Tempestade [Completo]

Capítulo 22

~Bônus: Amélia e Matthew~

— PARA DE SER INFANTIL, VOCÊ NÃO VAI EMBORA — afirma Matthew pela terceira vez, em dez minuto.

Mia mostra a língua para ele. Não queria estar ali, podia ter se passado dias, no entanto, a lembrança ainda estava fresca em sua memória. Ele estava noivo e mesmo assim a usou. Aproveitou que não sabia de nada, ainda que falasse que suspeitava que Chris ou Lia tivesse contado, era óbvio que não contariam, eles tinham um acordo para manter as relações sem complicações.

Entendia os motivos dos amigos, ela não ia querer saber que ele ia se casar, por isso não ficou chateada. Todos perguntavam para ela se estava voltando para casa, mas Mia não se lembrava disso. A última coisa que se recordava era sair do hotel Intercontinental e caminhar para longe. Sentindo a fúria se fundindo com a tristeza. Então, de repente tudo ficou preto. Era como se tivesse dormido por doze horas, mas pelo que soube foram cinco semanas.

Não podia falar e isso a irritava, não conseguia nem mandar Matthew ir a merda. Por outro lado seria uma boa disciplina, sempre haviam dito que ela não se calava nunca. Talvez fosse uma boa lição ter de manter o bico fechado, pelo menos por um tempo. O médico estava confiante, havia explicado que devido a traqueostomia, suas cordas foram danificadas, mas era um processo que tinha cura. Então, não ficava totalmente em desespero.

— Você quieta é tão linda, Amélia — provoca ele, maldito seja, ela tinha vontade de socá-lo.

Suas costelas haviam sido quebradas e ainda doía muito. Não que ela fosse admitir, tivera dois dias de pessoas a sufocando de tanta preocupação. O fato de ter que ficar parada e presa sob o mesmo teto com Matthew a deixava tensa e cheia de uma irritabilidade que era desconhecida até então. Ele lhe deu um papel e caneta para poder se comunicar, ela mandava ele se ferrar sempre que estava por perto.

— Sua mãe concordou em mantê-la aqui, até que se recupere totalmente — conta, todo cheio de si.

Minha mãe enlouqueceu.

Ela escreve, mostra para ele, que revira os olhos e abre aquele sorriso lindo, capaz de iluminar todo seu rosto. Estava tão polido e elegante como se lembrava. Como se não houvesse cinco anos entre eles, mas tinha, ela fora tola de ter se esquecido isso na última vez, contudo, agora era sua motivação diária: Se manter longe do seu charme e sedução.

— Sabia que eu te dei banho? — começa e ela arregala os olhos — Ah! Não se faça de espantada. Eu nunca deixaria o enfermeiro te ver nua — concluí — E a enfermeira se preocupa mais em me paquerar do que te manter limpa.

Quanta modéstia — escreve.

— Não precisamos fingir que eu não sou irresistível — ele conduz.

Matthew não era do tipo brincalhão. Ele normalmente não perderia mais do que dez minutos ali. Era um homem viciado em trabalho. Desde que se conheceram fora assim. Isso a deixa intrigada, pensando no porquê de estar determinado a distraí-la. Uma luz se acende, claro, era sobre Christian. Ele saiu daqui correndo, nem se despediu.

Cadê o Chris? — sua letra estava horrível, Mia tremia ainda se adaptando a usar os membros.

— Ele tem um trabalho — resmunga, mas era mentira. Matthew sempre desviava os olhos quando mentia — Teve de voltar para Chicago, tinha coisas a resolver.

Então, ele inventa uma desculpa qualquer e deixa o quarto. Mia fica refletindo, primeiro leva uma surra sem qualquer explicação. Havia sido tão grosseira que a manteve apagada por cinco semanas. Christian segurava o choro sobre ela pedindo perdão, enfaticamente. Lia parecia alerta a tudo ao seu redor, não podia afirmar que tinha sido sempre assim. E Matthew estava escondendo algo. Ela tenta lutar contra a escuridão, precisava se lembrar do que aconteceu.