Tempestade [Completo]

Capítulo 28

TINHA UMA MESA DO LADO DE FORA, junto ao campo aberto com vista para o lago. Era uma mesa de piquenique com bancos ao invés de cadeiras. Todos se sentaram para desfrutar da refeição. Ela estava ao lado de Raymond e Gerard, enquanto Christian ficou no outro banco, junto a mãe. Reprimi o riso quando ela o serviu, nunca tinha visto aquele jeito filho mimado, e ele ficava reclamando que ela não precisava se incomodar a cada minuto.

— Aposto cinquenta dólares que é menino — começa a Claire, se referindo ao sexo do bebê.

— Eu dobro, aposto cem que é menina — implica o irmão, Raymond.

— Sem essa, eu tenho certeza que é menino — Christian se manifesta, a surpreendendo.

— Então é o Listian? — ela o provoca e ele semicerra os olhos, deixando todos ao redor confusos.

O jantar estava maravilhoso, a carne assada ao ponto como Lia gostava. Claire tinha feito creme de milho e o Raymond pão caseiro, que tinha de confessar, estava delicioso. A salada de vagem foi cortesia de Lia, ela não sabia fazer outra coisa, portanto ajudou como podia. Christian e Gerard prepararam a sobremesa, que era torta de maçã. Ela nunca teve uma família daquele jeito, que se ajudam no jantar, se provocam e fazem apostas. Era muito bom.

— Jess mandou um beijo para você — Claire diz para Lia.

— Por que ela não veio? — indaga, queria conhecer a irmã de Chris também.

— O bebê tá numa fase muito chata, cólicas diariamente, tudo que faz é chorar — explica.

A mãe era mais reclusa, já o pai tinha um modo carinhoso de lidar com todos e de olhar, ela recordava Christian toda vez que olhava para ele. Eles conversam e a risada rola solta com algumas histórias. Ela gostava de se sentir parte de algo, nunca tivera uma tarde melhor em toda sua vida.

Depois do jantar, os homens cuidam da louça, enquanto Claire mostra algumas roupinhas que ela tinha tricotado. Estavam na sala de estar, Lia sentada no chão, ela no sofá desfazendo as sacolas com diversas coisas de bebê. Relatando as fases da vida de um recém nascido, os cuidados necessários que Lia não tinha a mínima ideia. Conversaram por horas e pode afirmar que tinha ganhado um pouco da simpatia da mulher.

— Já pensaram em algum nome? — Lia nega — Quando descobrirem o sexo, faz assim, chama o bebê pelo nome que escolheram, se ele mexer é porque gostou — aconselha, mesmo achando pouco provável que o bebê fosse atender, ela concorda.

Mais tarde, Christian a chama para dar uma volta lá fora. Ela se enrola em uma manta de lã. Eles andam pela grama úmida, em algum momento, ele segura a mão dela. Ela tinha de contar, esse era o momento. Estavam longe o bastante da casa, não teriam platéia e quanto mais adiasse, pior ficaria.

— Lia — ele sussurra, parando em sua frente, toca-lhe a face com ambas as mãos — Você pode falar, eu não vou surtar, juro.

Ela quase chora de emoção, ele tinha sua atenção voltada para Lia que não conseguia esconder as coisas dele, por que ele a conhecia muito bem. Ela respira fundo, se equipando de uma coragem que não tinha. Mas era isso, não tinha para onde fugir. Tinha pensado que estava fazendo uma armadilha para ele não ter para onde escapar, entretanto, no fim das contas, ela que acabou capturada.

— Ele falou que tinha pago para você sair comigo — murmura, sentindo uma vontade imensa de desviar os olhos, mas não faz — Eu desconfiava que era mentira, assim que voltamos a nos ver, mas ... — sua voz some, ele continuava inexpressivo — Eu tinha vergonha de você falar que era verdade e eu acabar descobrindo que estou carregando um filho de alguém que... foi pago para sair comigo — confessa, tinha de raspar suas feridas, como dizia Garrett.