a rosa Elena

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1984.

- Você é muito intensa. – ela corre o dedo indicador pelo meu braço e eu observo-a com a cabeça apoiada na minha mão direita.

- Enquanto todos pensam que sabem, eu apenas sinto... muito.

Ela cita Carlos Drummond sem tirar os olhos da minha pele e só então sorri e me olha. O facho de luz bate exatamente no seu olhar, e eu prendo o ar ao ver aqueles olhos tão iluminados.

- Seus olhos são lindos. – não hesito em dizer no ato.

Ela faz uma careta e sorri tímida e na hora sei que vai me abraçar e é o que ela faz. Se aninha no meu peito e eu suspiro.

- Você tem muitas dentro de você. – eu continuo e ela sorri com o rosto no meu peito.

Senti-la assim é fascinante para mim, eu me sinto poderoso com aquela mulher incrível cabendo dentro do meu abraço.

- Acho que tem razão. – ela responde pensativa – tenho muitas... mas você também – ela ergue o olhar para mim sorrindo e eu sorrio de volta – e aqui, na cama, todos os nossos eus se adoram e se completam e se encontram e transam loucamente corpos e ideias.

- Você é maravilhosa. – é o que consigo dizer e a aperto contra mim.

- Sou como uma rosa, Cláudio. – seu tom de voz muda levemente – muitos querem a beleza das pétalas, o aroma delicioso e atraente, a cor exuberante, mas ninguém quer os espinhos. É preciso ter muita coragem para incluir, aceitar e me amar além dos espinhos. 

entre amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora