Capítulo 2

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O João. Ele tinha me puxado para fora da lama, enquanto todos ouviam os gritos da diretora Lady Maria. Lady Maria, nossa querida diretora, e às vezes, nem tão querida assim, estava com seu cabelo trançado como sempre, um cabelo totalmente morto pelas tintas roxas que a mesma aplicava em seu cabelo semanalmente. Seu terno vermelho, com toda a certeza usado para combinar com os uniformes de uma Elite way de Dalls Talls, estava com pequenas manchas, porém notáveis, de lama. Sua cara era de raiva, sua pele branca já estava toda vermelha (O vermelho, creio eu, aparecerá muito ainda nesta história) e eu só esperava o pior.

— As duas! Já para minha sala! – gritou Lady Maria, enquanto eu, toda suja de lama, pedia com licença para o garoto de boina e ia correndo para a sala da diretora. Ele foi muito legal me tirando da lama, não era obrigação dele ser legal a ponto de me tirar de um lugar tão horroroso, mas, mesmo assim ele me tirou, tenho um pouco de pé atrás com relação a ele, com relação ao aparecimento dele em meu sonho, sendo que eu nunca tinha o visto. Tudo isso é muito estranho.

Estava eu e Medusa, as duas cheias de lama, fedendo, sentadas uma do lado da outra na imensa sala vermelha, sentadas em cadeiras pequenas e desconfortáveis que pareciam terem sidos feitas para elfos sentarem, enquanto a diretora, sentada em nossa frente, reclamava da falta de união entre nós duas.

— Vocês já se conhecem a pelo menos quatro anos! E ainda estão na mesma! Em quatro anos, vocês já brigaram sete vezes! Estou cansada disso!

— Foi ela quem começou dessa vez, tenho testemunhas. – disse Medusa. O ar arrogante em sua voz, me fez revirar os olhos de raiva, porém eunão quis retrucar, estou fedendo muito para isso.

— Não importa quem começou ou quem terminou, só importa que vocês duas devem resolver suas diferenças! – exclamou enquanto batia a ponta de seus dois dedos na mesa gigante de matéria. Esse sempre foi um habito que ela tinha enquanto estava reclamando de algo. Depois de perceber o batuque dos dedos, parei para admirar a imensa pintura recém colada da diretora em sua parede. A pintura era medonha, os olhos da diretora estavam enormes, o nariz muito maior do que realmente é. Ela estava de lado em um fundo todo marrom, como se fosse cor de vômito, me pergunto como pôde ela ter gostado daquela pintura. Olhando a mais atentamente, parece que seus olhos se mexiam de tanta tinta que foi usada. Voltei para o planeta Terra quando percebi que o batuque tinha parado.

— Com licença, mas, eu acho que você, minha querida Lady Maria, deveria dar uma suspensão na Medusa aqui do lado. — falei sem nem pensar antes, só querendo acabar logo com a bronca. Olho para a Medusa e percebo que ela irá retrucar, e a minha raiva volta para o meu corpo.  

— Cala a sua boca! — diz Medusa com toda a sua raiva.

— Ela cortou fila, sendo isso uma corrupção! Este colégio prega tanto sobre não sermos corruptos e agora, vendo uma aluna ser corrupta, não tomam nenhuma atitude! – gritei com toda a minha raiva, raiva que poderia me motivar a pegar aquele quadro imenso e horrível e jogar fora pela janela ao lado da porta.

— Não está em jogo ser corrupta ou não. Está em jogo, uma relação que nunca vai terminar bem! Por isso, como punição — agora focando os olhos em nós duas — Vocês duas deveram estar nos mesmos grupos de trabalho, entre outras coisas, para o resto do terceiro ano!

— Não! Por quê? — Indagou as duas.

— Pois, como mulheres, vocês devem se unir, a sociedade já quer muito que vocês sejam rivais.

— Se a sociedade quer que sejamos rivais, irei dar isso de bandeja a eles. — interrompeu a outra lá.

— Calem a boca! Não quero mais ouvir nada! Só saiam de minha sala! — finalizou Lady, enquanto eu e Medusa saíamos do local. Fui correndo na sala pegar minha farda reserva, e fui tomar um banho. Enquanto eu estava com o cabelo molhado, vestindo minha farda, Medusa adentrou ao banheiro, e logo passa esbarrando em mim com seus ombros largos.

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