Bruxa do fogo

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Ela estava caminhando por um jardim enevoado, fazia frio e o farfalhar das árvores davam aquela sensação bizarra de estar sendo seguida, a cada passo que dava ela virava a cabeça em uma direção forçando a vista o máximo para ver qualquer coisa que não fosse aquela vegetação sombria. O vento hora ou outra mudava de direção soprando folhas secas para cima fazendo ela se virar rapidamente tentando distinguir um vulto humano, não que fosse se sentir segura na companhia de um desconhecido naquele lugar, fosse aquele lugar o que fosse.

A bruxa não conseguia reunir coragem para gritar, não sabia quem podia surgir das sombras, se é que tinha alguém ali. Aliás, onde era mesmo ali? Como ela tinha chegado naquele lugar? Seria um sonho? Não seria a primeira vez que ela sonhava com coisas que lhe pareciam reais demais para fazê-la sentir coisas como o frio que sentia naquele momento. Talvez fosse uma alucinação, ela já tivera alucinações e visões que a deixaram confusa até perceber o que estava acontecendo.

Mas ainda assim não ia se arriscar á gritar naquele lugar, os mortos podiam ouvi-la e caso estivesse novamente do Outro Lado não queria correr o risco que eles notassem sua presença.

- Isso aqui lá tem cara do mundo dos mortos? – ouviu uma voz masculina com sotaque agradável.

Ela congelou diante daquela voz baixa, vibrante e de algum modo conhecida. Virou para trás com a mão preparada para um ataque, mas não tinha ninguém ali. Alguém riu e ela se virou mais uma vez, fosse quem fosse estava deixando-a irritada e nervosa.

- Q-quem está a-ai? – não perca a calma, se repreendeu mentalmente por ter gaguejado.

- Ninguém que possa te fazer mal

Ela teve um sobressalto quando notou a voz incrivelmente perto. Se virou, mas não havia ninguém ali.

- Se acalme, já disse que não te farei mal. Respire e relaxe.

Não que ela achou que devesse ouvir o sussurro do vento ou o fantasma ou o cara das trevas ou o homem invisível ou quem seja que fosse o dono daquela voz, mas tinha que concordar que estava nervosa demais com aquela situação. Ficou parada tentando relaxar em vão, era difícil se acalmar quando estava em um lugar estranho com alguém que ela nem era capaz de ver. Agindo contra seu medo ela fechou os olhos, deixou todo o medo e insegurança se esvair, sentiu-se leve e tranquila como se sentia quando estava meditando ou se preparando para um feitiço poderoso.

Um tintilar incômodo e um cheiro forte e familiar interrompeu sua concentração, tentou ignorar, mas era difícil resistir àquela sensação de estar sendo observada. Abriu os olhos.

Piscou um pouco erguendo o rosto que estava encostado no tampo frio da mesa. Havia adormecido enquanto estudava, de novo. Bocejou cobrindo a boca com a mão e esfregou os olhos com os nós dos dedos para espantar o cansaço.

- É melhor ir lavar o rosto

Ela se assustou cerrando a mão sobre o coração – e suspirando profundamente antes de fitar as orbes azuis que pareciam sorrir. Não. Era Damon Salvatore, ele não estava sorrindo para ela, estava rindo dela. Sonolenta e confusa escorregou para fora do banco e foi para o banheiro feminino, preferia cair em uma banheira de água gelada, mas lavar o rosto serviria naquele momento.

Olhou-se no espelho acima da pia enquanto tentava se lembrar com que estivera sonhando, se lembrava de um jardim sombrio, da nevoa fria e de uma voz ronronante falando sobre relaxar, bem que ela gostaria de poder relaxar. Mas aquilo tinha virado apenas uma palavra inútil no dicionário desde que descobriu que era bruxa.

Coração Imortal - TVDOnde histórias criam vida. Descubra agora