"A pior dor do mundo é obrigar a cabeça a esquecer-se daquilo que o coração lembra a todo instante." ( Autor desconhecido)
JULHO
Julho chegou, e com ele as férias da faculdade, o final do semestre foi bem puxado, estava fazendo de tudo para conciliar o curso, o trabalho e o meu namoro com o Adrian, a cada dia que se passava, estava progredindo para um amor tão intenso que às vezes me assustava muito. Eu não conseguia ficar um dia sem vê-lo, precisava estar com ele, nem que fosse para dar um beijo ou oi. Eu estava fazendo o meu tratamento certinho, mas ainda não tinha conseguido uma vaga pelo SUS, a venda da casa dos meus pais tinha dado errado, estávamos lutando na justiça para reaver a posse da casa, pois meu pai em meio ao seu desespero caiu em um golpe. A esperança de fazer a cirurgia estava esvaindo pelas nossas mãos.
Minha mãe dia e noite insistia para que eu falasse para o Adrian, e eu me recusava. A última vez que falei com a mãe dele, ela não parava de me agradecer por ter trazido luz para a vida do filho dela, como que eu chegaria neles para falar algo tão grave? Minha mãe acha que por ele ter uma condição melhor, poderia nos ajudar e isso era algo que eu jamais cogitei, nunca iria agir como uma interesseira. Adrian sabia que eu odiava ganhar presentes caros, todas as vezes que me dava algo de valor alto, a gente tinha um desentendimento. Até que ele parou e ficou somente nos jantares e caixa de chocolate.
Hoje eu estava em um dia que só queria o colo da minha mãe, queria deitar a cabeça no seu colo e chorar. Estava em um desalento enorme, sentia uma dor dentro de mim que nem a dor de cabeça sobrepujava, eu não sabia explicar o que se passava dentro de mim, talvez a falta de esperança esteja me afetando mais do que imaginei. O medo de a depressão voltar me fazia sentir mais pra baixo ainda. Preferia lutar com o câncer do que com a depressão. O câncer te dá vontade de viver, e a depressão tira a sua vontade de viver.
Hoje falei com o Adrian somente na parte da manhã não tive notícias dele. Quando cheguei em casa do serviço meus pais não estavam, me tranquei no meu quarto deixando a luz do banheiro acesa, odiava escuridão, desde o acidente eu tinha pavor do escuro, sempre tinha que ter uma claridade no quarto, assim eu me sentia melhor e não deixava que a escuridão do passado envolvesse meu ser. Mal deitei na cama e apaguei de tão cansada que estava, e tive outro maldito pesadelo com a moça grávida. Ela implorava para eu parar, pedia para não matar o seu bebê, eu dizia para ela que sentia muito, mas que não conseguia parar. Queria acordar do pesadelo, só que meus olhos não obedeciam, virei de um lado para outro tentando dessa forma sair do estupor do sono. E por milagre o meu celular tocou, me tirando do pesadelo. Olhei visor e era o Adrian.
— Oi! — Atendi com a respiração ofegante, querendo chorar.
Às vezes somente o choro trazia alívio para a minha alma.
— Está tudo bem, Vivian? — Pergunta com preocupação.
Engulo o choro e respondo com naturalidade que não sentia.
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Vingança Nada Saborosa
Storie d'amoreAdrian DelMondes teve uma grande perda no passado e culpa Vivian Araújo por essa dor. E há seis anos planeja uma vingança, que segundo ele trará paz ao seu coração atormentado. O que Adrian não contava é que essa vingança seria a causa de mais dor a...