Capítulo Trinta e Nove: Um Lugar Para Chamar de Casa

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2 de dezembro de 1979

No dia seguinte à festa de casamento, fui embora pela manhã. Deixei uma carta avisando que eu precisava resolver algumas coisas, para que, quando Frida acordasse, não ficasse confusa com a minha partida.

Óbvio que, quando cheguei em casa, Alice me encheu de perguntas, já que ela havia passado a noite lá e eu não. Tantas perguntas que me deu mais dor de cabeça que a ressaca que eu estava.

Eu me desviei da maioria das perguntas, mas acho que a minha cara de criança quando ganha doce já respondia todas as questões de Alice. Depois de reparar isso ela não fez mais nenhuma pergunta. Provavelmente faria para gracinha depois.

Logo pela manhã apenas tomei um banho para poder sair de novo. Iria resolver assuntos com a Ordem, já que James e Lily agora estavam em lua de mel, então era necessário fazer algumas provisões.

Naquela mesma noite voltei para a casa alugada por Frida e a encontrei empacotando o que estava fora da caixa. Disse que iria se mudar definitivamente para o sudoeste da Inglaterra. Godric's Hollow. Achei um tanto quanto longe, mas isso já era melhor do que ela perdida no mundo.

Ajudei-a a guardar várias caixas enquanto ela me contava onde esteve. Não perguntei o motivo de ter ido embora, apenas escutei sobre a percepção dela sobre o mundo e como isso a fascinou. Talvez, mas só talvez eu tivesse ficado enciumado, mas não comentei nada a respeito.

Como o sonho dela sempre foi escrever, foi isso que ela fez. Escreveu como a magia era ao redor do mundo e as culturas mágicas diferentes. Até a incentivei em publicar, mas a sua desculpa foi esperar a guerra acabar. A coragem dela tinha certas restrições e limites.

Dois dias depois ela se mudou. Levou suas coisas em seu Charger e eu acompanhei. A casa tinha dois andares, com uma sala, banheiro e cozinha em baixo e dois quartos e um banheiro em cima. Com a minha ajuda (e um pouco de mágica, é claro) arrumamos o que tinha para arrumar. E ainda tiramos a tarde para comprar móveis e tintas.

Como os móveis foram entregues no dia seguinte, ficamos pintando a casa. Tudo parecia como se ela nunca tivesse ido embora e que o ano passado não tivesse existido. Era bem estranho, mas não era ruim. Só algo novo e não usual.

Passei a noite com ela nesse dia também. Ela colocou discos de vinil para tocar e aproveitou que não haviam móveis na sala para me fazer dançar com ela, já que não havia feito durante o casamento. Ela tinha algumas garrafas de vinho em uma caixa, então acabamos bebendo também. Eu nunca soube muito bem, então acho que rendeu várias risadas e erros. Foi algo bem estranho. E eu estou dizendo muito essa palavra, não?

"Não sabia que gostava de Elvis" eu cheguei a dizer depois de ela rodopiar segurando minha mão. "Muito menos que dava para dançar esse tipo de música".

"Qualquer coisa se pode dançar, meu amor" ela respondeu sorrindo. Foi até o balcão da casa e trocou o disco do Elvis para Queen. Logo as músicas do álbum A Night at the Opera invadiram a sala vazia e ela se virou para mim. Era incrível como essa mulher conseguia ser tão maravilhosa para os meus olhos. Mesmo usando apenas uma blusa branca longa com o cabelo preso de qualquer jeito, ela continuava fascinante para mim.

Quando os primeiros acordes de Love Of My Life começaram a tocar, ela se aproximou sorrindo travessa e passou os braços pelo meu pescoço. O nível de álcool em nosso sangue não era muito, mas já o suficiente para eu tentar dançar qualquer coisa. Frida começou a se mover lentamente e eu a acompanhei, enquanto ela sussurrava a letra da música.

Aproveitei aquele momento para pegar algo que eu havia deixado no bolso para entregá-la. Peguei a pulseira prateada e mostrei pra ela, que pareceu confusa. "Ela sempre pertenceu à você, assim como eu". Essa frase foi o suficiente para ela sorrir e estender o pulso, fazendo-me colocar a pulseira ali.

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