I Hate Everything About You

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Capítulo 7

Era um tanto cômico o modo como ele se olhava no espelho. Como ajeitava a bandana vermelha que era sua marca registrada nos cabelos castanhos. A camiseta preta era considerável, nem tão justa e também não tão larga. Sunhee provavelmente se surpreenderia ao vê-lo vestido daquele jeito. Bandana, camiseta preta, jeans rasgado no joelho e o insubstituível All Star preto o acompanhavam. Taehyung sabia por que estava vestido daquele jeito: para provocá-lo, impressioná-lo. Era tudo por causa daquele idiota.

Mas ele não podia esconder o medo. As mãos que tentavam parar de tremer.A cada vez que lembrava de seu pesadelo, suas pernas balançavam, seu estômago revirava. Aquele certamente era um jogo perigoso. Mas ele havia se proposto a jogar. Só deveria tomar cuidado para não apostar o próprio coração. Somente se o filho do pastor desse o mesmo em troca. Era estranha aquela situação, tudo acontecera tão rápido. Rápido demais para ser considerado seguro. Taehyung descia as escadas de madeira passo a passo, tentando evitar os gemidos desgostosos daquela parte tão antiga da casa. Mas era o mesmo que tentar fazer um bebê não chorar com uma canção de ninar das freiras do Lar Redenção: impossível ainda era uma palavra muito otimista. E essa era uma situação que ele já havia visto milhares de vezes. As irmãs conseguiam ser mais assustadoras do que qualquer coisa.

Chung estava sentado na grande poltrona vermelha que ficava logo ao lado do fim da escada, os óculos finos presos na ponta do nariz anguloso, os cabelos negros estrategicamente penteados, a gravata frouxa em cima do colete cinza escuro. Analisava as palavras-cruzadas do jornal matinal com um interesse excessivo, como se ali pudesse achar a cura do câncer ou algo do tipo. Mas sem muito sucesso, metade dos quadrados perfeitamente alinhados continuava em branco. Chung era brilhante como advogado, mas um fracasso em palavras-cruzadas. Ele sempre acabava se estressando com a dica e passando para a seguinte.

- Ali, a palavra é "trouxa" – Taehyung indicou um conjunto de seis quadrados no canto superior da página já amassada – Uma pessoa não dotada de magia é "trouxa". HP é Harry Potter.

- Eu achei que eles programassem esse maldito jogo para a terceira idade. Vou ligar pro jornal e pedir pra que eles não sejam tão joviais nas questões.

- Como se você fosse muito velho – ele o beliscou, sentando-se no apoio de braço da poltrona.

- Vou ter que arrumar suspensórios e uma bengala daqui a pouco, Tae – ele riu, aquela risada baixa e tímida que só Chung sabia rir. Taehyung tinha que admitir que gostava dele; Chung fazia o máximo possível para ser um bom pai, para compreende-lo. Ele não se grudava ao passado. Diferentemente de Sunhee

- Hey, você está bonito. Acho que nunca te vi usando uma bandana na vida – ele observou, intrigado.

- Claro que viu. Fui no cinema com Jimin e Dahyun assim na semana passada, não lembra?

- Ah claro, como fui esquecer? Sunhee ficou maluca por te ver com isso – disse, fingindo descontentamento – Você parece bem mais arrumado e cheiroso do que naquele dia. Qual é a ocasião agora?

- Ocasião nenhuma. Eu só achei-o no meu armário. É bonitinho. Resolvi usar. Tenho que sair mesmo.

- Aonde vai?

- Na casa do pastor Jeon – ele bufou – pode me dar uma carona?

- Sunhee comentou que você está fazendo um trabalho com Jeongguk. Devo me preocupar?

- Sinceramente, Chung, ele é o filho do pastor – por fora, ele revirava os olhos. Por dentro, concordava: "Sim. Você precisa. Você devia me proibir dever esse garoto, ou algo do tipo."

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