Fogo E Gasolina (Solangelo)

Capítulo 1 - A conversa no ponto de ônibus.

Nico Di Ângelo era um merda, e ele sabia disso, e bom, talvez o fato dele saber disso o tornasse melhor do que os outros merdas por ai. Di Ângelo sabia oque ele era, e ele era instável, inconsequente, imprevisível, mimado e egoísta, e ele não se importava. Nico era uma pessoa que as vezes era garoto e que as vezes era garota, e que usava maquiagem e saia nas festas, e as vezes ele não era nada a não ser ele, ele era a pessoa que uma vez enfiara um canivete no braço de um dos jogadores do time de futebol da escola porque o cara teve a ousadia de derrubar seus livros no chão e o chamar de viadinho (bem, pelo menos depois daquele dia ninguém mais ousou ser homofobico com ele), ele era a pessoa que todos temiam, mas ao mesmo tempo também queriam manter por perto, afinal, a família do garoto nadava em dinheiro, mas Nico Di Ângelo não tinha amigos, a não ser é claro Will Solace.

Will Solace, o loiro bonitinho, educado, gentil, o garoto de ouro e que tirava nota A em basicamente todas as provas, e que por algum motivo desconhecido o universo havia feito com que Will e Nico se conhecessem.

Era uma manhã de segunda, Nico estava no ponto de ônibus lendo um livro do Stephen King, ele sabia que podia ir de carro, afinal ele tinha um motorista particular, porem o garoto gostava de pegar o ônibus, o fazia se sentir um pouco mais normal, se que algum dia aquela palavra fosse se aplicar a ele.

-Bom dia - uma voz demasiadamente alegre para uma segunda-feira de manhã soou ao seu lado.

Nico virou a cabeça e se deparou com um garoto de cabelos loiros e cacheados, uma calça jens rasgada no joelho, all-star amarelos e um moletom também amarelo grande de mais para o seu corpo. Nico já havia o visto nos corredores da escola.

-Bom dia - Nico respondeu de forma polida.

O garoto sorriu e então se sentou ao lado do outro.

-Somos da mesma escola não é? - o loiro voltou a falar - acho que já te vi nós corredores.

Com seu mal humor matinal falando mais alto, Nico quase pensou em responder: eu sou a porra da maior aberração daquela escola, é claro que você sabe quem eu sou, porém se controlou e disse somente:

-É, acho que sim.

-Oque está lendo?

Nico então mostrou a capa de Carrie, a estranha.

-Nunca li nem um livro dele - o loiro falou enquanto indeireitava a postura - nunca fui muito fã de terror, normalmente eu leio mais fantasia.

-Legal - Nico respondeu curto e grosso.

No mesmo instante o sorriso radiante do loiro murchou e ele voltou a sua atenção para as suas proprias mãos em seu colo. Nico nunca admitiria, porém naquele momento ele se sentiu um monstro perverso, e a culpa começou a crescer em seu peito. Então tentando afugentar o mal humor matinal e reunindo o pouco que ele sabia sobre interações sócias, ele disse:

-Eu também leio fantasia de vez em quando.

No mesmo instante um sorriso voltou a ocupar os lábios de Will.

-Você já leu Harry Potter? - o garoto perguntou com sua voz ganhado uma dose de empolgação.

-Já.

-Qual a sua casa?

-Covirnal.

-A minha também - o loiro disse em tom de comemoração enquanto levantava os bracinhos, como se o fato dos dois serem da mesma casa de Hogawarts fosse uma das coisas mais incríveis de todas, e Nico havia achado aquilo extremamente adorável, mas isso seria outra coisa que ele nunca admitiria em voz alta.

-A propósito, sou Will Solace - o loiro esticou a mão se apresentado.

-Sou Nico Di Ângelo.

Então os dias foram passando, eles conversavam todos os dias no ponto de ônibus, tanto na ida quanto na volta, falavam sobre coisas bestas, como filmes, músicas, livros, lugares que gostariam de conhecer, entre outras coisas.