Capítulo 10

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Franzindo o cenho com o som de batidas, Eren abriu seus olhos lentamente, lutando contra a claridade que invadia o quarto pela janela velha naquela manhã. Esfregando seu rosto em meio a um bocejo, sentou-se na cama, tomando bastante cuidado para não acordar Levi. Mas isso não durou muito, já que no segundo em que de fato despertou, viu que os poucos móveis que tinha no quarto estavam indo de um lado para o outro conforme Levi se contorcia em algum tipo de pesadelo. Desesperando-se, por medo de alguém invadir por causa do barulho e ver aquilo, logo virou-se para enfrentar o menor, encolhido ao seu lado. Sem perder tempo, balançou seu ombro, forçando-o a acordar bem na hora em que algo iria acontecer em seu pesadelo.

Sentado-se, Levi olhou para seu colo apavorado, todo suado e com o cabelo bagunçado. Olhando em volta enquanto tentava regularizar sua respiração, fez com que as coisas voltassem ao seu devido lugar apenas com um mover de mãos. 

"Levi! Ei!" chamou, colocando uma mão amiga em seu ombro. "Está tudo bem agora. Foi só um pesadelo."

Assustando-se com o toque repentino, Levi se afastou rápido, saindo da cama para manter distância. "Não precisa se preocupar, eu estou bem. Eu estou bem. Eu estou bem." repetiu, forçando um sorriso para parecer verdadeiro. "Eu estou bem."

Erguendo as mãos em sinal de paz, Eren também se levantou, assim podendo ficar de frente a ele mesmo com a cama entre eles. "Tudo bem, isso é bom. Lembre-se, sou seu amigo." disse, tentando o máximo confortá-lo para que pudesse se aproximar. "Não irei machucá-lo."

Com seus olhos brilhando em vermelho, Levi ergueu suas mãos para se defender. "Todos disseram isso. E agora eu estou sozinho."

Embora se sentisse muito mal por vê-lo assim tão mal e assustado, Eren teve que controlar seu instinto que insistia em ir até o ômega e mostrar que poderia protegê-lo de qualquer coisa que viesse, pronto para matar e morrer se fosse necessário. Como seu companheiro, seu alfa. Deixando seus braços caírem aos poucos para que não o assustasse, falou: "Se acha que sou seu inimigo, que quero matá-lo ou coisa do tipo, então me mate agora."

Engolindo em seco, o ômega abaixou suas mãos lentamente, hesitando por alguns segundos antes de se sentar na cama novamente. "Desculpe."

Suspirando em alívio por conseguir sentir uma vibração mais leve vindo dele, Eren se aproximou, parando na sua frente antes de se abaixar para olhá-lo em seus olhos. Observando sua feição, franziu o cenho suavemente ao vê-lo chorar em silêncio. 

"Desculpe." repetiu, lutando para deixar sua voz soar forte.

Levando uma mão até o rosto do mesmo, Eren limpou suas lágrimas antes de fazer um carinho em seu rosto. "Respire fundo, ok? Não precisa se desculpar. Vamos com calma agora."

Assentindo, não conseguiu desviar seu olhar do colo. "Depois que… Depois que curar sua mãe… Voltarei para a floresta."

Franzindo o cenho com aquilo, Eren quis dizer que não. Queria poder impedi-lo. Queria fazer qualquer coisa para que não o deixasse ir, mesmo sabendo que isso não podia vir de si, e sim dele. 

"Isso aqui não é pra mim. Quanto mais longe de todos, melhor será para ambas as partes." murmurou por fim, sendo essa sua deixa.

Sem falar nada, Eren voltou a ficar em pé. Bagunçando o cabelo escuro do ômega, sorrindo suavemente para ele, dando-lhe conforto. Após isso, afastou-se. 

"Estou do lado de fora, pegando comida para a gente. Aproveite esse tempo para tomar um banho se quiser." disse, dando tudo de si para não ficar constrangido. "Não se preocupe, baterei na porta."

Com um suave sorriso, Levi o encarou com admiração. Sendo essa a primeira vez que alguém realmente foi gentil e atencioso com ele. "Obrigado."

Assentindo, ele saiu do quarto, deixando-o sozinho para que pudesse pensar em paz, pois sabia que sua presença, pelo menos naquele momento, não seria apreciada. Descendo com cuidado a escadaria velha, foi até o balcão onde fez sua estadia. Ao chegar lá, apoiou-se, esperando a mulher aparecer. E quando ela fez, tinha uma feição mal humorada. "Comida?" perguntou, mesmo que já soubesse a resposta.

Na Ponta do FeitiçoOnde histórias criam vida. Descubra agora