Capítulo 11 - Deixar os fantasmas irem

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     Nico se achava uma merda, ela tinha muita vergonha de várias coisas sobre ela, mas existem duas coisas das quais ela nunca se envergonhou, (1) ser trans e (2) ser bissexual. Ela amava ser trans e ela amava ser bissexual, mas ela não era só isso ela tinha muitos defeitos e agora Will estava tentando a encinar a ver suas qualidades, ela não se resumia só ao seu gênero e uma coisa que ela havia aprendido é que boa parte do povo da sua escola se dividiam em três grupos (1) os que não davam a mínima para a existência dela, (2) os preconceituosos que não a deixavam em paz e (3) os que tinham pena dela, pois achavam que sua vida se resumia a transfobia e a odiar o proprio corpo, oque não era verdade, já que Nico sabia que era uma puta de uma gostosa, e é claro que tinham pessoas que fugiam da regra, como o Jason, o Percy, a Annabeth, o Leo, a Piper e é claro o Will.

-Eu não sei oque fazer! - disse Jason exasperado e Nico não conteve um revirar de olhos.

-Ah, não sei, levem ele a um restaurante, o Leo ama comida.

-Mas isso é muito simples - disse Piper

     Nico, Jason e Piper estavam no refeitório dividindo uma pacotinho de batatas chips, Grace e McLean tentavam decidir oque dar de aniversário para Leo.

-Então de uma chave de fenda e um parafuso, sei lá.

-Você é pessima Nico - disse Piper balançando a cabeça em negação - tenho dó do Will.

    Nico revirou os olhos e então olhou para as próprias mãos apreensivo.

-Oque foi? - Jason perguntou.

-Will está estranho hoje.

-Estranho como?

-Ele está quieto, ele não falou quase nada, nem quando nós encontramos no ponto de ônibus e nem durante o percurso, Will nunca para de falar.

-Realmente, isso é estranho. Por falar nele olha ele ali - Jason diz apontando para algum lugar atrás de Nico.

     Di Ângelo olhou para trás a tempo de ver Solace passando pela porta do refeitório.

-Tenho que ir - ela disse se levantando e praticamente correndo atrás de Will, que estava andando apressado pelo corredor - ei! Will! Espere!

     Will parou no meio do corredor e se virou para trás parando de frente para Nico que o olhava preocupada. Nico não deixou de reparar que os olhos e o nariz avermelhados.

-Oque houve com você? - Nico pergunta.

-Só não estou me sentindo bem - diz Will dando de ombros.

-Quer conversar? - Nico continuou insistindo.

-Não - Will respondeu seco, isso machucou um pouco Nico. Will nunca falará assim com ela.

    Silêncio.

-Quer sair mais tarde?

    Silêncio.

-Não - ele disse, ainda de modo seco e se virando para ir embora, e ele o teria feito, se não fosse o fato de Nico ter segurado seu braço o prendendo no lugar. Aquela frieza estava começando a deixar Nico angustiada.

-Me conta oque houve, por favor!

    Will respirou fundo e se virou para Nico, e então disse:

-Hoje fazem três anos que a minha mãe morreu.

Silêncio.

-Ah, eu sinto muito - disse Nico incerta com oque deveria falar - tem certeza que não quer sair?

-Eu só quero ficar sozinho hoje - disse Will, ainda de maneira fria, e então se virou e saiu andando, sem perceber que algo cairá de seu bolso.

     Nico se abaixou para pegar oque havia caido no chão, então seu coração doeu ao perceber que era uma lâmina.

     Nico teria ficado lá, atônita, se não fosse o som de alguém limpando a garganta o despertar.

     Nico olhou para o lado e viu a porta das salas do professores, parado lá, em sua cadeira de rodas motorizada estava o Prof ° Quiron, ele encarava Nico com seriedade.

-Terei que pedir que me entregue a lâmina - ele diz em um tom sério - seu amigo não parecia nada bem.

-Ele não está - diz Nico se levantando e entregando a lamina ao professor - o senhor teria o telefone do pai dele?

-Entre - diz o homem dando passagem para Nico entrar na sala - aceita um chá?

-Não, obrigada.

     O homem vai até uma mesa e para de frente para um computador e então pergunta:

-O nome dele é William Solace. Certo?

-Sim.

-Sabe Nico - o homem começa a falar enquanto digita no computador - a vida é uma eterna mudança, as coisas vem e vão, e isso também se aplica a pessoas e as vezes temos que entender que por mais que amamos alguém essa pessoa irá partir, e as vezes é necessário deixar elas irem, mas jamais devemos esquecelas e é por isso que as memórias permaneçam em nossos corações, como fotografias ou como capítulos de um livro que já foi lido. Entende?

-Acho que sim.

-Se não deixarmos as pessoas irem os fantasmas delas sempre irão nos assombrar. Uma casa assombrada não é um lugar agradável - Quiron concluí anotando o número em um papel e o entregando a Nico - aqui, o número.

-Acho que o senhor tem razão - diz Nico guardando o papel no bolso - obrigado professor.

-Estou aqui sempre que precisar.

Fogo E Gasolina (Solangelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora