que queria ir. — Ele afirmou rindo.

— Mas em nenhum momento você demonstrou que tinha concordado com isso.

— Você já devia ter entendido, a razão da minha vida é te deixar satisfeita. Sempre.

Foi inevitável pensar em como ele era bom nisso, o que a fez sentir um friozinho na barriga. No entanto, a sensação boa não demorou para ser substituída pela insegurança que sentiu ao perceber que não teria o que usar naquela festa.

— Como não? É só colocar uma camisa florida.

Vick achou graça de como isso parecia tão simples para um homem que na maioria das vezes vestia camiseta branca. Mas no final ele tinha razão — apesar dela não ter nenhuma camisa florida —, foi só vasculhar um pouco em seu armário que encontrou uma blusa de estampa alegre, que ficou ótima com a saia branca evasê — esquecida há algum tempo.

— Ai, meu deus!!!! — Luana veio gritando, colocando um colar de flores em cada um, assim que os viram chegando na festa. — Não acredito que vocês vieram mesmo. Cheguei a apostar com o Rafa que isso não aconteceria.

— A gente gosta mesmo é de surpreender. — Ernani respondeu, retribuindo o beijinho que Luana lhe dera no rosto.

Mesmo que Vick se julgasse uma pessoa totalmente previsível, Ernani por sua vez estava se revelando de fato mestre em surpresas. Ela mesma seria capaz de garantir que não iriam naquela festa, e lá estavam eles, apreciando a grandiosidade do evento que o Rafael tinha organizado.

— Venham, vou mostrar pra vocês tudo que está rolando aqui — a animação de Luana era própria de uma anfitriã. E foi com muito orgulho que ela falou sobre todos os detalhes dos bastidores da festa, enquanto andavam pelo local.

Poderia se dizer que ela se sentia assim por ser uma festa promovida pela sua turma, mas pelo número de vezes que citou o nome do Rafa não restou dúvida de que todo seu orgulho estava muito mais relacionado com a façanha que seu namorado tinha conseguido.

Sem IntençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora