Capítulo 39

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EFEITO DOMINÓ, segundo a definição, efeito em cascata ou em cadeia, sugere a noção de uma série de acontecimentos semelhantes à média, longa ou infinita duração. Basicamente, acredita-se que uma coisa tem de ser a causa de outra e assim sucessivamente. Um cai e derruba o próximo.

— Logan — Lia berra, logo que a queimação domina todo o seu braço.

Raymond premeditou o próximo passo de Ruan e atirou em seu ombro, já que era ele estava escondido atrás de Lia e não tinha espaço para um tiro certeiro, a ação dele, desviou a bala que atingiria a cabeça de Lia, acertando-a no braço. Seu grito foi capaz de fazer Logan acordar de seu torpor. Ele arregala os olhos, identificando o braço ensanguentado da filha.

— Filho da puta — foi o que ele disse antes de avançar em Ruan.

Fazia muito tempo que ele não lutava, já que a segunda metade de sua vida, Logan se dedicou apenas ao aprendizado de terceiros, mas Lia podia ver como seu pai era bom no que fazia. Seu punho acerta o rosto de Ruan repetidamente. O elemento surpresa faz com que a arma caia no chão. Ele tenta reagir, pegar a arma, ou esmurrar Logan, mas seus golpes eram inconsistentes.

O braço atingido começa a formigar, ela achava que a queimação era ruim, no entanto, a dor que se apresenta conseguia ser pior. Tateia o assoalho do cais, tentando capturar uma das pistolas que foram derrubadas.

— A cavalaria chegou — grita Mia, vencendo o som dos tiros.

Logan derruba Ruan no chão, sua mão e seu rosto estão cobertos de sangue, que respinga pelas suas roupas. Não identifica mais sua arrogância, apenas seu desespero. Lia mira a arma nele, mas o pai ficava na frente. Ela não tinha pontaria, então decide que ir na mão era melhor do que correr o risco de acertar Logan.

Se arrasta para perto dos dois homens. Ruan estava quase inconsciente, seus punhos se levantavam de maneira patética, procurando atrito contra qualquer corpo, entretanto, suas tentativas são fracassadas, sucessivamente. Logan faz uma pausa de seus golpes massacrante, afastando-se do corpo caído em sua frente. De repente, não se ouve mais som de tiros e um silêncio sombrio se alastra por todo o cais do Navy Pier.

Estava perto demais, então Ruan usa a última nesga de energia, para cravar uma faca em sua perna, puxando a lâmina para baixo, rasgando sua carne. O novo som é do grito de Lia. Como por instinto, ela tira o objeto preso a seu corpo e enfia no peito dele, assistindo, friamente, sua morte. Ninguém faz nada, estão todos estáticos e quando ela olha para o lado vê o corpo de Logan caindo inerte aos seus pés. Lia esquece a dor, a queimação, o desespero e a adrenalina por ter matado alguém.

— Não! Não! — seu choro é ouvido por todos.

Outra faca fora cravada no tórax de Logan.

— Por favor, fica comigo — ela insiste com desespero — Eu preciso de você, estou com medo — deixa-se ser apenas uma filha, lamentando sobre o corpo do pai.

Ele tenta falar, mas logo seu pulmão esfaqueado se enche de sangue e ele sufoca. Lia o abraça, sem se importar com o acontecia ao redor. A devastação a toma, não resta nada além de luto, enquanto assiste seu último suspiro. Seu choro se transforma em uivos, como um animal ferido.

— Ei, baby, estou aqui, estou aqui — braços a envolve, mas ela não precisa olhar para cima para saber quem é — Consegui chegar, eu sinto muito, desculpa por não estar aqui.

Christian continua falando, como se não conseguisse parar, mas Lia não escuta. Sua audição é comprometida sempre que ela se depara em um beco sem saída e não foi diferente daquela vez.

Ruan caiu, contudo garantiu que derrubasse Logan junto com ele.

E aquela sentença, dita em um momento de fúria insana, paira sobre Lia:

Tempestade [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora