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Duas semanas haviam se passado desde que comecei a ajudar o senhor Somerhalder após as aulas e hoje seria o meu último dia de castigo. Desde o último acontecimento na sala dos professores, Antony e eu não comentamos sobre o assunto, conversávamos o necessário e algumas vezes trocavamos olhares, mas eu tentava evitar o máximo, já que Luana estava sempre atenta em cada passo nosso nas aulas de sociologia e reforço, como se estivesse vasculhando algo. Marcos e seu pai conversaram depois daquela briga horrível e o senhor Ambrósio se arrependeu do que tinha feito e dito, estava se esforçando para acompanhar esse novo ritmo de Marcos, eu sabia que no final tudo ficaria bem.

Meu armário está uma tremenda bagunça, como eu consegui deixar que chegasse nesse estado? "Só fiquei quase um mês sem limpar", sussurrei para mim. Aproveitei os minutos de intervalo e vim limpar ele, caso eu encontre algum bicho morto aqui dentro não vou me surpreender. Coloco o último papel na sacola que se encontrava em uma de minhas mãos e dou um nó na mesma, tranco meu armário e me assusto quando sinto mãos cobrirem os meus olhos, acabo soltando a sacola por conta do susto, por sorte já estava amarrada.

- Adivinha quem é? - Escuto sussurrar em meu ouvido, essa voz era muito familiar.

- Não acreditoooo. - Tiro as mãos dele que ainda estavam cobrindo os meus olhos e me viro, o abraçando forte seguidamente. - Como assim você voltou e não me avisou nada Guilherme? - Perguntei após me desfazer do abraço e dei um leve soco em seu braço, ele permaneceu imóvel.

- Queria fazer uma surpresa. - Ele sorriu e pequenas covinhas formaram em suas bochechas.

Por mais que pareça impossível, Guilherme estava ainda mais bonito, seu corpo que antes era magro, estava forte, provavelmente ele deve ter continuado jogando futebol em sua outra escola, ele também estava com um novo corte de cabelo, que valorizava os seus olhos castanhos e sua pele morena. Sempre em que saiamos, Guilherme costumava arrancar olhares e suspiros das garotas e isso me causava um certo desconforto, por mais que ele nunca havia dado atenção para nenhuma delas, pelo menos quando estava comigo.

- Vem, vamos aproveitar os últimos minutos de intervalo e conversar sobre os acontecimentos. - Guilherme diz me puxando. Pego a sacola do chão e deixo ele me conduzir.

Jogo a sacola em um dos lixos da escola, antes de irmos conversar em baixo de uma árvore que ficava próximo a quadra.

- E então, você não viria apenas no final de maio? - Pergunto a Guilherme que estava bebiriscando seu suco.

- Sim, mas minha mãe conseguiu resolver as coisas um pouco mais cedo no hospital em que trabalhava.

A mãe do Guilherme era neurocirurgiã e passava a maioria do seu tempo trabalhando quando morava aqui, mal tinha tempo para ficar com ele. Já o pai dele após se separar de sua mãe quando Guilherme ainda tinha doze anos, se mudou para o Canadá e se casou um ano depois, esquecendo de vez sua antiga família. Por mais que sua família fosse complicada, ele sempre estava com um sorriso no rosto e ajudando quem precisava, independente da situação e isso era o que eu mais admirava nele, sua bondade.

- Andou malhando né senhor Guilherme? - Ironisei e ele sorriu de lado.

- Pior que não, fiquei gostoso assim naturalmente. - Sorri alto. - Brincadeira, eu comecei a me dedicar mais ao futebol e a academia.

- Tinha até esquecido da sua alto estima elevada. - Escuto o sinal soando pela escola anunciando que o intervalo havia se findado. - Hora de voltar para sala.

- O que acha de irmos no Snacks após a aula? - Guilherme pergunta se levantando e estendendo a sua mão para mim.

- Você sabe que eu não dispenso comida, mas eu não vou poder ir, digamos que estou de castigo na escola após a aula. - Respondo me levantando com a ajuda de Guilherme e jogo a mochila sobre minhas costas.

- Então quer dizer que a Geovanna Mendes Avelar, a queridinha de todos os professores andou aprontando? - Colocou a mão na testa dramatizando. - Isso não pode ser verdade.

- Acontece nas melhores escolas, depois eu te explico o que houve. - Sorri. - Eu preciso ir agora, nos falamos depois. - Guilherme confirmou com um aceno e eu segui para a próxima aula.

O Professor EXato Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora