27 - Razões e emoções

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Palácio de Taan

As dezoito altas cadeiras do salão dos conselheiros sempre havia incomodado a rainha, tinha a impressão eterna de que os antigos ocupantes permaneciam ali, sentados, olhando severos para cada gesto ou pensamento que ela tivesse. Ainda agora, milhares de anos após á primeira vez que estivera sentada ali ao lado do tio aprendendo á lidar com os lideres das tribos, Lumina Aurie, ainda se sentia uma criança sendo observada por avós zangados com alguma travessura. Mas isso não interferia em sua capacidade lógica de pensar, era a soberana de um reino que estava morrendo mais rapidamente que o previsto e que desejava salvar seu mundo sem ser responsável pela destruição de outro mundo.

- É inaceitável que vossa majestade permaneça em estado de silêncio diante do caos em que nosso mundo se encontra

A rainha manteve os olhos fixos á frente, para uma runa que simbolizava Paciência. Era irônico que aquela runa estivesse entalhada no salão dos conselheiros, pois era obvio que eles ignoravam por completo o significado daquela palavra. Fazia mais de duas horas que estavam em reunião e as únicas palavras que a soberana havia dito até o presente momento fora: "Digam o que desejam". O porta-voz do conselho era Rephaim, o mais eloquente de todos e provavelmente o que menos incomodava, pois embora ele falasse mais que as pessoas estavam dispostas a ouvir, jamais havia causado nenhum dano á ninguém. Muito diferente dos outros que haviam se unido e rebelado contra Aizzah – a regente temporária.

- Rephaim – disse a rainha desviando os olhos cor de folha para o élfico de cabelos negros – Não há nada que eu possa dizer que você já não tenha dito.

- Pode dizer que vai fazer alguma coisa, que está fazendo alguma coisa.

- E estou, mas infelizmente preciso evitar perigos piores que Arcardius e sua fúria.

- Que perigos são esses, majestade? – perguntou a uma conselheira

- A extinção de nosso povo, Conselheira Tamni, de nada me servirá destruir o inimigo se ele levar todo nosso mundo com ele de volta para o Abismo.

Os conselheiros voltaram a murmúrios apressados e olhares desconfiados á rainha que parecia ter voltado á sua contemplação da runa na parede. A reunião perdurou por mais duas horas quando finalmente concluíram que a rainha não diria nada que fosse relativamente importante para eles, então se retiraram.

- Mentir é errado, Mina – disse Aizzah entrando no salão alguns minutos depois.

- Ouvir conversa alheia também, sobrinha. Conheço as leis e eu não menti. Na verdade quase não disse nada.

- Omissão deveria ser considerado mentira, tanto qualquer outro meio de distorcer a verdade.

- Anote isso como pauta para a próxima reunião

Mina se levantou saindo do salão e sendo seguida pela sobrinha-neta pelos longos corredores do palácio.

- Precisamos saber o que está acontecendo na Terra, você passa tempo demais entre os humanos e aqueles parasitas mortos-vivos. As pessoas temem que você esteja sendo influenciada.

- Influenciada para que? Mentir? Manipular? Enganar? Não preciso de influencias externar para fazer essas coisas. Faço o que é preciso para manter nosso mundo á salvo, mas não vou deixar o mundo deles morrer para que o nosso sobreviva.

- Do que está falando? O que há de errado com a Terra?

- Dois problemas chamados Livro Luz e Arcardius, que por acaso pertencem á Taan e que agora estão na Terra porque certa regente deixou que ele escapasse.

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