Antonella
Desde muito cedo presenciei minha mãe tentar me moldar de um jeito que nunca me adequei, ela queria que eu crescesse sabendo que deveria ser uma esposa exemplar e submissa ao marido, queria que eu fosse uma dona de casa perfeita que aceitaria receber qualquer ordem sem questionar, só que ela se esqueceu que eu cresceria e me tornaria o que bem entendesse e tomaria minhas próprias decisões. Quando comecei a trabalhar aos 15 anos para ela parecia o fim do mundo e quando decidi que faria faculdade de jornalismo, a mulher faltou pouco para morrer, eu sinceramente não entendia minha mãe, ao invés de se orgulhar por ter uma filha que vai em busca dos seus sonhos ela sente vergonha, diz que irei envergonhar a família perante a todos, quando comecei a namorar Lucca aí sim ela quase morreu, até desmaiou quando contei, meu pai e ela se opuseram ao nosso namoro porém estou com Lucca até hoje, mesmo contra a vontade deles.
Tirando isso os dois são ótimos pais, minha mãe tem seu jeitão mais me ama mesmo eu sendo toda errada, segundo ela. Agora estou aqui sentada em uma das banquetas da cozinha ouvindo ela falar o mesmo discurso de sempre, em plena 6h da manhã eu sou obrigada a ouvir isso.
- Você tem que se esforçar para aprender Antonella, parece que faz as coisas erradas só para me contrariar. - diz secando as mãos no pano de prato que está em seu ombro, reviro os olhos diante suas palavras, isso tudo só porque disse a ela que não nasci para ser escrava de homem. - Não deveria nem trabalhar, seu pai sempre te deu do bom e do melhor e agora você está nessa rebeldia de querer trabalhar e estudar, nunca vi, deveria está aprendendo etiquetas, bordados essas coisas que uma esposa exemplar faria. - diz me fazendo revirar os olhos mais uma vez.
- Mãe meu amorzinho, já disse para senhora que não nasci para ser uma dona do lar igual a ti, e outra trabalhar e estudar não são sinônimos de rebeldia, deveria se orgulhar por ter uma filha que vai em busca dos seus sonhos e de um espaço nesse mundo louco. - digo me levantando e caminho até a mesma. - Já disse uma vez e irei repetir, não serei escrava de homem tão pouco ficarei dependendo de um para me bancar sendo que tenho dois braços e duas pernas que estão em perfeito estado e me permitem trabalhar, então para de querer me tornar uma coisa que nunca serei. - falo e beijo seu rosto. - O papel de esposa perfeita e seu, não meu.
- Eu não tenho vergonha de você Ant. - diz alisando meu rosto e falando meu apelido. - Só queria que você fosse um pouquinho parecida comigo, queria que tivesse aprendido pelo menos um pouco do que te ensinei. - fala e abaixa os olhos.
- Cada um tem seu jeito mãe e eu tenho o meu, aprendi muito do que a senhora me ensinou, veja por si só. Só que a senhora tem que parar com essa mania de querer que eu seja uma cópia fiel tua, não consigo ser assim mãe e cada vez que a senhora tenta me força a ser uma dona do lar exemplar me sinto frustada. - pego suas mãos entre as minhas e beijo. - Eu quero conhecer o mundo mãe, sou como um passarinho que anseia voar livre sem ter uma gaiola prendendo-o, não me leve a mal mas meu mundo não é dentro de uma cozinha ou bordando uma toalha ou até dando ordens para os funcionários, não sou como a senhora aprenda isso por favor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Don da Máfia [DEGUSTAÇÃO]
RomanceO tempo deixa perguntas, mostra respostas, esclarece dúvidas mas, acima de tudo, o tempo traz verdades. Crime de Violação aos Direitos Autorais no Art. 184 - Código Penal, que diz: Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena...