Mi Cielo

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Suspiro pelo que parece ser a quarta vez em menos de cinco minutos enquanto encarava o teto do quarto de hotel em que me hospedava.

O aquecedor do cômodo não era nada comparado ao calor que parecia irradiar do meu peito a cada vez que pensava nela. E vinha sendo assim desde que a tive para mim pela primeira vez, uma paixão incandescente que me consumia mais intensamente a cada dia.

E, mesmo correndo o risco de soar como o poeta mais clichê do mundo, não tenho medo de confessar o que sinto. Porque esse amor ardia tão intensamente que e eu desejava gritar orgulhosamente para Deus e o mundo o quão poderosa e devastadora era essa chama.

Agora, deitado na espaçosa cama em meio à uma pequena folga da turnê, tento conter a euforia e controlar o ritmo das batidas do meu coração ansioso. Mas como controlá-lo, se a dona dele ainda não se fazia presente ao seu lado?

Massageando meu peito, tento encontrar alívio no seguro aperto causado pela saudade.

Eu não a via há doze dias. Doze longos dias que se estendiam infinitamente e pareciam se prologar cada vez mais em torno de nossas agendas e compromissos. Eu, com vários shows a serem cumpridos. Ela, com diversas obrigações pertinentes ao pré-lançamento de um álbum.

Suspiro mais uma vez, pensando em como daria tudo para que ela pudesse estar ao meu lado agora, compartilhando comigo muito mais do que mensagens por uma tela de celular.

Ah, Camila... Como queria você aqui agora.

Ainda assim, apesar de toda a agitação e compromissos da nossa rotina, nunca deixamos de nos falar frequentemente.

Eu ligava quando acordava, enquanto estava almoçando, antes de me concentrar para um show e logo antes de dormir. E ela fazia o mesmo, mandando-me mensagens quando voltava da academia, quando ia pra um café e quando deixava uma sessão de fotos.

Mas, ainda assim, nunca parecia o bastante.

Não importa se nos víamos por vídeo-chamada durante dois minutos ou duas horas. Nunca era o bastante de Camila Cabello em minha vida.

Os meus pensamentos se interrompem por um momento quando ouço o celular tocar e  rapidamente me sento no colchão para alcançar o telefone que descansava na cabeceira da cama.

É então que abro um largo sorriso ao confirmar minha reflexiva antecipação por sua chamada.

- Meu amor – Lhe respondo carinhosamente, me levantando para admirar a bela vista de Nova York à noite. Através do imenso vidro descoberto pelas cortinas do quarto, podia ver a cidade pulsando vitalmente do alto da cobertura de um dos hóteis ao lado da Quinta Avenida.

- Boa noite, mi amor.

Estremeço com sua voz doce e macia me atingindo com seu sotaque espanhol perfeito. E, encostando a cabeça na janela fria pelo ar condicionado, fecho os olhos ao escutar seu suspiro característico de resignação.

- Você não conseguiu reagendar a reunião, não é?

Há uns cinco dias estivemos esperando que ela pudesse convencer os agentes de sua gravadora à adiar o encontro que definiria os últimos acertos das estratégias de lançamento do seu segundo álbum. Mas a data parece ter sido especialmente pensada para atrapalhar nossos planos de comemorar meu aniversário juntos.

- Não, amor – Ela responde, visivelmente triste. – Por alguma razão eles estão irredutíveis nisso. Já me estressei tanto hoje, a única coisa que conseguia pensar era no quão infeliz eu me sentiria se amanhã não fosse te ver. E mesmo assim, tudo que consegui ouvir foi um "sinto muito, querida" do Joey.

Mi Cielo - Shots Of LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora