15 - A pele em que habito

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A mente humana é de certo modo projetado para nos proteger de dores emocionais. Á três módulos de proteção mental primitivo e eficaz. A primeira é o sono, geralmente um rápido estado de torpor que nos transporta para um mundo inteiramente nosso, um ato inconsciente e preciso que nos dá um tempo adequado para nos recuperamos de um choque e reajustar a ligação razão-emoção.

A segunda é o esquecimento, um autobloqueio que nos protege de nossos medos irracionais e nos mantêm por um tempo, sãos. Pois o dito: "O tempo sara todas as feridas" é falso, o tempo não cura todas as feridas por que algumas feridas são grandes demais para se cicatrizar e o tempo que dispomos é curto demais para que isso aconteça. Certas lembranças ficam melhores jogadas em um canto escuro e inutilizável de nossa mente, ou trancada atrás de uma porta.

O terceiro modo é o mais eficaz e o mais perigoso. Á loucura. Enlouquecer é ainda o método mais prático de nossa mente para nos proteger. Há momentos na vida em que recebemos golpes tão violentos que nosso ultimo refúgio é a insanidade. Há momentos em que a realidade não passa de dor e medo, a insegurança nos leva a nos esconder onde nem mesmo nós podemos deter controle entre o verdadeiro e o falso.

Naquele exato momento um casal de morenos sentados na biblioteca da mansão Salvatore tomando Bourbon em silencio, estavam á um toque do mais insano ato de loucura. Mesmo desconfiando que todos á sua volta estivessem enlouquecidos, ambos ainda mantinha uma mínima esperança de despertarem de um pesadelo causado por algum delírio mutuo. A mulher se levantou dando mais uma volta silenciosa pelo recinto aguardando algum movimento do casal louro que mantinham o olhar fixo nas paginas antigas de um grosso livro.

- Quer parar de fazer barulho, Damon? – perguntou o homem sentado olhando para as mãos

A mulher nada respondeu, aquilo estava ficando mais irritante que fora cinco horas antes quando ele incendiou a cama do quarto de hospedes acidentalmente ao gritar com os gêmeos Parker por não conseguirem reverter a troca de corpos. Bonnie presa em seu corpo ainda estava longe de se adaptar ao fato de ser um vampiro, havia negado á beber sangue e agora estava irritada com o mais ignorável dos ruídos, tinha se irritado até com os sons da respiração dos humanos-bruxos, incluindo o próprio corpo onde Damon estava preso.

Damon por sua vez estava furioso com magia. Quando despertara gritou ao notar que estava no corpo de Bonnie e literalmente quebrou tudo que tinha vidro no quarto onde estavam. Janela, lâmpadas, espelho e apagou as velas acessas para o ritual que fora feito antes. Algumas tentativas de reversão da troca de corpos depois ele colocou fogo na cama ao ameaçar os gêmeos loiros para que o devolvessem para seu corpo. Estava acostumado com seu corpo e com todas suas emoções que ele aprendera a controlar em mais de um século de existência. O corpo da bruxa o incomodava. Raiva o mantinha normalmente ciente das coisas, mas no corpo dela, raiva produzia fogo e quebrava objetos.

Bonnie ouviu o carro se aproximar da mansão. Ser vampiro talvez não fosse tão ruim como ela esperava, embora tivesse caído da escada e quebrado o pescoço quando esqueceu que estava no corpo de Damon e desceu a escada correndo, teria que acostumar com a velocidade de vampiro e com a audição superdesenvolvida e com a força vampiresca e a sede por sangue e com Elena o olhando como se fosse a beijar, teria que ficar longe de Elena enquanto tivesse no corpo do Salvatore.

Alguém bateu na porta e ela ouviu a voz surpresa de Stefan ao dizer:

- Hayley?!

- Stefan. Estamos procurando pela Bonnie.

Estamos... ela inclinou a cabeça atenta. Agora sabia o porquê seus amigos vampiros gostavam de escutar a conversa alheia, de certo modo era conveniente e irresistível.

- A Bonnie? – ela ouviu a voz questionadora de Caroline – O que querem com ela?

Querem? Desta vez ela não esperou pela resposta, correu para a sala tentando não usar a velocidade de vampiro para não cometer o erro de tropeçar em algo e quebrar o pescoço novamente. Hayley estava acompanhada de um vampiro negro e um lobisomem de cabelos escuros. Os dois estavam na soleira da porta olhando atentos às pessoas dentro da casa: Stefan, Elena, Caroline, Enzo e agora Damon que entrava com ar curioso e menos ele mesmo.

Coração Imortal - TVDOnde histórias criam vida. Descubra agora