THE RED LINE

Two

— Tenho certeza que temos outros jornalistas para fazer essa entrevista.

— Mas você é a jornalista da equipe Maddie. A equipe foi designada pra esse projeto, vocês são os melhores profissionais que eu tenho aqui na revista.

Depois de ser traga de volta do meu devaneio particular por Mike, eu tentei de maneira falha não aceitar esse projeto. Bom, eu sabia que o procedimento correto era a equipe designada trabalhar junto, e até fui uma das pessoas que lutou pra que isso acontecesse ... odiava trabalhar sem a minha equipe. Mas de alguma forma essa foi a minha primeira tentativa de defesa para não estar de frente com ele, depois de 10 anos...

— Maddie, você sabe que as equipes designadas desempenham seu projeto juntos, inclusive foi uma das que lutou por isso. — Lisa me olhava intrigada enquanto fazia o favor de me reforçar que fui eu, uma das grandes influenciadoras do trabalho em equipes. 

"Que grande ironia o destino fazer eu me arrepender disso não é?!"

— Madison você é minha melhor jornalista, esse é um dos melhores projetos do ano. Não se fala mais nisso. — Cameron se levanta da cadeira onde estava em passos firmes, afirmando que sua opinião não seria mudada.

— É que eu só ... gente eu nem sei os trabalhos dessa banda. — Murmurei a ultima frase baixinho pra mim mesma, sabendo que não faria nenhuma diferença na situação mas tentando reforçar pra mim mesmo que era a desculpa ideal e o real motivo de eu não querer fazer essa entrevista.

Todos se retiraram da sala depois do anuncio do projeto. Eu sabia que não tinha outro jeito, mas eu realmente não estava pronta pra isso. Decido sair para fumar um cigarro, um hábito que eu tinha adquirido enquanto estava na faculdade, mesmo que isso me lembre um pouco Alex. Afinal um dos primeiros contatos que eu tive com cigarro foi na companhia dele, em alguma festinha ou algum pub dos quais íamos juntos quando éramos mais novos. 

A Rolling Stones funcionava na cobertura de um grande complexo empresarial. O que nos permitiria desfrutar de uma grande varanda, com algumas cadeiras e conchas de vime. Vez ou outra usávamos para fazer entrevistas mais reservadas ali, e quando não tinha nenhum projeto acontecendo era a área de lazer dos funcionários. Tinha algumas plantas e era toda envolta de uma mureta de vidro. Era lá onde eu iria para fumar e espairecer antes de voltar para minha sala.

Vou até o lado de fora, e sinto a brisa fresca bater em meu rosto, além de várias memórias que não eram remexidas em dez anos aflorando na minha mente. Tiro um maço de camels da bolsa, junto com um pequeno isqueiro azul claro como o maço, e então o acendo com uma mão na frente protegendo o fogo do vento, seguido de uma longa tragada. Lisa se apoia na mureta e me pede um trago. 

— terça de tacos hoje, que tal almoço juntas? — Lisa me pergunta com o cigarro entre os dedos.

— Claro, podemos ir no taco bell da avenida. — Respondo sem tirar os olhos do horizonte.

— Sim, e conversamos sobre o porque de você evitar o projeto do Arctic Monkeys. — Lisa me entrega o cigarro e agora está de lado virada em minha direção com o olhar interrogatório.

— Céus ... eu só... eu só não conheço o trabalho da banda ok? — Reviro os olhos enquanto respondo Lisa e me ponho frente a ela agora. 

— Se esse é o motivo, está resolvido, faremos um intensivão a noite na sua casa, e você vai ouvir todos os trabalhos deles ... acho que se eles são a banda da década deve ter um motivo né? os caras são bons. — Lisa se deleitou em elogios a banda.

— Tá bem, tá bem Lisa, a noite nós ouvimos ok? agora vamos voltas pras nossas salas, parece que temos muitas coisas a se discutir sobre o "projeto do ano" — Eu disse esvaziando minha boca com a fina fumaça branca do cigarro e o apagando em um cinzeiro que tinha dispostos em uma das mesinhas perto dos bancos de vime.

— se você quiser me ajudar amanhã, preciso buscar a roupa que os meninos usarão no editorial.

— Tudo bem, depois que acordarmos passaremos na lavanderia então.

— Ânimo Mad, pelo menos nos iremos para a after party depois da premiação dos monkeys. — Lisa me fazia cocegas na tentativa de me animar.

— Depois da entrevista conversamos sobre isso. — Lisa mais alta que eu então me da um beijo na testa e nós vamos cada uma para sua sala. 

O resto do dia passa normal. Continuei dando andamento a outros projetos da semana, já que a entrevista com o arctic monkeys seria só na sexta feira, e eu ainda tinha alguns trabalhos não terminados. No final da tarde eu e Lisa, saimos da revista e passamos em uma pizzaria pra levar algumas pra casa e comer enquanto faziamos o que Lisa havia chamado de "intensivão" sobre o arctic monkeys, afinal, eu realmente não sabia mais deles, desde que voltei da Inglaterra, e devo admitir que preciso de informações pra fazer a entrevista.

Assim que chegamos em meu apartamento, eu coloquei as caixas de pizza em cima da mesa de centro da sala enquanto Lisa, configurava o youtube na minha tv. Um videoclipe em preto e branco começa a rolar em tela inteira e aparentemente a música em questão se chama "R U mine?" O clipe começa com um Alex de cabelo cortado e poderia dizer que perfeitamente penteado para trás não fosse alguns fios do topete caindo graciosamente em sua testa, além do que no vídeo ele usa camisa preta e óculos escuros que o deixa extremamente charmoso ainda que aparentemente o clipe se passe a noite. Ao lado dele dirigindo posso reconhecer a figura de Matt que continua exatamente igual ao Matt que eu conheci, senão pelos cabelos também muito bem cortados. No banco de trás um cara que eu não reconheço com o cabelo na altura do pescoço e olhos claros está sentado entre duas lindas modelos, acredito eu, de mascara. O vídeo se passa dentro de um carro, quase todo o tempo. Sinto falta de Cook no vídeo, mas ele aparece em uma tela de tv no final, fico me perguntando o porque.

Lisa está comendo na maior naturalidade possível, e eu estou embasbacada com o homem na minha televisão, completamente diferente do Alexander Turner que eu conheci em Sheffield há alguns anos atrás. Totalmente atraente. Sinto meu corpo formigar por inteiro. É como se ele ainda mexesse comigo. Ou talvez ainda mexa mesmo.