Passados tantos dias, tudo ficou bem melhor. Por mais que Rubão pudesse ter qualquer receio, Enrico cumpriu sua promessa. A relação deles depois daquele momento de desabafos, virou uma relação de verdade. Com ambos sendo parceiros um do outro, como deveria ser.
Todas as vezes em que se encontravam, o clima era agradável. Sem nenhum constrangimento, os dois faziam coisas juntos após seus respectivos treinos. Embora ainda com certa preocupação, Enrico não fugiu de Rubão desta vez. Para os outros que os viam, eles eram bons amigos. Ninguém imaginava algo diferente.
A proximidade fez com que a dupla apreciasse mais a presença um do outro, fazia tão bem estarem juntos. Desde as conversas, as brincadeiras, até os momentos mais reservados. Não esconderam o afeto que sentiam, pois não havia nada de errado nisso. O incentivo mútuo dava um ânimo a mais para seguirem em frente.
Em meio a isso, eles combinaram de almoçar na casa do mecânico em um certo domingo. Junto com a mãe de Rubão, algo que o Enrico até havia dito que gostaria de fazer. O loiro mostraria seus dotes culinários ao parceiro preparando uma especialidade. Seria mais um bom momento, dentre tantos, para passar o fim de semana juntos.
Quando Damasceno saiu de casa, o sol estava a pino. Vestia uma camiseta azul claro justa e calça jeans. Seus drealocks estavam presos em um coque samurai, e ele usava óculos escuros. Assim que chegou na casa de Rubão, ele atravessou o portão e os dois deram um forte e longo abraço.
O loiro usava uma camiseta cinza colada que contornava seu peitoral definido e volumoso. Seus cabelos, como sempre estavam soltos. Também vestia calça jeans e usava tênis, o que era estranho para ele, já que nunca ficava assim dentro de casa. Fez questão de ficar bem arrumado para a ocasião especial.
Ao entrar, Enrico cumprimentou a mãe do mecânico, a quem já havia conhecido meses atrás quando se esbarraram no Mercado Central. Dona Rosa estava bem animada, pois o filho nunca convidava alguém para almoçar em casa. Justamente o homem que viu sair do quarto de Rubão naquela certa manhã.
Enquanto Enrico e Rosa se sentavam na mesa da cozinha, que estava arrumada, Rubão foi para perto do Rubão para verificar se estava tudo certo com o que tinha preparado. O lutador sentia-se aborrecido por algo que aconteceu antes dele chegar ali.
- Desculpa se cheguei atrasado. - Disse Enrico - Tive um contratempo bem ruim.
- O que aconteceu? - Perguntou Rubão.
- O de sempre. Tava andando na rua e um policial me parou. Tive que mostrar minha identidade e tal. Não é a primeira vez que isso acontece comigo.
- Nossa, isso é bem desagradável.
- Odeio isso. Sei que cê foi policial, mas as vezes dá tanta raiva deles.
- Eu entendo perfeitamente, na verdade. - Concordou - Infelizmente essa parte mais podre ainda existe. Mas eu não sou mais da polícia, e nem quero voltar.
- Graças a Deus. - Comentou Dona Rosa - A coisa que eu mais queria era que o Rubens largasse esse trabalho maldito. Ele inventou de ser policial que nem o pai dele, aquele horroroso.
- O pai foi um grande policial. - Respondeu Rubão.
- E um chato de galocha. - Completou Dona Rosa - Todo certinho, moralista. Morreu do mesmo jeito que viveu, sendo insuportável.
- Outra coisa que meu pai me influenciou foi no meu fascínio por carros. Ele tava sempre cuidando daquele Opala dele e me ensinou muita coisa que eu sei de mecânica. Aí eu abri minha oficina depois que eu saí da Polícia.
- Essa oficina é outra porcaria também. - Resmungou Rosa.
Rubão ignorava os comentários ranzinzas da matriarca, pois ela sempre falava isso. As críticas quanto à oficina eram da boca para fora, uma vez que era o trabalho nela que sustentava a casa. Preferiu focar no forno, de onde tirava a carne que preparou e tinha acabado de assar. Era o prato principal do almoço.
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Alfa(s)
RomanceA física costuma dizer que "os opostos se atraem" e "que os iguais se repelem". A ficção quase sempre reitera essa tese, que acaba virando regra para a vida real. A atração de opostos não aconteceu para Enrico e Rubens. Até porque de opostos ele nã...