Memórias adormecidas

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Os minutos passaram sem que tivessem percebido.

Perdidos no beijo que trocavam Adrien e Marinette continuavam abraçados. Sentiam-se em paz, finalmente. Era um sentimento tão bom, que apenas os motivava a continuar da maneira que estavam ligados por suas bocas, pelos seus toques, pelas batidas dos seus corações.

Assim ficaram, até que Marinette se afastasse um pouco, tentando normalizar a respiração.

Ao olhar rosto de Adrien sorrindo para si, ela ainda não conseguia assimilar ao certo todas aquelas sensações que percorriam seu corpo, mas sentia-se feliz apesar de tudo.

- Ta tudo bem? – Ele perguntou acariciando gentilmente sua bochecha com a ponta do polegar.

- Ta sim... é que... isso tudo... ainda é muito estranho pra mim.

- Eu sei, pra mim também é... - Adrien continuava sorrindo ao que Marinette também sorriu, segurando a mão dele junto a sua.

- Acho que só precisamos de um tempo pra tentar entender... nos conhecer melhor...

- Exatamente... E eu quero muito conhecer mais sobre a sua vida, sobre você.

Dessa vez Marinette não respondeu. Dentro de si sentia um pouco de medo de permitir que Adrien entrasse assim na sua intimidade, na sua vida, mas uma coisa que não podia negar é que seria impossível continuar lutando contra a vontade de estar com ele... de encontrá-lo mais vezes.

- Com relação a isso... eu queria te pedir uma coisa...

- Pode pedir.

- Queria que você me desse um tempo... só pra eu me acostumar a essa ideia toda...

Adrien a observou em silencio enquanto falava. Ele compreendia exatamente o que Marinette estava sentindo e para ela as coisas deveriam ser mais difíceis ainda, visto que não tinha se esquecido do seu ex marido.

Muito pelo contrário, a memória dele era tão presente que dava até para sentir sua presença por aquela casa.

Deveria ter sido muito angustiante esse tempo vivendo sozinha ali onde justamente passaram tantos dias felizes juntos.

Permitir que outro homem entrasse assim sem mais nem menos, não era uma coisa que dava para fazer de um dia para o outro.

Exigia calma. Exigia paciência.

- Eu entendo... – Ele sorriu conformado se afastando um pouco. – Acho que preciso de um tempo também... apesar de ter a mais plena certeza que eu quero estar com você.

Marinette sorriu mais do que deveria. Aquela frase lhe soou de uma forma tão agradável que aqueceu seu coração, mas imediatamente, voltou a real mudando logo a expressão.

- Tudo bem... então, o que acha de marcamos pra sair na semana que vem?

- Acho ótimo. Quer ir em algum lugar específico?

- Ahh... pode ser em algum restaurante... que tal?

- Perfeito. Que dia?

- Vamos na... quinta feira.

- Quinta... fechado.

- As 19:30, pode ser?

- Com certeza.

Os dois trocaram sorrisos enquanto se admiravam. Naquela troca de olhares, Adrien sentiu uma enorme vontade de beija-la novamente, mas tentou se conter, não podia forçar mais nenhuma situação que pudesse assustar Marinette.

Já que ela estava pedindo um tempo, ele lhe daria, o tempo que fosse preciso para organizar sua cabeça, seu coração, sua vida e assim pudesse recebê-lo aos poucos.

- Bom... eu acho que vou indo então.

- Ta bom, tudo bem.

Então Marinette o acompanhou ate a porta de casa. Lá trocaram os números de telefone.

- Espero que fique bem... e qualquer coisa, pode me ligar ou até mesmo aparecer na escola... eu sempre estou por lá.

- Obrigada, pode deixar. Eu vou ficar bem.

Por mais que ambos ainda tivessem dificuldade naquele relacionamento recente, Adrien não se permitiu recuar, e antes que pudesse ir embora deu mais um abraço em Marinette lhe dando um beijo rápido logo em seguida.

Saiu com certa pressa e virando a esquina da casa dela, um sorriso largo apareceu em seu rosto.

Estava tão feliz que poderia sair correndo, era uma sensação que a tempos não sentia.

Dali pediu um uber e seguiu para sua casa. Resolveu que conversaria com Kagami depois, porque naquele momento, queria apenas descansar pois parecia que um peso havia saído das suas costas.

Chegando no seu apartamento, tomou um banho, fez um miojo rápido e seguiu para a cama.

Quando deitou-se passou a fitar o teto do quarto por um momento. As coisas tinham acontecido tão de pressa que nem tinha comentado com Marinette sobre seu desmaio.

Mas não importava, na quinta feira, quando se encontrassem novamente teriam tempo para conversar sobre muitas coisas e com mais calma.

Ele sorriu fechando os olhos. A sensação dos lábios dela ainda estavam nos seus e por mais que seus sonhos fossem quase realistas, nada se comparava aquele sabor gostoso que ela tinha.

Nunca tinha sentido uma mulher daquele jeito, só o cheiro dela o deixava descontrolado, assim como sua presença, seu corpo, sua boca, seus olhos... tudo nela, o completava, o fazia querer por mais, só por ela.

E mesmo que tivesse sido um choque descobrir que seu marido estava morto além de tudo o que tinha acontecido antes... nada mais importava pois finalmente, tinha encontrado uma direção no meio da tempestade.

Assim adormeceu, sentindo-se completamente em paz e tranquilo.

(...)

Já era noite e a quinta feira tinha chegado rápido. Com tudo pronto, encontrava-se no carro indo em direção ao seu destino.

Estava feliz, finalmente iria encontrar com Marinette novamente. Passou a semana inteira trocando mensagens com ela, além do tempo que gastou pensando em seu rosto e o sabor que o seu beijo tinha.

Já tinha assumido para si que estava completamente apaixonado por aquela mulher e cada vez mais tinha certeza disso. Não dava para negar. O seu destino era estar com ela, o amor da sua vida.

Decidiu mandar uma mensagem:

"Estou a caminho de te ver de novo, não vejo a hora! Que saudades de você meu amor..."

Sorriu, guardando o celular enquanto voltava o olhar para estrada. Tudo ao redor estava tranquilo, a noite estava agradável e as coisas parecia estar bem. Até que de repente, olhou para o lado e depois de ouvir o barulho alto de uma buzina viu um clarão indo em sua direção, muito rápido, cegando seus olhos.

Silêncio.

Apenas um silêncio ensurdecedor tomou conta dos seus pensamentos. Devagar, tentou abrir os olhos, mas não conseguiu enxergar direito, apenas suas mãos desfocadas cheias de sangue e uma dor indescritível.

Precisou respirar mas o ar faltou. O coração pedia mas o oxigênio não entrava... começou a sufocar e ao invés de branco, uma sombra negra foi tomando conta dos seus olhos.

"Não... eu não posso morrer aqui... eu não posso... eu preciso te ver mais uma vez, eu preciso estar contigo de novo meu amor!!!!"

- Ma...marine...marinette...

Falou com extrema dificuldade suas ultimas palavras antes de tombar a cabeça e desmaiar. 

De volta para o seu amorOnde histórias criam vida. Descubra agora