Capítulo 8 - Blusa de manga comprida.

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    Hoje, mais cedo, quando Will saiu do banho, ele encarou seu reflexo no espelho, estava um pouco magro, mas oque realmente chamou sua atenção foi as marcas um tanto rosadas em seu braço.

     Fazia 3 semanas que ele não se cortava, oque era um grande tempo. E ele sabia que isso era culpa de Nico.

    Bom, Will ainda de sentia culpado pela norte da mãe, ainda sentia que não era merecedor do amor do pai, ou de qualquer outra pessoa. Porém, conhecer e ficar amigo de Nico havia diminuido a sua solidão, e consequentimente seu tempo para ficar ossioso e pensar merda. Oque era bom. Ele, agora, tinha alguém que o fazia ter um motivo para levantar da cama. Mesmo que fosse difícil.
Will precisava de Nico, precisava de verdade.

     E agora sentado ao lado do outro, bem perto um do outro, perto até de mais, enquanto dividiam uma garrafa de vinho que Di Ângelo trouxera. Solace só pensava que deveria tentar tomar uma atitude.

-Porque, mesmo quando ta um puta calor, você ainda usa blusas de mangas compridas? - pergunto Nico depois de dar um gole no conteudo da garrafa.

    Will sentiu seu estômago revirar e deu de ombros como resposta. Nico o encarou com curiosidade, e então deitou sua cabeça no ombro do outro.
Eles gostavam daquilo, apenas ficavam um na presença do outro, não precisavam de muita coisa. Se pudessem congelar o tempo e ficarem assim para sempre já seria perfeito.
Mas ainda havia algo em Will. Algo se revirando lá dentro.

    A urgência de ser. De ter mais. De saber se seu amor era correspondido naquela mesma intensidade. Como fogo que se alastra.

-Nico. Olhe para mim, por favor - disse Will, meio incerto.

     Di Angelo levantou sua cabeça e se arrumou, de maneira que pudesse ficar de frente para Solace.

-Oque foi? - perguntou Di Ângelo.

-Obrigado.

    Di Ângelo o olhou o curiosidade como se ele houvesse dito a coisa mais estranha do mundo.

-Pelo oque?

-Por estar aqui.

-E porque eu não estaria?

-Não sei. Todo mundo sempre vai embora.

-Eu não vou embora seu bobinho - disse Nico com um sorriso divertido enquanto passa a mão nos fios loiros do outro.

    Will estava olhando diretamente nos olhos de Nico.

    Talvez aquele fosse o memento.

    Então ele se aproximou, e se aproximou mais e mais, as pontas de seus narizes se encostando sutilmente e então... Nico se afastou.

-Não Will - ele disse enquanto se levantava meio cambaleante.

-Porque? Bem, eu achei que você queria, e...

-Essa não é a questão Will, a questão é que, eu e você vivemos em mundos diferentes, somos o oposto um do outro, você é incrível e eu sou completamente fodida. Eu sou um amontoado de coisas quebradas.

-Eu não concordo, na verdade eu acho que somos bem parecidos.

-Ah Will, você não é como eu, nós não somos parecidos em nada, a não ser pelo fato de estarmos na mesma casa de Hogawarts.

-Mas...

-Mas oque Will? - agora Nico parecia estar prestes a chorar - você por um acaso já ouviu oque falam de mim nós corredores? Você concerteza já ouviu as histórias. Me diga Solace, as pessoas sussuram sobre você nós corredores? No trem? Eles te olham torto só por você ser quem é?

-Não, mas...

-Elas dizem que você é louco? Inconsequente? Doente? Problemático?

-Não, mas eu estive sofrendo como você - Nico o olhou confuso - digo, eu e você temos dores... dores terríveis que ficam alojadas em lugares a onde não se deveria sentir esse tipo de dor. Eu e você somos um amontoado de caquinhos de vidro. Mas... mas eu acho que podemos colar eles juntos. Entende? - Will mordeu o lábio inferior, e segurou a manga da blusa, apertando-a em seus dedos como sempre fazia quando estava nervoso.

    Nico veio até ele incerto, e então segurou a manga da blusa de Will, que não ofereceu resistência, já era hora da verdade. E os olhos de Di Ângelo foram em direção ao braço do outro, e ele arfou em surpresa quando viu as cicatrizes e os machucados. Não era como se ele estivesse muito surpreso, afinal, já havia imaginado que aquele pudesse ser um dos motivos para Will usar tantas blusas de manga comprida. Mas imaginar era uma coisa, ver, já era outra, e ver que elas era recentes era muito pior.

-Aquele dia, no ônibus, eu estava com calor - disse Will, lagrimas brotavam no quanto de seus olhos, e Nico sentiu que também começaria a chorar.

    Nico passou as ponta dos dedos sobre as cicatrizes que estampavam o braço magro.

-Will, e-eu... ham - Nico não sabia oque dizer.

-Tudo bem, não precisa falar nada. Só não vá embora. Por favor.

    Nico sorriu de lado e então disse:

-Eu nunca vou sair do seu lado, meu raio de sol.

     Nico encosta seus lábios no de Will de maneira singela, e para Will aquilo foi umas das melhores coisas que já aconteceu em sua vida, ele ficam assim, dando pequenos selinhos, até que os selinhos evoluem, e Will tem sua boca sendo explorada pela língua do outro. 

     Aquela era sensação mais maravilhosa de todas. Era como uma explosão. 

     Eles se separam o suficiente para se encararem. E então naquele momento eles perceberam que se tivessem um ao outro tudo ficaria bem.

     Séria difícil.

     Mas eventualmente as coisas ficariam bem.

Fogo E Gasolina (Solangelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora