Capítulo 8

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— ACHO QUE CHEGA DE ÁLCOOL diz Amélia embriagada.

— Concordo — Christian estava tão bêbado quanto a amiga — Eu tenho um motivo para estar bebendo tanto, Mia, e você? — suas palavras soavam lentas e algumas ininteligíveis.

— Matthew — confessa abrindo um sorriso — Meu fundo do poço sempre será o babaca do seu melhor amigo — ela respira fundo, estava tão pálida que Christian se pergunta se estava passando mal.

— Faz tanto tempo que não nos falamos, que nem sei se tenho mais um melhor amigo — ele conta para ela, recostando-se no espaldar do sofá — Ele tá diferente, a última vez que foi a Evanston não consegui falar com ele porque não tinha um horário agendado.

— Não!? — indaga Mia, incrédula — Isso, definitivamente, não me lembra o Matthew que conheci.

— É, as pessoas mudam.

— Tenho de concordar, não imaginei que você se apaixonaria e tivesse seu coração partido — completa a amiga.

— Hã! Nem eu imaginaria isso. Ela nem me deixou explicar, acreditou apenas no que o merda do pai falou — Christian sentia raiva quando pensava no que tinha acontecido.

— Eu poderia declarar um discurso otimista, de que tudo vai ficar bem e blá blá blá — Mia levanta, recolhe as garrafas de cerveja na mesa de centro — Ora, eu trabalho na perícia criminal, não acredito em finais felizes.

— Um brinde à isso — Christian se estica para alcançar o copo de uísque no chão.

— Sem essa, como uma boa amiga, eu vou tomar esse copo e trazer cobertores para você — ela tira o copo das mãos dele, ele ri e é obrigado a concordar com ela, já havia bebido demais.

Há duas semanas que não falava com Lia, desde aquele dia que foi até sua casa e não tivera a chance de explicar a situação a ela, Christian passou por vários estágios. A tristeza, não conseguia fazer nada que não fosse pensar em sua garota. A fúria, quebrou vários móveis para extravasar. A saudade, chorou feito uma criança no colo de Amélia e agora desfrutava da aceitação, foi como tinha de ter sido. Nada que fizesse mudaria o que já estava predestinado a acontecer.

O bom dessa história toda é que ele conseguiu encontrar um vínculo com Amélia. Ela tem sido uma âncora no pé dele, o mantendo centrado, incentivando que lutasse cada dia. Isso era uma dádiva. Contudo, Annie foi designada a outra delegacia, então ele não tinha mais a amiga no trabalho sempre por perto. Pelo o que pode entender, ela estava enfrentando alguns problemas de família e teve de voltar para sua cidade.

— Sabe do que precisamos? — pergunta a Mia, quando volta para sala com alguns cobertores —Tirapia!

Tirapia? — pergunta, confusa.

— Sim, uma sessão de tiro no campo. Massacrando frutas podres, garrafas, latas... Vamos, você vai gostar — incentiva.

— Certo, eu ando precisando treinar minha mira — ela faz uma mímica como se estivesse segurando uma arma — Pow! — e depois assopra as pontas dos indicadores.

— Isso ai, entra no clima — Christian ri — Boa noite, Amélia!

— Vai se ferrar, Chris, é só Mia. Apenas o babaca do Matthew me chama de Amélia — ela revira os olhos — Boa noite!


A DOR DE CABEÇA O ESTAVA MATANDO, estava com uma ressaca ferrada. Ele lia e relia os relatórios sobre sua mesa, mas as palavras não estavam fazendo sentido nenhum. Sentia falta de Annie, foram parceiros por dois anos e já haviam criado uma amizade, confiança e um sistema sem igual. Não conseguia ganhar qualquer simpatia pelo cara que estava, temporariamente, como seu novo colega.

Tempestade [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora