Assunto Pertinente

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Felizmente não havia ninguém naquele estacionamento àquela hora da noite. O constrangimento dos dois homens ali frente a frente foi menor, mas não menos embaraçoso. Se no começo da semana eles meio que brigaram, naquele momento eles estavam meio que sem saber o que dizer um para o outro.

— Vai querer a minha ajuda ou não? — Perguntou Rubão mais incisivo.

— Não... quero dizer... Sim... vou querer sim. — Respondeu tropeçando nas palavras — Preciso sair urgente pra um compromisso, e o furgão não tá dando a partida.

— Bom, problema com bateria nem sempre é simples. Dependendo do que for, talvez nem dê pra cuidar hoje.

— Mas eu preciso dele funcionando.

— Eu vou ver o que eu posso fazer. Tá bom pra você?

Ele teve que assentir. Assim, os dois foram até a frente do furgão onde o dono do veículo abriu o capô. e Rubão, com sua maleta de ferro na mão, começou a olhar para a parte de dentro. Mais especificamente para a bateria, que era o grande problema e grande responsável pela dor de cabeça de Enrico.

— Sabe, você não me parece mais tão abusado como na academia. — O mecânico aproveitou para soltar a sua sinceridade enquanto olhava para o veículo.

— Pra você ver que eu não sou baderneiro, ao contrário do que pensa.

— Nunca imaginei que tivesse um food truck. É o que você faz nas suas horas vagas de lutador?

— Eu sou lutador, mas ainda é o food truck que paga as minhas contas.

— Certo. Pode ligar o furgão pra eu ver melhor o que está acontecendo.

Enrico fez o que ele pediu. Entrou no furgão e virou a chave, tentando dar a partida. Tudo continuava do mesmo jeito: o veículo ligava e em poucos segundos começava a fraquejar e as luzes dos faróis se apagarem. Rubão olhava atentamente aos componentes do capô, mais especificamente à bateria, buscando pelo problema.

— Nem preciso ver mais. Essa bateria tá mais pra eternidade do que pra vida. — Analisou Rubão sem otimismo.

— Tá tão ruim assim?— Enrico perguntou enquanto saía do furgão.

— É por isso que o carro não tá dando a partida direito. A bateria tá descarregando muito rápido. Você trocou faz quanto tempo?

— Não me lembro direito, sinceramente.

— Pois deveria. Todas essas peças aqui tem prazo de validade, com bateria não é diferente. E essa... tá nos seus últimos suspiros.

— E agora?

— Sendo otimista, só um guincho resolve.

— Ah, não acredito! — Exclamou enrico desapontado — Não posso fazer isso, vai demorar demais. Eu preciso sair daqui agora pra outro compromisso.

Era impossível esconder, Enrico continuava preocupado. E a dor de cabeça só aumentava. Rubão até que tentou permanecer indiferente diante do nervosismo daquele homem, uma vez que não podia fazer muita coisa. Porém, via que ele estava em uma situação complicada e acabava sentindo uma certa empatia.

— Tá bom. Eu posso tentar uma coisa, mas não garanto que pode dar certo. Tudo bem?

— Se for pra fazer o furgão andar, aceito tudo.

O mecânico respirou fundo e voltou novamente para a frente do capô, que ainda estava aberto. Curvou o corpo e colocou as duas mãos nas proximidades da bateria. Foram alguns minutos verificando e ajeitando aqueles componentes com suas mãos firmes e dedos precisos. Enrico olhava de perto, curioso, sem entender muito o que estava acontecendo.

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