Não dormi. Estava com medo de dormir. De ter outra experiência horripilante.
Passei a noite inteira tomando café, e quando vinha o sono, tomava novamente, nem fiz as contas de quantas jarras de café eu bebi com o único propósito de não dormir. Katie achou uma idéia doida, pois o baile é hoje, porém era a única chance de eu não incorporar aquilo, aquilo que nem sei o que é, como eu disse, deve ser um demônio.
Vi o dia amanhecendo e minha ansiedade aumentando, era o grande dia! O dia que pelo menos eu iria tentar vivê-lo intensamente. Tomei banho e escutei meu pai do lado de fora do banheiro falando:
- Você tomando banho essa hora? Ainda faltam duas horas para você ir à escola! Laís, ta ficando louca? - gritou, mas eu não dei atenção, estava ansiosa demais para isso, mas ele estava certo. Passei duas horas inteiras fora do banheiro, me preparando para ir à escola, sendo que às vezes nem passo de 10 minutos.
- Você não dorme e não deixa os outros dormirem! - disse meu pai me deixando na escola. A ansiedade também já tinha tomado conta da escola. Todo mundo só falava disso, menos na hora da aula, o que era horrível, pois eu começava a querer cochilar, mas estava prevenida com minha garrafa de café dentro da mochila.
Ao contrário de mim, quem estava bastante agitada era Medusa, que por sua vez estava colada com a diretora, resolvendo coisas urgentes para a festa. Era incrível como as duas eram incrivelmente gananciosas. Eu estava contando as horas para a hora da festa, tanto que o dia em si passou super rápido, até à hora de enfim vestir o vestido, fazer maquiagem e ir esperar o João chegar com a limusine que disse que tinha contratado, mesmo eu achando aquilo doido demais para ser verdade.
- Você está linda! - Comentou meu pai, enquanto eu colocava mais base em minha cara - Ficou até parecida com o bonitão aqui.
- Por favor, tive que passar quase dois quilos de base para ficar desse jeito. - digo, enfim fazendo-o dar gargalhada. Quando ele saiu do quarto, senti uma leve tontura por causa do efeito de estar totalmente com sono, mas continuei sem querer dar um cochilo, já que estava arrumada.
Tocam a campainha, ouço o som da limusine e enfim desço as escadas. Encontro meu pai, que me acompanha até a porta e vejo João. Ele estava lindo, cabelo lambido para trás, um terno vermelho combinando com o sapato social preto. Obviamente que eu não esperava muito de uma pessoa normal como o João, não estava surpreendente, mas também não estava feio. Algo que me deixou surpresa foi que estava sem sua boina.
- Oi, preparada para eu machucar seus dedos do pé tentando dançar uma valsa totalmente confusa? - perguntou, me fazendo gargalhar.
- Estou sim, e espero que um dia eu machuque seus pés tanto quando eu machucarei hoje.
- Filha, você ta metida com drogas? - perguntou meu pai, fazendo nós dois gargalharmos - Minha filha sabe muito bem se cuidar sozinha, porém, não a deixe perto de fontes de chocolate sozinha, ela tem alergia.
- Pai!
- Tchau - disse trancando a porta.
- Amei meu sogro. - disse João, enquanto íamos em direção a limusine preta enorme estacionada em frente a minha casa. João parou enquanto pegava em seu bolso, sua boina e depois de alguns minutos tentando fazê-la ficar sem amasso, colocando a em sua cabeça - O que? Não pensou que eu iria vim sem ela?
- Só estou pensando em uma coisa, ele ainda não é seu sogro, porém pode ser se você não revelar que me joguei em uma fonte de chocolate. - falei, adentrando aquela limusine com um homem velho, com aparência de uns 70 anos, a dirigindo e completamente sonolento, como eu.
- Você está deslumbrante! - disse o idoso, ops, quer dizer, o João, desculpe-me, estava prestando atenção no idoso.
- Você também não está nada mal. - respondi. Passamos todo o caminho até a escola conversando sobre as matérias surreais e fofoqueiras do jornalista amarelo, e como tudo aquilo parecia serem mentiras inventadas, mas que gostávamos de ler, só para pelo menos uma vez, nos identificarmos com alguma celebridade. Chegamos ao local e fomos recebidos com um tapete vermelho longo.
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VAMPAIA
Mystery / ThrillerLaís é uma garota que sempre foi atormentada por pesadelos, onde seu corpo não é o seu corpo e sim um sedento por sangue que presencia eventos horripilantes que ao acordar percebe ligações entre os pesadelos e a realidade. Tudo isso se intensifica q...