nine

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Londres, 01 de fevereiro de 1950.

Harry Styles

A mesa de meu escritório particular estava um completo caos, ornando perfeitamente com meu estado de espírito. Papéis lotados de cálculos e gráficos de todos os tipos e tamanhos tomavam espaço sobre a madeira envernizada. Uma garrafa de café já pela metade se encontrava à minha frente, sendo a fonte a qual eu me utilizava para sanar meu antigo vício às doses amargas de cafeina.

Às plenas dez e meia, as notas afinadas de meu vinil preferido soavam pela casa. Eu levantara cedo naquela manhã de sábado. Dados tantos acontecimentos durante a semana, além do trabalho dispensado à escrita das colunas, os estudos de economia haviam ficado quase completamente abandonados.

Sabendo que o resumo de Economia Monetária e dois artigos completos de Desenvolvimento Econômico deveriam ser entregues ao tutor de meu bacharelado na minha próxima visita à universidade, que seria na terça-feira à noite, decidi que era conveniente ocupar minha mente com atividades minimamente produtivas.

A quantidade de moeda disponível multiplicada pelo seu uso em um determinado período de tempo é igual ao índice de preços multiplicado pelo total de bens e...

Em meio à leitura dos primeiros parágrafos de meu resumo, ouço o telefone em minha mesa tocar estrondosamente. Suspirei, expulsando todo o ar dos pulmões. Encarei o relógio de parede antes de pegar a haste do telefone em mãos. Quem haveria de ser?

— Pois, não? — atendi entredentes, pousando minha caneta sobre a pilha de papéis soltos.

— Bons dias, senhor Styles. O senhor está esperando visitas? — a voz do velho porteiro do prédio soou.

— Não, Andrés. — curvei a sobrancelha. — Por que?

— O senhor e a senhora Payne estão na recepção. Disseram não ter avisado que viriam com antecedência. Devo pedi-los para se retirarem?

Estreitei os olhos.

— Não será preciso. Peça-lhes que subam, vou aguardá-los.

— Imediatamente, senhor.

Quando deixei o telefone sobre o suporte, passei as mãos pelo meu cabelo desajeitado. Tratei de organizar a mesa o mais rápido que pude, pouco me importando com a minha aparência. As calças de linho claro e a camiseta branca quiçá combinavam-se com os suspensórios marrons. Ao menos, tratei de calçar os sapatos loafer que se encontravam a menos de dois metros da porta do escritório.

Afastei a agulha da vitrola, interrompendo o som melodioso de um prelúdio de Bach. A garrafa de café foi retirada dali e deixada por mim na mesa de centro da sala. Eu não tinha tempo suficiente para preparar um novo café para oferecer às visitas, então apenas retirei três xícaras pequenas e limpas do armário da cozinha e levei-as à sala, deixando-as dispostas.

Não pude sequer pensar em lamentar a ausência de minha criada naquela manhã — pois ela se encontrara indisposta e não viera trabalhar. Ajeitei tudo o que pude na sala de estar e, em meio à uma arrumação desajeitada das almofadas do sofá, ouço baterem à porta.

Caminhei até lá e espiei as figuras que se encontravam paradas do outro lado pelo olho mágico. Mais uma vez, suspirei. Retirei a pequena corrente da porta e destranquei a fechadura.

1950 • h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora