Na Ponta do Feitiço

Capítulo 5

Fazia cinco dias desde que Eren se foi, deixando sua adoentada mãe para trás na busca de uma cura. O fim do dia se aproximava, e com ele a preocupação da mulher só aumentava. Desde que acordou horas após Eren ter saído naquele dia, ela não conseguia descansar de verdade. Sua mente ia a mil por hora, sempre imaginando os piores cenários com seu filho tão longe. Se já não tivesse sido morto no caminho, então ele se aproximava da morte ao ir para a floresta. E isso a assustou.

Colocando a mão em cima de seu peito, sentiu seu coração apertar com tal pensamento. Ela sabia que ele teria feito isso, por isso nunca quis contar. Mas agora as coisas fugiram do seu controle e seu filho estava muito longe para poder proteger.

"Pelos deuses, Eren... Que a deusa Ymir ajude o meu filho idiota a voltar logo para casa." pediu num tipo de oração singela, na qual não precisava de muito para pedir algo.

Maia, que estava sentada no velho sofá tricotando uma blusa para a neta, voltou sua atenção para a amiga quando a mesma deu um longo suspiro de exaustão. Franzindo o cenho suavemente, ela respirou fundo e deixou de lado a costura. Levantando-se de onde estava,  foi até onde Carla se encontrava, parando ao seu lado em frente a janela. Com um toque em seu ombro, ela disse num tom calmo: "Não é bom ficar muito tempo em pé assim, Carla. Esqueceu do que o doutor falou?"

Não ouvindo de verdade o que Maia dizia, Carla apenas assentiu para não ter que dar alguma resposta. Ela estava extremamente grata que a amiga decidiu ficar com ela até que Eren voltasse, mas isso não a fez perdoá-la completamente por tê-lo deixado ir. Por mais que a intenção fosse boa, era a segurança de seu filho que estava em risco. Carla preferia mil vezes a morte do que algo que colocasse Eren em risco. 

Percebendo que seu silêncio não era a resposta que a outra queria, Carla suspirou. Sem sequer tirar seu olhar do horizonte, ela disse: "Eu sei."

"Então por que não volta para cama? Você precisa descansar." tentou, apenas para se calar pelo olhar da morena, que apesar das fortes olheiras, transbordava uma mistura de raiva e angústia.

"Eu não consigo descansar, Maia. Meu filho está longe. E pior, está indo direto para aquela maldita floresta!"

"Eu sei, Carla. Mas você precisa descansar, ou tentar. Eren sabia dos riscos e mesmo assim foi. Ele está fazendo isso por você."

"Eu não quero um filho morto."

"Eren não morrerá." 

Franzindo o cenho quando seus olhos lacrimejaram, Carla piscou uma e outra vez, tentando afastar a sensação de queimor que crescia em seu peito. "Não posso perder ele também."

"E você não vai. Eu acredito no potencial do Eren. Ele vai voltar."

Olhando nos olhos castanhos da amiga, Carla disse: "O caminho é perigoso..."

"Apenas confie nele, ok? Isso é tudo que você precisa." dito isso, ela a ajudou a ir na direção do sofá.

"Aquele idiota... Ele não pode partir sem ao menos deixar um neto para mim." tentou pôr humor naquela situação, mas acabou tendo que conter um soluço logo depois. 

Fechando seus olhos com força, ela chorou em silêncio. "Eren, seu idiota... Seu cabeça dura. Eu preciso de você aqui. Do meu lado. Onde sempre me garantiu não sair."

E como se o pedido angustiante chegasse nos ouvidos do Eren, que subia na direção de uma imensa montanha onde duraria cerca de dois dias para finalmente chegar na floresta, o mesmo olhou para trás com o cenho franzido. Olhando para o pôr do sol, ele suspirou. Talvez seu cansaço esteja pregando peças consigo. 

"Tudo bem... Descanso por alguns minutos." dito isso, ele mal sentiu quando seu corpo desabou contra o chão, fazendo-o cair de bunda.

Esfregando seu rosto para tentar se despertar, ele pegou o mapa em sua bolsa e o abriu, tendo em mente estudar os próximos caminhos para evitar qualquer problemas com bandidos. Estava exausto, e só o que faltava era um bando de filhos da puta em seu caminho para dificultar as coisas.