Prólogo

1.8K 207 225
                                    

Capítulo Reescrito: 15/11/2024

A floresta estava envolta de um silêncio encantador, quebrado apenas pelo suave sussurro das folhas ao vento e pelo farfalhar de pequenos animais que espreitavam ao longe. Levi e sua mãe estavam ali, em uma pequena clareira iluminada pela luz dourada que penetrava por entre as árvores. Ela sorriu para ele, sua expressão cheia de ternura e orgulho.

— Não importa o que digam ou pensem sobre o que você é, Levi. Isso é um dom. Nós temos esse dom — disse ela, com uma confiança serena, enquanto erguia as mãos com delicadeza.

De repente, uma dança mágica se desdobrou diante de Levi. Coelhos etéreos e brilhantes surgiram no ar, saltando de maneira graciosa e quase hipnotizante. Eles passavam correndo por ele, leves e rápidos, como pequenos sussurros de magia. Levi tapou a boca para não rir alto quando um dos coelhos deu um salto maior, indo parar em seus braços antes de desaparecer em uma névoa suave.

— Sua vez — disse sua mãe, com um sorriso encorajador.

Levi sorriu de volta, determinado a impressioná-la. Ele fechou os olhos, concentrando-se, querendo criar algo grandioso, algo que mostrasse sua força e a surpreendesse no processo. Sentiu a magia vibrando em seu interior, crescendo e tomando forma. Quando abriu os olhos, seu sorriso era de pura satisfação.

Diante deles, uma majestosa pantera negra apareceu, sólida e imponente, com olhos que brilhavam como brasas. A criatura rugiu, um som que ecoou entre as árvores, antes de começar a se mover ao redor deles, em uma corrida elegante e precisa. A pantera parecia viva, com seus músculos se movendo sob uma pelagem escura e reluzente.

Kuchel observava o animal deslizando silenciosamente pelo chão, os músculos movendo-se com uma graça letal sob a pele reluzente. Levi, ainda uma criança, havia criado com uma facilidade impressionante, manipulando magia como se aquilo fosse natural. O felino era grande, elegante, seus olhos amarelos faiscando com uma intensidade quase hipnótica enquanto encarava Kuchel, como se a estudasse.

Ela não conseguia desviar o olhar, admirando a maestria do filho — tão jovem, mas com um talento bruto que a encantava e, ao mesmo tempo, a deixava inquieta. A própria Kuchel já havia criado muitas ilusões antes, formas de coelhos e pequenos animais que desapareciam ao menor erro de concentração. Mas a pantera... Levi fez algo diferente. Era quase palpável, com uma presença que desafiava a própria ilusão, como se tivesse vontade própria, pronta para saltar a qualquer momento.

Kuchel estendeu a mão lentamente, hesitante, sentindo a leve umidade na palma. Ao seu toque, a pantera não se dissipou como os outros animais; em vez disso, parecia ainda mais sólido, como se absorvesse cada segundo da atenção de Levi para permanecer ali. O coração dela acelerou, e um leve temor percorreu seu âmago.

— Levi... essa pantera... ela parece... tão real — murmurou, forçando um sorriso para não assustá-lo. Mas a voz dela tremia levemente, numa mistura de orgulho e medo.

Levi apenas assentiu, seus olhos brilhando de satisfação, como se entendesse o que havia feito, mas não percebesse o impacto profundo de sua criação. Para ele, aquilo era um simples feitiço, um simples experimento. Mas para Kuchel, era um vislumbre do poder latente que ele guardava — algo belo, mas também perigoso, um talento que ele precisaria aprender a controlar com muito cuidado.

A pantera, imóvel, continuava a encará-la, e Kuchel sabia que eu precisava apoiar o filho, guiá-lo. Mas, naquele momento, enquanto olhava a pantera, não podia evitar uma sombra de preocupação: se, tão jovem, Levi já era capaz de criar ilusões tão reais, o que ele seria capaz de fazer quando crescesse?

Levi, ainda com um sorriso orgulhoso pelo feito, começou a sentir as pálpebras pesarem. A pantera, que antes parecia tão sólida e imponente, deu um leve tremor, como se uma onda de vento a viesse sobre ela, distorcendo sua forma. Levi tentou manter a concentração, mas o cansaço tomou conta dele rápido demais.

Na Ponta do FeitiçoOnde histórias criam vida. Descubra agora