"Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar." ( Clarice Lispector)
Levanto da cadeira com uma dor tão lancinante que sinto o vômito vindo até minha bile. Chego ao banheiro apalpando as paredes, por causa da visão turva causada pela dor. Emborco no vaso sanitário jogando para fora tudo o que tinha no meu estômago. Alguns minutos depois, meu estômago se acalmou, mas minha cabeça ainda continuava doendo. Meu maior medo era a convulsão voltar, que os remédios que eu tomo diariamente parassem de fazer efeito de vez. Tinha dias que a gente nem deveria sair da cama e esse particularmente era um deles. Meu corpo estava tão cansado. Essa maldita dor de cabeça não poderia aparece depois?
— Vivian, você está bem?
Paraliso ao escutar um toque de leve na madeira da porta, e a voz do Adrian vindo do lado de fora.
— Eu... Sim, já estou saindo. — Gaguejo limpando a lágrima que caia pela minha face.
Me ajeito como posso, lavo a boca e saio do banheiro colocando uma expressão neutra no rosto, encontro Adrian encostado com o ombro na parede. Assim que ele me viu e fixou seus olhos em mim, eu senti um alento para o vazio em que essa doença estava me puxando e ao mesmo tempo eu senti medo de prosseguir em frente, medo do que o amanhã poderia me trazer.
— Desculpa, deu um mau jeito no meu pescoço quando fui virar de repente.
Essa foi à única desculpa que consegui pensar no momento.
—Vamos embora, você está muito abatida. Se não estava bem, era só ter me falado que a gente marcava outro dia para sair. – Seu tom soa com censura e eu fico com vergonha por estar levando uma bronca.
— Já disse que estou bem, Adrian. Foi apenas um mal estar passageiro, nosso lanche deve estar pronto...
— Podemos deixar esse lanche para outro dia. Vem, vou te levar pra casa.
Não tive forças para argumentar com ele, estava tão fragilizada que queria somente o colo da minha mãe nesse momento. Adrian segurou minha mão na sua e me levou até a mesa em que estávamos.
— Já volto.
Ele saiu e retorna algum tempo depois de mão vazias.
— Podemos ir?
— Ainda acho que podemos comer nosso lanche. — Argumento para logo morder o lábio inferior com o olhar que ele me lançou. Um olhar de pura reprovação.
— Para começo de conversa, você nem deveria ter saído de casa estando indisposta.
Não retruquei e o acompanhei para fora da lanchonete, deixando a brisa fresca bater na minha face. Lado a lado, começamos a andar de passos lentos, cada um perdido em seus pensamentos, até ele falar primeiro quebrando o silêncio.
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Vingança Nada Saborosa
RomanceAdrian DelMondes teve uma grande perda no passado e culpa Vivian Araújo por essa dor. E há seis anos planeja uma vingança, que segundo ele trará paz ao seu coração atormentado. O que Adrian não contava é que essa vingança seria a causa de mais dor a...