would it really kill you if we kissed?

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As migalhas se espalharam pelo ar assim que Camila bateu as mãos na saia do seu novo uniforme, um vestido rosa com um avental branco na altura de sua cintura, onde podia guardar seu bloco de notas para anotar os pedidos dos clientes. Era o segundo dia que estava trabalhando na Rhode Island Coffee e sentia que estava indo muito bem, recebia conselhos de Noah e também de uma das garçonetes chamada Sarah, que sempre fora muito simpática com Camila quando ficava aqui para passar o tempo e agora estava a ajudando a pegar o ritmo das coisas.

– Pense nisso como aqueles treinamentos de princesa que carregam livros na cabeça para manter a postura – Dizia a loira dando a volta no balcão e parando na frente de Camila. – Mas ao invés disso você precisa equilibrar quatro pratos de uma vez em seus braços, olha só. – Pegou dois pratos que esperavam para ser entregues aos clientes e colocou um deles no antebraço e o outro apoiou na palma da mão direita, repetiu o processo do outro lado com cautela para não derrubar tudo.

A morena observou sua colega de trabalho ir até uma das mesas entregar os pedidos e preferiu não se atrever e tentar segui-la porque sabia o quão estabanada era, preferia treinar quando não estivesse ninguém por perto. Pegou um pano e começou a limpar o balcão em que estava apoiada, vendo a quantidade de pessoas diminuir pela chegada da noite, e também do fechamento do local. Tinha sido um bom dia e ela não podia negar que estava adorando esse novo cenario em que estava; Garçonete de uma cafeteria bem frequentada em uma cidade que conhecia a pouco tempo, quase se permitiu lembrar de uma de suas fantasias românticas clichês que tinha desde infância... Em que trabalharia em um lugar como este, servindo café e criando amizade com todos que frequentavam ali e em seu tempo livre abria seu livro e lia em cima do balcão, e todos os dias no final da tarde uma pessoa passava pela porta chamando sua atenção para ir atendê-la. E aquela pessoa iria até a cafeteria todos os dias, e não porque ela gostava muito do café ou da comida de lá, mas sim porque queria ver garçonete com olhos da mesma cor que os grãos que formavam a bebida que ela servia.

Camila abanou a cabeça e deu risada sozinha... Céus, ela precisava mesmo parar de viver em seu mundo de contos de fadas inalcançaveis.

– Está achando engraçado essa marca de geleia no balcão, por isso ta dando risada? – Sarah chegou estranhando a expressão que morena tinha no rosto.

– Geleia? Olha, eu não sei o que é isso mas tenho certeza que geleia não é – disse esfregando mais forte o local sujo com uma coloração avermelhada.

A garçonete chegou mais perto e cheirou a meleca que tinha ali fazendo uma careta e logo se afastando.

– Seguinte – Ela disse erguendo um recipiente grande de vidro que continha grãos de café como enfeite e o moveu até cobrir a mancha que parecia ser impossível de limpar. – Isso fica entre a gente, fechado?

Camila deu risada da garota ajeitando tudo para parecer o mais natural possível ao esconder a sujeira dali.

– Minha boca é um túmulo.

Noah surgiu minutos depois dizendo que já estava chegando a hora do final do expediente, e também expressando o quão feliz estava pela garota ter aceitado ajudá-lo ali. Ela o conhecia desde de criança pela amizade que sempre manteve com seu avô, o sentimento que o velho nutria por Camila era evidente quando ele ofereceu o apartamento em cima de seu comércio para ela morar, e também prometendo a Benjamin que cuidaria da jovem enquanto ele não estivesse por perto. Ela se sentia acolhida com ele e ainda mais por saber que se davam tão bem em diversos assuntos, ele até a ajudou quando sofreu pelo término do relacionamento com Keana, ou o quão perto de ajudar maratonar filmes de super-heróis e beber whiskey poderia chegar.

– Minha nossa... – murmurou Sarah chegando mais perto de Camila enquanto as duas tiravam seus aventais e guardavam no pequeno armário que tinha atrás da cozinha. – Quem é aquela obra de arte ali? – Apontou para a visão estreita que tinham da janela, indicando uma figura ao lado da saída da cafeteria, com uma perna encostada na parede distraída com algo em seu celular.

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