Capítulo 2 - Ethan

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Eu nunca dormi tão bem – e tão profundamente – em toda minha vida, toda a tensão que eu sentia antes tinha ido embora, não tive pesadelos, ou acordei durante a madrugada.

Me recusei a abrir meus olhos, mas logo senti solavancos no meu ombro, meu corpo estava relaxado, pesado, apenas grunhi em resposta, mas seja lá quem fosse a responsável por isso não se intimidou e continuou batendo no meu braço, foi quando ouvi uma voz rouca me chamando sem parar, ela estava um pouco diferente, mas eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar do mundo, era a mesma voz que fazia meu coração acelerar toda vez que ouvia no telefone, a mesma voz que me trouxe até aqui.

Senti o ar frio batendo no meu corpo, tentei me virar, mas meu corpo definitivamente não queria obedecer, era como se toneladas de concreto estivessem sobre mim e principalmente sobre a minha cabeça.

– Ethan, por favor, acorde. – Senti outro solavanco, a voz dela soava desesperada e meu corpo imediatamente enrijeceu e consegui me virar e encará-la.

– Aconteceu alguma coisa? – Eu sentei na cama tentando focar meus olhos nela, a claridade me incomodava, tive que piscar várias vezes para reconhecer onde estava. – Oh merda, não estou no hotel, estou?

– Não. – A expressão dela era de total confusão, eu não queria olhar, mas tive que comprovar meu estado e olhei para o meu corpo.

– Merda, merda, merda. – Eu disse me cobrindo o mais rápido que consegui.

Eu estava nu, sem nada, nem lençol por cima, isso explica o frio. Clara colocou as mãos no rosto, nitidamente envergonhada.

– Você sabe o que aconteceu? – Ela me perguntou, seu tom era cauteloso.

– Bem... – Comecei a tentar puxar pela memória o que tinha acontecido, mas nada apareceu. – Não. Quer dizer, eu ainda estou muito confuso, nem acordei direito. Esse é seu quarto? – Perguntei temendo a resposta, ela apenas gemeu, droga.

– Ethan... – Ela praticamente gemeu, eu tinha certeza que ela estava envergonhada. – Eu não me lembro de muita coisa, quer dizer, lembro do restaurante, do vinho da torre, e só. – Ela soltou um suspiro frustrado.

– Será que nós...? – Ela arregalou os olhos e olhou de volta para si mesma, estava com uma regata e com um short minúsculo, se é que podemos chamar aquilo de short de tão pequeno que era. Merda, eu já estava ficando excitado com aquela quantidade excessiva de pele perfeita a mostra bem ali a minha frente.

– Bem, eu costumo dormir assim, então não sei, quando acordei não estávamos abraçados nem nada disso, então eu suponho que...

– Supõem que nós não transamos? – Levantei uma sobrancelha.

Ela desabou de volta na cama e escondeu seu rosto no travesseiro, porém a forma que ela estava sentada de joelhos deixou muito mais coisas à mostra. Ouvi um som saindo abafado pelo travesseiro.

– Oh meu Deus! – Acho que foi isso que ela disse, mas não tive certeza.

– Clara, eu não entendo nada do que você está falando. – Toquei seu cabelo e ela levantou novamente ficando ainda de joelhos na cama e me encarou.

– Bem, suponho que não, certo? Porque isso seria realmente muito estranho, você não acha? – Notei um pouco de insegurança na sua voz, seus olhos não estavam brilhando como eu costumava ver.

Droga, por que diabos eu não me lembrava de nada?

– Que raios de bebida nós tomamos? – Falei rindo para tentar descontrair o clima e consegui ver aquele brilho nos olhos dela que eu tanto admirava, sim seria estranho transar com ela, mais estranho ainda seria não me lembrar de algo que eu desejo há tanto tempo.

Outra Chance (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora