1.5. Planejamento? E precisa?

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Acredite: há muito o que se planejar quando se quer escrever um texto mais extenso. É não só textos longos. Até uma redação dissertativa de escola pode ser muito melhorada com um bom planejamento.

Eu adoraria lembrar agora onde eu vi a seguinte comparação: há escritores que são jardineiros, e há escritores que são arquitetos. Os arquitetos planejam a obra nos mínimos detalhes e escrevem dentro desse planejamento, enquanto os jardineiros vão produzindo sua obra pouco a pouco, revolvendo a terra e regando, deixando florescer livremente seu texto e se surpreendendo com os acontecimentos junto com os personagens.

Certamente, devo admitir que nos textos curtos eu frequentemente sou jardineiro. Até porque, como digo em outro capítulo desse livro, comecei a escrever meus contos com forte influência de uma técnica de improviso que aprendi na minha vida no teatro. Também meus poemas, modo geral, eram escritos em momentos de intensa e incontível inspiração. E, a bem da verdade, admito também que não vejo problema algum em ser jardineiro. Pode dar muito certo.

Mas, o jardineiro muito facilmente se depara com perturbações criativas graves. Sabe aquele branco absoluto, quando você não consegue resolver um problema da estória, ou adicionar a ela uma linha sequer? Arquitetar sua estória pode ser a chave para resolver muitos problemas.

Até o presente momento, tenho resolvido muitos problemas de minhas estórias e os vazios criativos com um bom planejamento. Com uma visão panorâmica da estória, tenho descoberto frequentemente o que não funciona, o que devo mudar, onde há lacunas importantes... tenho, em outras palavras, descoberto como transformar ideias muito boas em textos que já não são (tão) medíocres como seriam. E por isso estou tão animado em compartilhar meu aprendizado com vocês todos! Faz, realmente toda a diferença.

E, ao contrário do que muitos tentam fazer pensar, esse tipo de planejamento, se bem conduzido, não limita você. Ele ajuda a resolver as coisas, mas, não vai necessariamente vincular a produção do livro. Às vezes, estou seguindo bem o planejamento até que, quando estou escrevendo um determinado capítulo, penso numa solução melhor. Meu outro lado mais improvisador mostra que também tem jardim no meu projeto, e algumas soluções improvisadas respondem melhor às necessidades que criei na narrativa. Nessa hora, digo que siga seu instinto e deixe fluir! E, assim que puder, procure atualizar no planejamento, para ter essa guia se e quando necessário.

Em outras palavras, se você tem enfrentado crises criativas, ou se vai escrever um livro com trama mais complexa, ou simplesmente se quer desenvolver um trabalho mais completo, um planejamento pode ser uma excelente opção. Planejar é sempre bem-vindo, mesmo que não seja sempre necessário (use de bom senso). Mas, isso não mata sua espontaneidade, nem deveria!

Teremos capítulos voltados especialmente a diferentes técnicas e dicas diversas de planejamento.

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