Capítulo 03

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As reuniões eram, na maioria das vezes, muito agradáveis. A equipe discutia projetos mais importantes, dividiam ideias e estabeleciam metas atingíveis. A empresa tinha em sua maioria feedbacks positivos de seus clientes até o momento, o que era motivo de comemoração entre eles.

Essa notícia a motivava ainda mais. Gostava do trabalho bem feito e do reconhecimento que vinha com ele. Ao final da reunião, como de praxe, todos assinavam a ata de participação e ela logo se adiantou para voltar correndo aos seus afazeres.

- "Márcia?!"

Lara, que já estava saindo da sala, ouviu o nome e sentiu um calafrio. Parou por um momento e então se virou na direção da voz.

- Lá, você assinou como "Márcia" na ata, você tem um pseudônimo e ninguém sabe? – brincou Carla, a estagiária responsável pelo documento.

Ela voltou correndo e olhou para o caderno. Estava lá, "Márcia", com a mesma letra estranha dos documentos.

- Nossa, Carlinha! Márcia é uma cliente que estava me deixando meio doida mesmo, olha só! – mentiu, arrumando o nome. – Pronto, desculpa aí!

Sentou em sua mesa sem saber o que pensar. Seu cérebro estava em colapso e tudo parecia branco. Ficou apenas parada por alguns minutos, sem nada na mente.

*

- LARA!

Era Gabriel, chamando a amiga pela terceira vez, até ela enfim voltar para o corpo e escutá-lo.

- Oi amigo, desculpa, estou distraída hoje.

- Notei! O que está acontecendo, algum problema? Tem homem no meio?

- Antes fosse! Estou com uma sensação ruim, não sei explicar.

- Olha amiga, faz um tempo que eu quero ir em uma taróloga superfamosa, é meio longe e nunca tive coragem de ir sozinho. Vamos? Talvez ela possa te ajudar também.

Ponderou aquilo por alguns minutos. Não que acreditasse, na realidade era bastante cética, mas aquilo tudo que estava acontecendo com ela não era o que poderia chamar de normal.

- Bom...deve ser no mínimo divertido. Aposto que ela vai falar que daqui uns anos vou encontrar o amor da minha vida e chegarei a um cargo de gerência. E vai matar alguém da minha família também, tem que ter um toque dramático.

- Ai Lara, que horror, não fala assim. Mas então vou marcar com ela, tenho o número aqui.

"Mal não fará, certo?" – pensou ela.

- Perfeito, ela marcou para hoje às 18h30, saímos daqui e vamos direto!

Certo. Agora ela passaria a tarde toda apreensiva, esperando por algo que ela nunca sequer acreditou, para tentar entender algo que não fazia o menor sentido.

Olhou para o relógio pela quarta vez em vinte e quatro minutos, como se isso intimidasse a hora a passar mais rápido. Pirracenta, ela parecia passar cada vez mais devagar.

Às 17h27 Gabriel apareceu em sua mesa, tão ansioso quanto ela. O fim do expediente era 17h30 e ela, pela primeira vez naquele tempo de trabalho, levantou correndo para bater o cartão e ir embora. 

Depois da CurvaOnde histórias criam vida. Descubra agora