Capítulo Dezesseis

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"Não entendo, apenas sinto. Tenho medo de um dia entender e deixar de sentir." (Clarice Lispector)

Saio do Frigorifico as quatro da tarde, com a intenção de ir ao cemitério levar flores para Diana e minha filha

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Saio do Frigorifico as quatro da tarde, com a intenção de ir ao cemitério levar flores para Diana e minha filha. Passo pela minha secretária e aviso que não retornaria mais no dia de hoje, cumprimento alguns funcionários e por causa do inferno que estava vivendo nesses últimos dias, eu só queria ter um momento de paz, e o melhor lugar que me proporcionava isso era no cemitério, onde eu poderia desabafar e colocar toda a minha dor para fora.

No caminho compro Rosas vermelhas as preferidas da Diana, nunca dei nenhum tipo de flores para a Vivian, somente a rosa que coloquei em sua orelha quando ela foi a primeira vez na casa dos meus pais. Seria contraditório dar algo tão lindo para uma pessoa que me destruiu. Vivian tinha um dom de me puxar cada vez mais para o seu mundo, eu já perdi as contas de quantas vezes eu pegava o celular para mandar mensagens aleatórias durante o dia, ou fazer chamadas de vídeos só para ouvir sua voz ou simplesmente ver o seu sorriso.

Eu vivia na constante contradição que estava cada vez mais ligado a ela. Jurei que a minha justiça seria para me trazer a paz que perdi quando enterrei as mulheres da minha vida, mas o certo é que, o inferno que estou entrando é mais profundo do que imaginei. Eu precisava repor minha energia e levar a cabo minhas metas.

Paro o carro e antes de descer eu recebo uma mensagem dela, era um coração e a frase sinto saudades. Meu coração deu um salto, eram frases diárias que ela mandava.

— Droga!

Saio do carro e bato a porta com força, viro de frente para o carro e coloco as duas mãos na porta e abaixo a cabeça, sentindo um nó na garganta.

— Droga, Vivian! Por que tinha que ser você? — Faço essa pergunta há quase uma semana, desde que ela conheceu os meus pais. E eles ficaram encantados com ela, com sua doçura e seu jeito meigo.

Tinha que lidar com esse dilema de uma vez, me recomponho, seguro as flores e caminho até o tumulo da minha esposa. Chegando lá coloco as flores que trouxe ao lado de um grande ramalhete de Ipê roxo, ela amava essas flores também. Senti uma pontada de culpa por não estar vindo tanto ao cemitério como fazia antes de encontrar a Vivian. Passo a mão na foto dela que estava linda, sorria e sua mão estava segurando sua barriga.

— Ah, Diana!

Não disse mais nada, palavras eram desnecessárias já que elas não as ouviriam.

Depois de ficar uma hora cronometrada no cemitério, sigo para minha cobertura, troco de roupa e vou me exercitar na academia. Fico ali malhando por uns quarenta minutos. Quando a exaustão ameaçou me tomar, eu parei e fui tomar um banho gelado que sempre me deixava calmo, visto somente uma cueca boxe e deito na cama deixando que o acalento do sono me envolva. Acordo com o barulho insistente do celular, abro os olhos sonolentos e vejo no visor o nome da Vivian. Luto internamente se atendia ou não e por fim o desejo de escutar sua voz venceu.

Vingança Nada SaborosaOnde histórias criam vida. Descubra agora