Capítulo 2

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Quando ele saiu do avião, o cão o aguardava ansiosamente. Taehyung a deitou no chão e a olhou.

Uma estudante. Revisou suas pernas. Nenhum ferimento. Virou-a e revisou suas costas. Passou as mãos sobre elas, gentilmente, sentindo.

Uma vez mais o lamento de seu cão o fez reagir. Sabia que a moça provavelmente deveria ser levada a um hospital, mas não podia ser ele a fazer isso. Teria que levar a moça para o chalé e pedir ajuda pelo rádio ao pessoal da vila. Mas como levá-la de moto?

Taehyung a colocou sentada a sua frente na moto, como se montassem a cavalo juntos. Apoiou com cuidado a cabeça dela em seu peito, enlaçando-a logo abaixo dos seios. Segurando-a deu a partida na moto e foi pilotando por entre as arvores, com apenas uma das mãos.

Sentiu-se fortemente intrigado. Sim, eles sabiam que ela estava viva, havia buracos nas laterais e na tampa do caixão, que indicavam expressamente que eram para entrada de ar. Por quê? Por que transportar uma adolescente em seu uniforme escolar em um caixão?

Bem, não havia ninguém por perto para lhe dar respostas. Talvez ela pudesse dizer quando acordasse.

Ele olhou para cima, a tempestade estava começando assim que se aproximou do chalé. Ele voltou a tomar o pulso dela, seguia forte e firme, para seu alívio, mas ainda não estava plenamente convencido de que ela não tivesse ferimentos internos.

O caixão era bastante acolchoado, talvez tenha sido isso que salvou sua vida. Presa firmemente entre a parte de trás do avião e as fileiras de assentos, havia conseguido ficar ali enquanto o avião estava caindo.

Quem a havia posto ali e por quê? Onde a levavam? Ele ainda se surpreendia com o nível de maldade do ser humano, muitas vezes chegando a se igualar aos de sua espécie.

Taehyung conhecia cada canto daquele lugar e sabia que ele iria chegar a tempo. Enquanto guiava por entre as arvores, seu cachorro o seguia correndo. Com a mão firme ele guiava a moto e com o outro braço mantinha seguro o corpo de sua princesa.

Sua princesa? De onde veio isso? Ele se perguntava. Muitos anos atrás, ele decidiu que não haveria princesas em sua vida. No mesmo dia, em que descobriu o que era dor, mentira, traição.

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Quando chegou ao seu chalé, a chuva já estava pesada, e ele sabia que estava apenas começando. Provavelmente choveria durante toda a noite.

O chalé não era muito grande, mas era seguro e confortável. As amplas janelas deixavam ver a bela paisagem ao redor, e dentro da sala com lareira, um conjunto de sofás espaçosos e uma estante repleta com sua coleção de livros, alguns raros e antigos. Um banheiro amplo, com banheira e um quarto com uma enorme cama de casal completavam a decoração. A casa tinha também um gerador, que os moradores da vila tinham dado de presente a ele, alguns anos antes.

O lugar era bem diferente do castelo em que tinha crescido, mas o jovem vampiro se sentia mais feliz ali. Se é que podia se considerar feliz, em sua solidão sem fim.

Taehyung parou a moto nos fundos da casa, no pequeno depósito. Ele ergueu a moça nos braços, abriu a porta e entrou com ela, levando-a até seu quarto. O cachorro o seguia curioso.

A cama pareceu ainda maior quando ele colocou o corpo pequeno sobre ela. Ainda nenhuma reação. Por um segundo tentou se convencer que a iria despir só para ver se tinha ferimentos, e que não podia deixá-la com as roupas molhadas. Ele se sentia desconfortável por tocar uma adolescente, mas não havia mulher alguma nas redondezas a quem ele pudesse pedir ajuda. A vila estava muito longe para que a pobre menina pudesse esperar.

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