Capítulo 4

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Acordei e fui sem qualquer emoção ou disposição me arrumar para começar outro dia. Coloquei minha roupa, arrumei meu cabelo e percebi que os cachos estão voltando já que estou há dias sem alisar qualquer fio dele, passo um creme nas partes lisas e desço as escadas para tomar café. Percebo que meu pai já foi trabalhar, então terei que ir andando hoje para o colégio, o que eu literalmente odeio, pego meu café e vou tomá-lo. Sento na cadeira diante a uma janela que existe na cozinha e fico observando os vizinhos passarem, e ao mesmo tempo fico pensando em tudo o que tinha acontecido. Pensei em cada detalhe, erroneamente, pois no final não encontrei respostas para nenhuma das minhas questões. Durante o dia eu me dividia entre pensar nos acontecimentos bizarros e na minha futura ida para a casa do João e Pietro, que alias, eu ainda não sabia da onde eu os conhecia se não fosse pela sua aparição em meu sonho, quer dizer, pesadelo. Ganhei várias reclamações dos professores por causa da minha falta de atenção na sala. Um deles ganhado por causa da boca grande da Medusa. Fui para casa, ainda pensativa, até a hora do encontro.

- Você é estranha sabia? - disse Katie enquanto andávamos a noite indo para a casa dos irmãos.

- Por quê? - perguntei ajeitando o meu cabelo, que estava repartido e livre de qualquer rabo de cavalo, pois este penteado combinava ainda mais com minha roupa, uma blusa branca longa, uma calça jeans preta e um sapato all star lilás.

- Laís, você simplesmente para de conversar e fica andando sem falar nada, pensativa, como se estivesse me dando um gelo! - respondeu Katie, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo, enquanto usava uma blusa dos Rolling Stones, um short preto e uma sapatilha.

Andar pelas ruas da minha cidade a noite, para mim, estava começando a dar cala-frios, pensava que a qualquer momento iria aparecer alguém morto no chão com uma criatura em cima, uma criatura parecida comigo. Katie tinha razão, eu não estava no clima para conversas, só queria responder, até que senti passos atrás da gente, vindo em nossa direção rapidamente. Não queria me virar para ver, pois não queria ver o pior, vai que era aquela criatura dos meus pesadelos? até que a figura nos abordou.

- Gente, sou eu, Pietro. - nos viramos, sendo que agora eu não estava mais com medo.

- O que você está fazendo aqui? Quase me matou de susto! - gritou Katie assustada, vendo Pietro usando um moletom verde com um capuz em volta da sua cara, e um óculos escuro, sim, em plena noite. Acho que estou começando a entender que ele faz essas sacadas para reafirmar o estilo contrário dele, e eu estou começando a gostar disso.

- Bom, se eu não estivesse aqui, com toda a certeza vocês passariam da casa, já que a mesma é logo aqui, e respondendo sua pergunta, nossos pais não sabem que vocês, belas e lindas, irão lá para casa, e minha mãe ta dando um sermão daqueles no João, já que ele saiu hoje à tarde e só voltou agora, exatamente dez horas da noite, se as senhoritas me permitem dizer o horário.

- Fodasse o horário! Como vocês fazem isso? E agora? Poderia estar em casa ouvindo minhas músicas ou assistindo ELITE.

- Ladys, não fiquem preocupadas, eles já vão sair, mas antes, me sigam. - disse ele, fazendo eu e Katie entrar no meio dos matos ao lado de uma casa grande marrom, de estrutura comum, como qualquer casa dessa cidade. Caminhamos até chegar a uma parede com uma escada - É aqui que vocês sobem, a janela do quarto está aperta, e por favor se escondam no banheiro.

- Não irei fazer isso! Que tolice! tenho certeza que esperar seus pais saírem será melhor! - indagou Katie.

- Okay, porém, aqui? - perguntou Pìetro, tirando os óculos.

- Porque não podemos ficar aqui? - perguntei, sem entender exatamente nada.

- Existem ocorrências de cobras venenosas, como a cascavel, aqui neste mato - no momento em que ele parou de falar, Katie já tinha subido nas escadas e ido em direção ao quarto. Comecei a rir com o Pietro, e em seguida foi minha vez. Enquanto subia, me sentia como no sonho, flexível, sem medo de cair, como se eu fosse leve como uma pena. E a escada era grande, muito grande, e fui subindo cada vez mais rápido, como no sonho.

Até que chegamos e ouvimos os gritos da mãe dos dois. Olhamos para aquele quarto azul, largo, e com somente duas camas, uma televisão e um guarda-roupas velho, até que a fechadura da porta começa a se mexer e fomos correndo para o banheiro.

- Não creio que estamos dentro de um banheiro, caralho! - disse Katie, enquanto começávamos a rir muito.

- Bem isso. Entraram no quarto, acho melhor ficarmos em silêncio. - disse me aproximando da pequena janela e tomando um susto, a mãe e o pai eram os mesmo que eu vi no sonho, junto dos filhos. Eu estou completamente sem reação, eu nunca vi ninguém dessa casa antes. Comecei a sentir medo, muito medo misturado de um pavor exorbitante, como se eles fossem me matar. Foi ai que comecei a passar muito mal, aquilo não poderia estar acontecendo.

- Laís, você está bem? - perguntou Katie me colocando para sentar em cima da tampa da privada, enquanto eu não parava de tentar recuperar o fôlego. Eu estava sentindo a mesma agonia do sonho, ou seja, tentava recuperar a respiração, mas não conseguia, conseguia me mexer, mas a respiração não voltava, até que ela voltou, e aos poucos fui sentindo o ar entrando e saindo dos meus pulmões.

- Sim, sim, eu estou bem, pode ficar tranquila. - disse enquanto a fechadura da porta se abria. Era João.

- Pietro foi acompanhar meus pais até a porta. Podem sair.

- Sim, sim, vamos! - disse me levantando com a ajuda de Katie.

- Você está bem? - perguntou João nos guiando até a sala

- Claro que ela está bem, hoje vai ser um homem para cada uma - disse Katie, fazendo todos rirem.

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