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Após o ocorrido na sala dos professores, sigo para sala de sociologia onde ocorrerá a aula de reforço.

Professor Antony adentrou a sala quando todos já estavam em seus devidos lugares. Tinham alunos que faziam parte de outras turmas do senhor Somerhalder e alunos que estudavam junto comigo, inclusive Marcos e Luana. Luana sempre tirou notas boas em sociologia e era considerada uma das melhores alunas da turma, não tinha motivos para ela está aqui.

Estava me sentindo útil na aula de reforço, estou ajudando individualmente alunos que tinham dúvidas sobre o conteúdo que o professor Antony havia passado na lousa para revisão. Eu realmente sabia um pouco sobre sociologia e poder passar esse meu pouco conhecimento era gratificante. Durante a aula de reforço, trocava alguns olhares com Antony, mas parei quando percebi que Luana nos observava como se estivesse vasculhando algo misterioso.

Após uma hora de reforço, finalmente estávamos dispensados. Pego minha mochila que estava em uma mesa no canto da sala e saio junto com Marcos e os demais alunos.

- Você poderia por favor me emprestar o seu cérebro? Até semana que vem, depois te devolvo? - Marcos diz, implorando com as mãos.

- Eu empresto, mas saiba que meu cérebro vai com algumas surpresas.

- E quais seriam? - Marcos pergunta e ri seguidamente.

- Um leve tom de inseguranças e uma Pitadinha de ansiedade.

- Cancela, prefiro estudar mesmo, ou pelo menos tentar. - Ele disse, meio que fazendo uma careta.

Marcos é um ótimo aluno em exatas, porém quando se trata de humanas é um desastre. Os seus conhecimentos em cálculos eram invejáveis e sem falar que tinha muita capacidade com eletrônicos, tinha capacidade de hackear contas e câmeras como ninguém.

- Poxa, já estava começando a gostar da idéia. - Paramos em frente a entrada da escola. - Mas agora falando sério, vai mesmo conversar com seu pai?

- Sim - Ele puxa o ar e solta- quando chegar em casa vou contar.

- Eu estou aqui para o que você precisar - Abraço ele - Vai dar tudo certo.

Me despeço de Marcos e vou para o ponto de ônibus.

                         
  
Chego em casa por volta das cinco da tarde. Tomo um banho rápido e seguidamente vou para cozinha preparar algo para comer. Faço o que sei fazer de melhor na cozinha, uma lasanha a bolonhesa, também faço arroz e um suco natural de maracujá. Após terminar de comer, lavo a louça e sigo para o meu quarto, precisava estudar para as provas de semana que vem.

Enquanto estudava alguns conteúdos de física, escuto a campainha tocar desesperadamente, e me assusto. Desço as escadas correndo e abro a porta, me deparo com Marcos em prantos. Ele entra sem dizer nada e me abraça.

- Ele é um mostro. - Marcos diz em meio às lágrimas, ainda abraçado a mim.

Após longos minutos chorando, ele se acalma um pouco. Marcos se senta no sofá, seu rosto estava muito vermelho, provavelmente depois de tanto chorar. Vou para cozinha e pego um copo com água para ele e mando uma mensagem pra Verônica.

"Vem pra minha casa agora, Marcos está mal. A porta está destravada."

Deixo o celular na bancada da cozinha e vou para sala.

- Está mais calmo? - Entrego o copo com água para ele.

- Estou tentando.

- Vem, vamos subir para o meu quarto, mandei mensagem para Verônica, ela já deve está vindo. Vai ficar tudo bem.

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- Quer nos contar o que aconteceu? - Verônica perguntou a Marcos após abraçar ele. Ambos se sentam em minha cama, junto a mim.

- Eu vou tentar. - Marcos diz e lágrimas surgem novamente em seus olhos. Encosto minha cabeça em seu ombro e seguro sua mão, Verônica faz o mesmo no outro lado. - Eu cheguei em casa e como previsto, meu pai já tinha chegado da delegacia. Ele estava na garagem cuidando daquela lata velha que ele chama de carro. Interrompi ele dizendo que eu precisava ter uma conversa muito importante com ele e ele assentiu. - ele suspirou forte antes de prosseguir.- Comecei contando sobre o meu primeiro beijo com uma garota para ele, disse que meu primeiro beijo foi com 14 anos, com a filha de uma de nossas vizinhas, contei que quando beijei ela esperava sentir aquela famosa sensação de borboletas no estômago, só que com ela não tinha sentido nada disso, ele me interrompeu dizendo que não estava entendendo onde eu queria chegar com essa conversa, então pedi a ele paciência e que ele entenderia no final, então prossegui, falei que achei normal não ter sentido nada durante o beijo, talvez eu estivesse nervoso ou algo do tipo, só que depois de eu ter o meu primeiro beijo, fiquei com outras meninas e novamente não conseguia me sentir atraído por elas. Meu pai já estava ficando inquieto com toda aquela enrolação, porém continuava me escutando sem dizer nada, então tomei coragem para contar o verdadeiro motivo daquela conversa. Falei sobre aquela festa que fomos na casa do Noah ano passado, e contei que ali naquela festa eu fiquei pela primeira vez com um garoto, e todas aquelas famosas sensações de borboletas no estômago eu senti naquele simples e rápido beijo. A partir dessa revelação meu pai já não estava com uma expressão nada boa e parecia que ele iria explodir de raiva a qualquer momento, então eu continuei o que havia começado, falando por fim " Pai eu sinto atração por garotos, eu sou gay". Ele simplesmente me deu um tapa no rosto e disse que eu deveria ter morrido no lugar da minha mãe naquele acidente e que nunca aceitaria um filho "boiola". Após isso ele saiu de casa batendo a porta e eu vim para cá - ele chorava muito novamente. - Vocês tem noção do quanto isso dói? Saber que o meu próprio pai não me aceita do jeito que eu sou? Eu sempre fiz de tudo para agradar ele, sempre fiz de tudo para continuar sendo o filho perfeito, a minha opção sexual não me torna menos humano ou menos homem e ele deveria entender isso, ele é um monstro.

- Eu vou quebrar a cara daquele policial de merda, mal sabe ele que eu sei lutar capoeira. - Verônica diz bruscamente.

- Marcos. - segurei seu rosto e limpei suas lágrimas. - Você precisa se acalmar, o seu pai tomou as atitudes mais erradas possíveis, porém ele continua sendo o seu pai e você sabe que ele te ama. Fica calmo, de um tempo a ele para ascimilar tudo.

Horas se passaram após o ocorrido. Verônica já havia ido para casa e meus pais já tinham chegado do trabalho, expliquei a situação de Marcos para eles e perguntei se Marcos poderia passar a noite aqui, meus pais concordaram, contanto que o pai dele ficasse ciente.

Marcos estava dormindo em minha cama quando retornei para o meu quarto. Era horrível ver ele chorar e não poder fazer nada para arrancar essa dor dele.
Pego meu celular e mando uma mensagem para o senhor Ambrósio, pai de Marcos, avisando que ele passaria a noite aqui e que ele estava bem.

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Desculpa a demora leitores. Capítulo fraquinho, mas os próximos serão bem interessantes. Não esqueçam de dar estrelinhas.

O Professor EXato Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora