Capítulo 1

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Capítulo Reescrito: 22/11/2024



A floresta estava silenciosa, envolta por uma aura de perigo e mistério, quando a figura invadiu o território proibido. Ele a viu, sua presença uma afronta clara às regras daquele lugar.

— Por que veio até aqui? — perguntou, com a voz carregada de irritação, o tom cortante como uma lâmina.

A intrusa, no entanto, não respondeu. Seus olhos arregalados demonstraram o pânico que tomava conta de seu corpo. Ele podia sentir o medo emanando dela como um perfume agridoce, e isso o fez sorrir. Com um movimento casual da mão, conjurou um feitiço, e uma roda de fogo surgiu ao redor dela, as chamas dançando como serpentes famintas.

— Vamos ver se aprende a lição de não invadir a floresta de novo. — Sua voz era fria, um contraste cruel com o calor abrasador das chamas que a cercavam.

Sem olhar para trás, ele deu as costas, deixando-a presa no círculo de fogo, os gritos de desespero abafados pelo rugido das labaredas. Porém, sua intenção não era tão cruel quanto parecia. Era apenas para assustá-la. Assim que estivesse escondido, desfazeria o feitiço. Ao contrário de outros, ele não tinha o hábito de matar por prazer, algo que seus pais nunca haviam lhe ensinado.

Ele se escondeu atrás de uma árvore próxima, pronto para dissipar o fogo com um gesto, mas algo o fez hesitar. Um movimento nas sombras chamou sua atenção. Um homem. Alto, com cabelos bagunçados e um porte confiante, surgiu de forma inesperada. Antes que pudesse reagir, viu o estranho usar uma corda para alcançar a intrusa. Ele observava, intrigado, enquanto o homem entrava na roda de fogo sem hesitar.

— Você está bem? — perguntou o recém-chegado, sua voz profunda e cheia de determinação.

A mulher balbuciou um "estou" quase inaudível, ainda trêmula.

— Tudo bem. Eu vou te tirar daqui. — O tom dele era firme, e em seguida, ele a pegou nos braços como se ela não pesasse nada.

O observador escondido ficou paralisado. Seu coração, antes calmo, disparava descontroladamente. Quem era aquele homem? Como alguém podia ser tão bonito? Havia algo no modo como ele se movia, na segurança em seus gestos, que o hipnotizava. E o aroma... um perfume inebriante e desconhecido que fazia algo estranho vibrar em seu peito.

Ele balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos. O que estava acontecendo com ele? Não podia se permitir ter essas distrações. Rapidamente, ativou o feitiço que o tornava uma sombra. A sensação era familiar e reconfortante, o mundo ao redor se transformando em um borrão preto e cinza enquanto ele usava as sombras para se teletransportar para casa.

Ainda assim, enquanto desaparecia, não conseguia tirar aquele homem da mente. O rosto, a voz, o aroma... tudo nele parecia gravado em sua memória, como uma marca que ele não sabia se queria apagar.

Assim que retornou à forma humana, encontrou-se no centro da sala de sua casa. O espaço estava imerso em uma penumbra silenciosa, iluminado apenas pelas chamas tímidas das velas espalhadas pelo ambiente. Ele respirou fundo, buscando acalmar os pensamentos confusos que fervilhavam em sua mente, mas soltou um suspiro pesado logo em seguida.

— O que eu estava pensando? — murmurou para si mesmo, a voz carregada de frustração.

Essas pessoas eram más, perigosas, e ele sabia disso. Então por que, em nome de tudo o que aprendeu, sua mente insistia em considerar aquela figura masculina... bonita? A palavra o incomodava, como se não devesse sequer ser pronunciada.

Na Ponta do FeitiçoOnde histórias criam vida. Descubra agora