Capítulo 33

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NÃO TIVERA QUALQUER PREPARAÇÃO PARA O QUE TERIA QUE PRESENCIAR. Christian nunca se sentiu tão desamparado em toda sua vida. Sempre entrava em qualquer lugar olhando ao redor, procurando uma saída, mas tudo que conseguia ver agora, era o seu rosto contorcido de dor e ouvir seus gritos incessantes. Ele se sentia totalmente despreparado.

— Respira, vamos — instruí, mas Lia, em resposta, rosna para ele. Estava sobretudo assustado.

— Hora de empurrar — comanda Dra. Renée.

Ela faz o que é pedido, naquela maldita sala de hospital, sendo atendida e auxiliada a todo o momento. Contudo, o trabalho duro era somente dela. Estavam vivendo aquela tortura por quase uma hora, mas parecia mais, parecia uma eternidade, desde que a vestiu e dirigiu feito louco com o telefone preso ao ouvido, ligando para todo mundo.

— Ah! Eu não aguento mais — ela declara e ele pensa o mesmo, seus dedos estavam roxos, tamanha força que ela apertava sua mão.

— Vamos, baby, só mais um pouquinho — a incentiva.

— Um pouquinho? Vai se ferrar, não é você que está sendo rasgando ao me... ah! — ela grita com uma nova contração. Ele estava sendo ofendido desde que começou as dores fortíssimas, há mais ou menos, vinte minutos — Eu te amo, Chris, eu te amo — ela começa a falar desenfreadamente.

É a primeira vez que ela admite alto e, de repente, nada mais o aflige. Ela o amava, mesmo tendo consciência disso nos últimos meses, ouvi-la dizer modificou alguma coisa dentro dele. Quando ele estava prestes a respondê-la, o som do choro ganha espaço naquele ambiente caótico e Christian não escuta mais nada, somente aquela canção.

Tudo fica escuro e claro ao mesmo tempo, mas seus olhos estão focados numa única coisa, ou melhor, pessoa. No Gabe, enquanto uma enfermeira o enrolava num tecido fino e o limpa, ele segue cada movimento. Então ela o aproxima, deixando-o sobre o peito de Lia, e os dois apenas observam apaixonados o pequeno bebê em seus braços. Nesse momento ele chorou também, de alegria.

Dura pouco. Os olhos dela vão se fechando e os aparelhos, controlando seu estado, berrando que algo estava errado. A alegria foi dissolvida e agora ele estava em pânico, assistindo a mulher da sua vida, apagar diante dele e Christian não ser capaz de fazer nada. Alguém pega Gabe e outra pessoa o empurra porta fora, tudo é um borrão, tudo fica escuro de novo e, dessa vez, não fazia mais sol.

NÃO SABE QUANTO TEMPO PERMANECEU SENTADO NO CORREDOR, ele se sentia uma criança novamente, queria os pais, mas ainda estavam chegando. Foi quando avistou Logan caminhando feito um caminhão desgovernado em sua direção, ele o encara por muito tempo, mas não diz nada quando se senta ao lado de Christian e envolve seus ombros com o braço. E os dois, passam a esperar juntos.

Vai ficar tudo bem!

Repetia feito um mantra, ele não tinha fé, mas naquele momento se equipou disso. Eles não tiveram tempo, contudo, rastejaram pelo inferno inúmeras vezes e essa era só mais uma. Conseguiu identificar naquele ambiente claustrofóbico, quando tudo começou a ir mal, alguém gritar que a pressão estava caindo, então ele se agarrou a isso, sabendo que era um quadro que tinha solução.

Os minutos foram passando, ou quem sabe fossem horas, ele não tinha qualquer noção. Mal pôde reparar no filho, porque sabia que ele estava bem, tudo que via fora Lia fechando os olhos, enquanto o sorriso desapareceu do seu rosto, essa cena repassava em sua cabeça, incessantemente.

— Vocês são familiares de Lia Snow? — indaga uma médica, que ele não conhecia.

— Sim — os dois respondem juntos e ela franze o cenho, mas não questiona o grau de parentesco.

Tempestade [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora