COMO ESCREVO e como isso pode te ajudar

3.1. "Tenho medo de plágio." É mesmo?

É mais comum do que você imagina ter medo de publicar seus textos, de postar em blogs, no Wattpad ou em outras plataformas, com medo de ter o texto roubado ou as ideias copiadas. Comum demais, mesmo!

Mas... Vou te dizer algo chocante, agora:
Isso é um medo de principiante!

Ok, eu já tive esse medo, de ser plagiado, ou mesmo de encontrar meu texto com outra assinatura e ter que provar que é criação minha.
E faz sentido, né? Tanto trabalho que dá pra fazer algo que é seu filho, que brotou da sua alma. Uma obra original, só sua!

Certo, agora vamos aos fatos.

A história da humanidade contou com milhões de contadores de estórias. Provavelmente, algo em sua ideia está em textos de algumas centenas de milhares deles. Talvez toda a sua ideia já tenha sido abordada por uma dezena de milhares.

É sério. A probabilidade de sua estória ser toda original é praticamente nula. E isso não é um problema, pelo menos não necessariamente.

Se por um processo racional e intencional ou por instinto, não importa. Mas entre um ou outro elemento pontual que vem essencialmente da sua imaginação, o que você escreve é quase um compilado de informações que você já viu em algum lugar. Livros, notícias, fofocas... Não importa a fonte, nem se você lembra onde viu ou ouviu, mas, essa é, em último caso, a fonte de suas ideias.

A suposta originalidade está, na verdade, em como você arranja essas informações. Ou na quantidade de referências que você usa para enriquecer sua obra. Um escritor que observa pessoas, tipos humanos, que ouve pessoas, que tem vivências, tende a compor personagens mais ricos, complexos e completos (vejam bem: "tende a" não significa que, fatalmente, "irá!"). Escritores que gostam de arquitetura, pintura, que viajam muito ou apreciam paisagens, esses provavelmente comporão cenários muito bem traçados, detalhados, imagéticos até. E assim por diante. E quem leu todos esses terá a possibilidade de somar todas essas referências ao seu repertório de influências, o que reforça mais uma vez a recomendação de que se leia muito (muito embora, principalmente em se tratando de pessoas, seja mais confiável extrair características de pessoas reais, se você não pretende sair demais da realidade; o que se aprende bem é a usar palavras para descrevê-las).

Então, se de um lado o que você produz, absolutamente, não é original, ainda assim é único e bastante pessoal. Ocorre que, se alguém copiar sua ideia, o resultado será diferente do seu. Você não tem pelo que temer, de verdade, um plágio. Já se o que está, de fato, temendo é que copiem seu texto pronto, não vou afirmar categoricamente que isso é impossível, mas, ousaria dizer que isso é no mínimo muito improvável.

Há mais: pelo direito, sua obra está protegida desde a criação, desde que você escreve. Mas, se alguém a copia e publica antes de você, você pode ter dificuldades para provar que você a criou. Já se você publica o quanto antes, fica mais fácil de provar que você tem esse texto há muito tempo.

Até onde eu consigo ver, manter um texto absolutamente inédito é útil basicamente para concurso literários que o exigem. E só. Hoje em dia, até muitas das editoras (se não todas) não exigem mais esse ineditismo. Um livro que faz sucesso, por exemplo, numa plataforma como o Wattpad é bastante cobiçado por editoras. Um autor que tem público cativo nessa ou outras plataformas tem algo muito bom para conquistar a atenção das editoras.

Portanto, se você não publica seus textos por medo de plágio, pense a sério em mudar de hábitos. Quando publicamos, damos aos textos sua razão de ser: serem lidos.

E, quando o público os ler, você talvez possa ter o privilégio de conhecer o que alguns deles acham do que você escreve. Possivelmente, conhecerá opiniões positivas, e outras nada lisonjeiras. Sem exceção, incluídas as que estão completamente erradas, todas essas opiniões são oportunidades de aprendizado. Considere-as com carinho.