As caixas estavam cada vez mais pesadas, mas conseguia empacotá-las aos poucos. Mesmo que a saudade fosse grande, ainda era um pouco assustador voltar para minha cidade materna, ainda mais depois de ter se passado dez anos. Teria mudado muito? A cidade teria crescido mais do que consigo imaginar? Como estava Tae e Jae?
Mantive contato com meus dois melhores amigos, mas isso não muda o fato de termos passado tanto tempo longe. Nunca consegui os visitar, o mesmo para eles, nunca conseguiram vir até aqui. Me pergunto se ainda vai ser a mesma coisa, se as mensagens foram realmente verdadeiras por tantos anos.
Suspiro um pouco cansado... Como Donghyuck e Mark estão agora? Eles eram duas crianças pirralhinhas, mas agora tem o que? Quinze anos? Dezessete? Ainda são melhores amigos? Sequer me recordo a idade daqueles dois mais. Era um pouco assustador pensar nisso.
Eu tinha apenas quinze anos quando me mudei, senti muita falta de assistir filmes — no caso, dormir — enquanto o mais novo dormia com a cabeça apoiada na minha perna. De sair para encher o pança de porcaria junto com o tico e teco, mais conhecidos como Tae e Jae. Sinto muita falta de correr atrás de Mark e de Hyuck pela casa, pelo simples prazer de vê-los rindo.
E com esses pensamentos que me mudo novamente para Seul, mesmo que a ideia principal seja fazer minha pós-graduação de Engenharia Civil lá, Apenas na expectativa de que eu possa vivenciar um pouquinho mais de tudo que sinto tanta falta.
Assim que chego na cidade e termino de colocar todas as caixas em meu pequeno apartamento, pego meu celular e não penso duas vezes antes de ligar para Taeyong, mesmo sendo seis da manhã de um sábado. Ninguém mandou ser meu amigo.
— Alô...? — Escuto uma voz sonolenta me atender.
— Tae? — Pergunto enquanto dou risada, ele estava claramente dormindo.
— Taeil? — Ele questiona e eu confirmo. — Homem são seis horas da manhã, me dê uma explicação lógica pra você 'tá me ligando.
— Desculpa te incomodar, é que eu acabei de chegar em Seul. — Eu respondo e logo escuto o garoto dar um berro. Vinte e cinco anos nas costas e o garoto continua berrando no telefone. — Para de gritar, criatura. Vamos nos encontrar, você ainda mora na mesma casa?
— Sim, ainda moro com meus pais, você vai vir aqui? — Ele questiona assustado.
— Se você deixar... — Respondo rindo.
— Jae é o Taeil, ele 'tá na cidade. É, o Taeil, o nosso Taeil. — Escuto ele dizendo. — Claro que você pode vir, não sei nem por que não 'tá aqui ainda.
E eu tenho um ótimo sentimento enquanto pego o metrô em direção a casa que marcou minha infância e adolescência, me perguntando o que diabos o Jaehyun fazia as seis da manhã na casa do Tae e acabo rindo da possibilidade de eles finalmente terem contado dos sentimentos que sentiam um pelo outro.
Sorrio enquanto olho pela janela do transporte, me perguntando o quanto de coisas que eu perdi durante todos os anos. E finalmente posso caminhar mais um pouco até estar novamente de frente para aquela casa que senti tanta falta; me aproximei com calma e toquei a campainha, mas Tae abriu quase que na hora, como se me esperasse na batente da porta.
E seu abraço caloroso me acalmou como se eu tivesse passado por um tornado antes de vir até aqui, mas é no abraço de Jaehyun que quase choro, acabo me controlando porque não quero choradeira. Quero apenas matar a saudades dessas duas pragas bem na frente: descabelados, vestindo claramente a primeira coisa que viram na frente, o que me faz rir da situação.
— Não sabia que você ainda faziam festas do pijama. — Brinco e os dois dão uma risada sem graça, evitando meu olhar quando eu apenas ergo uma de minhas sobrancelhas.
— Então... A gente 'ta namorando, Taeil. — O mais alto explica e eu faço a atuação mais fajuta de surpresa.
— Não acredito! Nunca imaginei que isso fosse acontecer. — Eu brinco e os dois apenas dão risada e me convidam para entrar. — E o Hyuck? Onde ele 'tá?
— Ah, já já ele chega. — O Tae explica e eu confesso não entender... Chegar da onde? São seis da manhã.
— São literalmente seis e meia da manhã, chegar da onde? — Questiono e vejo os dois trocarem olhares, como posso dizer, um pouco... questionáveis, Tenho a leve sensação de que perdi algo.
— Ele foi em uma festa com o Mark. Levando em conta que eu não recebi nenhum áudio maluco, acredito que ele não deu pt. — Pt? Donghyuck nera uma criança nera!?
— Como assim pt? Como assim festa? O que eu perdi? — Eu questiono me sentando na mesa da cozinha.
— Você perdeu o Donghyuck virando um pedaço de mal caminho. — Jae fala e logo começa a rir da minha cara de assustado.
— Esses dias eu 'tava conversando com ele sobre ter umas pessoas loucas que fazem indecência em público. E para a surpresa de todos os Taeyongs existentes, ele virou e me disse que a primeira vez que pagaram um boquete pra ele foi em uma festa. — Bom dia? Ele não tinha seis anos? — Eu fiquei: como assim boquete? Como assim primeira vez? Teve outras vezes? Mas eu parei de me chocar depois que a gente foi em uma festa com ele.
— Ele 'tava super provocando um cara na pista de dança, ele se esfregava no cara, fingia que ia beijar ele, dava umas pegas na bunda dele, chegou ao ponto do cara ficar de pau duro no meio de todo mundo, mas o Hyuck não avançava mais que isso. O cara ficou pistolado, e berrou perguntando se o Hyuck ia beijar ele ou só ia ficar de joguinho. Daí ele ficou tipo "ah não sei se tô afim", daí o cara socou ele no rosto. — Ok, eu to assustado, Jaehyun contava tranquilamente sobre isso, mas as peças pareciam não se encaixar.— O Hyuck sorriu debochado e falou "nossa, ficou sensível, foi?" e saiu rindo.
— Não. Não 'tá fazendo sentido, o Hyuck era aquela criança chorona e fofinha. Não tem como. — Explico.
— É, mas isso era quando ele tinha dez anos. Agora ele tem vinte. — Tae responde e eu quase engasgo com o ar.
— Cheguei. — Ouvimos de alguém que entrava na casa. — YAH! MARK LEE! — E então eu pude ver um hyuck estressado jogando um Mark claramente passado no sofá da sala.
Lá estava ele. Bem mais alto, os cabelos tingidos de cinza todo bagunçado, a pele moreninha, a camisa aberta até a metade e a calça apertando suas coxas torneadas. Ele parecia uma pintura, ou uma escultura, ou sei lá, só sei que parecia uma obra de arte, lindo demais para ser verdade... Lindo demais para não ser perigoso.
E eu apenas sorria assustado para aquela visão que nunca imaginei que teria.
Mas ele vira o rosto para a minha direção, com um olhar provocante e logo sorri doce ao me ver. — TAEIL HYUNG? — Ele exclama animado. E é quando ele corre para me abraçar que eu sinto meu coração prestes a parar.
Seu abraço era forte e rodeava meus ombros, sua cabeça afundava na curva de meu pescoço e ele me balançava em animação. Mas antes de virar para Mark novamente, ele beija suavemente meu maxilar — acho que ele estava tentando beijar minha bochecha —, até enfim passar seus braços pela minha cintura.
— Markie, é o Taeil Hyung! — Ele fala alto demais e o amigo apenas concorda... tenho a sensação de que ele mal consegue me enxergar. Miopia o nome. — Quando foi que você chegou, hyung? — Pergunta virando o rosto para mim. Apesar dos traços serem quase os mesmos, agora eles estavam bem mais maduros, mais fortes e belos.
Algo estava muito errado... E era assustador.
Assustadoramente lindo.
--| FIM DO CAP |--
PRONTO, esse é o primeiro cap hehehe espero q gostem
nao sei oq falar... me sigam no twt e no curious cat: yerisaheart
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My Baby Don't Like It ✧ Hyuckil
FanfictionNa qual, após uma mudança repentina de cidade, Taeil passa dez anos sem ver seus dois melhores amigos - Lee Taeyong e Jung Jaehyun - e o irmãozinho fofo do Lee: Donghyuck. Por isso, o que o homem mais quer agora é poder compensar o tempo perdido com...